Preparação

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Arius

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Arius

Devia ter trazido um casaco.

Não me preocupei porque foi um dia relativamente quente, não pensei que ficaria a bater os dentes.

Também não pensei que estaria aqui a esta hora.

Mentira. Pensei sim.

É aqui que tenho estado nestes dias, ou melhor, nestas noites geladas.

É engraçado como uma pessoa se sente tão segura em casa, rodeada por um muro. A verdade é que a segurança é só uma ilusão, qualquer pessoa saberia onde ela mora, subiria o muro, olharia pela janela aberta.

Como ela pode ser tão ingénua, nem sequer olha pela janela, nem sequer se sente observada.

Estou bem aqui, não me estou a tentar esconder de todo, qualquer pessoa com dois dedos de testa me conseguiria ver, mas ela nunca o fez.

Hoje controlo a minha raiva, apenas hoje, porque ela merece. Não está com cabeça para pensar em mais nada senão a sua mãe.

Arrependi-me de lhe ter tirado o celular da mão no momento em que recebi a notícia em vez dela, é algo que ela devia ter ouvido de uma voz que conhece bem. Não através de mim.

Achei curiosa a sua reação, inicialmente os olhos arregalados, depois quando esperava um grito de dor, umas lágrimas de sofrimento, obtenho... nada.

A única diferença que vi foi nos seus olhos, antes abertos com a surpresa, suavizaram e se tornaram vazios. Como se de repente alguém tivesse apunhalado o seu coração e no segundo seguinte a ferida tivesse curado. É como se nada tivesse acontecido.

Foi demasiado estranho.

E essa é a razão principal que me trouxe aqui.

Tive que sair da casa dela, tanto porque o Bo não ia entender ou ser sensível com esse tópico como porque ela pediu.

O meu primeiro pensamento foi, o que posso fazer por ela?

E a resposta veio na minha cabeça, nada.

Quem é ela? Uma garota que vi a ser atacada e ajudei, uma garota tola que pensou que o Kaydon fosse uma boa pessoa, alguém em quem o Bo confiou com o seu segredo, a pessoa que nos acolheu na sua casa mesmo depois de saber o que somos só para poder ajudar o Bo, até percebeu as minhas necessidades e respondeu a elas sem problemas.

Isso não faz dela uma pessoa próxima.

No mínimo uma conhecida.

Pensava que me podia ver livre dela quando o Bo entrou no estado de recuperação, mas ela insistiu e eu só mantive contacto porque o Bo disse que a sentiu.

Ele ainda era pequeno, mesmo agora ainda não controla o seu poder bem, eu acho. Não deve ser fácil distinguir-nos de humanos. Mesmo assim ele a sentiu, falou com ela, deu o primeiro passo.

BruisanOnde histórias criam vida. Descubra agora