Doçura

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- Quem pergunta tudo bem e não espera pela resposta? – diz ele fazendo graça.

- Todo mundo faz isso o tempo todo. Agora, sinto dizer que jamais vi um cara sorrindo estando algemado em uma sala como essa. Nem eu sem algemas, gosto de ficar aqui.

- Salas como essa são meu santuário. – ele permanece sorrindo.

- O que você quer comigo? – cruzo os braços.

- Como sabe que quero algo de você? – ele se encosta na cadeira.

- Você foi pego tendo uma conversa com algum ser misterioso citando meu nome. E tenho certeza que quando veio pra essa sala sabia exatamente o que esperar. Se você for direto ao ponto eu agradeceria muito.

- Tire minhas algemas e te conto tudo que quiser. – ele balança as mãos, deixando que as algemas façam barulho contra a madeira.

- Você faz isso parecer um acordo quando na verdade quem quer algo de mim é só você. Eu estava tranquila em minha casa sem saber sua existência.

- Ouch. Essa doeu – ele diz, ainda sorrindo.

Será que esse cara só sabe fazer isso? Ou...

- Você não sente dor de tanto manter esse sorriso na cara não?

- Nem um pouco. – ele diz rindo desta vez. E eu reviro os olhos com toda essa conversinha sem sentido que estamos tendo aqui embaixo.

- Qual é o seu nome? – permaneço com os braços cruzados e a cara fechada.

- Charles mas prefiro que me chame de Chaz.

- Você já sabe o meu nome então podemos pular para a parte em que você me diz o que quer, concorda Charles?

- Você é bem grossinha não acha? – ele diz apoiando o tornozelo em sua perna esquerda.

- É o que eu sempre digo pra ela – diz Nathan atrás de mim, ressurgindo das cinzas e me assustando, mas não permito transparecer em minha expressão.

- Vamos Charles, preciso participar de um racha ainda hoje, então se puder agilizar eu agradeço.

- Eu já disse, só vou dar informações se tirar minhas algemas.

E só porque estava sem paciência para toda aquela cena que ele estava fazendo, eu me levantei e disse para ele

- Então acredito que você ficará aqui por um longo tempo. – Peguei a cadeira e estava a dois passos da porta, recebendo olhares chocados dos dois homens presentes, quando Charles Somers resolve ser inteligente.

- Espera doçura. Senta ai e eu te conto tudo. E depois você me libera.

- Se eu quiser, docinho. E se você me pedir do jeitinho que sua mãe te ensinou. – pisco para ele e me sento novamente.

- Uii que ela é brava demais. – ele espera uma réplica, mas eu apenas continuo calada à espera de sua explicação. Finalmente vejo ele tirar o sorriso de seu rosto, respirar fundo, coçar os olhos e por fim ele continua – Eu trabalho em São Francisco, Califórnia, para Justin Bieber. Você já ouviu falar?

- Sim. – digo apenas isso, querendo que ele chegue ao cerne da questão.

- Bom. Seu pai trabalhava para nós como um de nossos motoristas. Infelizmente, para todos nós, ele sofreu aquele acidente. Você sabe que foi assassinato, certo?

- Sim.

- Então, meu chefe quer vinga-lo e me trouxe até aqui para que eu a convença a nos ajudar com isso. Ele achou que seria o mais certo com você. – Ah então o filho da puta decidiu dar uma de gentil? Me poupe!

- Você não precisa ser sutil Chaz. Sei que meu pai era motorista de fuga de vocês. Sei que seu chefe mexe com milhares de coisas ilegais, que nem vale a pena citar cada uma aqui. E também sei que ele é frio o suficiente para não dar a mínima para o que é certo ou errado. Afinal se ele ligasse pra isso não estaria nem nessa vida, certo?

- Sim, mas...

- Então vou nos poupar do seu discurso/propaganda. Vá direto ao ponto e me diga exatamente o que o seu chefe quer de mim. Okay? – ele olhou por um longo tempo em meus olhos e vendo que eu não era o tipo de garotinha que ele encontrava por ai decidiu, depois de um longo tempo, ser direto.

- No início ele quer que você participe de rachas com a gente. Ficamos sabendo que você já participou de alguns. Depois vamos ir treinando você para o resto. Ele quer que você participe da equipe de confiança dele. Não só para vingar seu pai, mas também como um agradecimento por todas as coisas que Johnny fez por nós.

- Não preciso que vocês me treinem para merda alguma. Sei de tudo que preciso. Johnny Evans era mais do que o motorista de babaquinhas.

- Natalie deixa de ser cabeça dura, não precisa ser assim.. – O que ele diz, juntamente com a mão de Nathan em meu ombro me faz reparar o quanto exaltada eu fiquei com esse discurso que para mim não passa de falsidade. Decido respirar fundo e me acalmar para não cometer nenhuma bobeira e desperdiçar uma chance tão boa para meus objetivos.

- Posso ir Chaz, tenho algumas coisas para fazer em São Francisco então não será um problema ver se vale a pena me juntar ao Bieber. – ele descruza as pernas, e volta sorrir, estando todo animado novamente.

- Ótimo. Você é inteligente Natalie, sabia que ia tomar a decisão certa.

- Sabe Charles, eu odeio muito quando ouço essa frase da boca de homens. Sou inteligente por estar com a mesma opinião com você, mas se eu tivesse tomado uma decisão contraria a sua seria burra?! – ele ficou perplexo por uns segundos e depois começou a rir.

- Eu já vejo as tretas rolando naquela casa. Estou me divertindo só de imaginar você e o Bieber no mesmo cômodo.

- Também estou ansiosa para conhecer seu chefe oficialmente.

- Ele também está, Natalie. – balanço a cabeça em sinal de concordância, ainda assimilando tudo. Me levanto, pego a cadeira e me dirijo para a porta, vendo que Nathan já não está mais conosco.

- Ei cara, você sabe com quem está a chave das algemas? – falo com um dos homens presentes no corredor.

- Está com o Nathan, e ele subiu lá em cima para resolver um problema. Mas disse que vai voltar rápido.

- Entendo. – Devolvo a cadeira para que ele se sente e agradeço – Obrigada.

Me encosto no batente da porta e cruzo os braços, esperando por Nathan. Fecho os olhos e tento concentrar em minha respiração, mas o batuque dos dedos de Chaz não ajudam nem um pouco.

- Ele é seu namorado? – Chaz me pergunta

Downfall of BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora