DOZE

14 4 2
                                    

Assim que a equipe voltou e Gael se apresentou no escritório dando mais algumas informações, pedi licença e me retirei da sala. Precisava saber como os bebês estavam, mesmo com o chefe dos enfermeiros garantindo que estavam bem, com alguns arranhões mas bem.

Cruzei alguns corredores antes de ouvir passos apressados atrás e Zoe aparecer ao meu lado um pouco corada.

- Vou com você. Natasha está na enfermaria, se ofereceu pra ajudar. – falou empolgada. Zoe Bolton estava feliz com uma amiga... Talvez a primeira amiga de verdade em algum tempo. Não lembro a última vez ou a última oportunidade que ela teve de conversar com pessoas fora do Anexo, ou fora da área militar.

Sorri, feliz com a felicidade da minha irmã. Seguimos o restante dos corredores e descemos as escadas tranquilamente. Ao menos eu estava tentando me concentrar nas crianças que encontraria e não nas crianças mutiladas naqueles freezers.

Você nunca fará justiça com suas próprias mãos, seu dever é apresentá-los e expor seus erros. Deixe que os superiores cuidem das punições. Senhor Otto e suas filosofias.

Quando chegamos à enfermaria, me apresentei ao vigia da vez pedindo informações sobre onde os bebês estavam. Um quarto próximo, juntos ao menos.

- Ah! – exclamei, voltando-me para o guarda. – Onde está a menina?

- Estão juntos. Ela não quis sair de perto deles.

Afirmei com a cabeça. Isis devia estar há algum tempo com aqueles bebês, isso explicaria qualquer proteção que quisesse exercer ainda sobre eles.

Ao abrir a porta, Zoe olhou-me rapidamente com o cenho franzido e um sorriso duvidoso nos lábios. Na curiosidade, avancei, levando Zoe comigo ao passar de vez pelo portal.

Parei quando vi o garoto loiro sentado em uma cadeira na parede oposta brincando com Isis. Brincando. A menina não trocou mais que uma frase comigo e lá estava ela, gargalhando para Peter enquanto tentava acertar as mãos estendidas dele, que desviava com facilidade das mãozinhas pequenas e pálidas.

- O que está fazendo aqui? – os dois me encararam, passando o olhar por Zoe e depois voltando-se para mim.

- Já percebeu que isso é o que você mais me pergunta? Nada de um "Boa noite, Peter. Como está indo?" ou "Oi, gato. Está afim de dar uma volta?" – rolei os olhos.

- Não podemos dar uma volta, gato. Mas você pode me responder o que, exatamente está fazendo aqui.

- Natasha falou sobre os bebês. Quis ver como estavam e acabei fazendo uma amiga. – Presenciei Peter Evans virar para Isis e soltar-lhe uma piscadela. A menina sorriu timidamente em resposta e abaixou a cabeça. Virei um pouco a cabeça... Então quer dizer que ela confiava facilmente em um menino bonito.

Zoe sorriu para a pequena e voltou-se para Peter, perguntando o paradeiro de Natasha. Quando conseguiu a informação, saiu rapidamente do quarto.

Segui na direção dos bebês que estavam nos berços próximos. Todos praticamente com a mesma quantidade de vida. Antes de sairmos do escritório, Zoe já tinha encontrado a família de três deles. Parei no espaço entre dois berços e estiquei a mão para brincar com o menino da direita. Um pequeno de cabelinho enrolado e olhos grandes me encarou... e sorriu.. Aquele sorriso sem dentes mas com muita inocência. Eu faria de tudo, mataria e caçaria todos se preciso, todos que fizessem algum mal para uma daquelas pequenas bolas de fofura.

O garoto estendeu os bracinhos e me permiti a regalia de pegá-lo no colo. Seus dedos se enrolaram em meu cabelo preto e ele levou as mãos à boca. Uma gargalhada escapou conforme retirei o cabelo de suas mãos, com cuidado para não cortá-lo. Ele estava desperto, bem e saudável. Uma sensação quente e acolhedora se instalou em meu peito, levando-me a contempla-lo por mais alguns segundos.

Sou eu ou elesOnde histórias criam vida. Descubra agora