O sangue que escorria estava se misturando com a água, tingindo-a de vermelho. Minha coxa estava latejando de dor e minha vontade no momento era de gritar.
Saí do banheiro tentando inutilmente enxugar o sangue que teimava em sair do meu corpo. Em volta dos pontos que havia dado, minha pele estava avermelhada e inchada. Não poderia vestir uma calça apertada daquelas nem se quisesse. Então fui atrás de alguma coisa mais frouxa.
Enrolei o máximo de atadura que consegui sem que fizesse volume e chamasse atenção. Vesti a calça sentido meus olhos encherem de água pelo contado do tecido com a pele. Mas que grande porcaria...
Ainda podia sentir o sangue brotando do rasgo idiota, com certeza chegaria ao tecido da calça. Por sorte, seu tecido é preto e não chamaria tanta atenção.
Amarrei o cabelo e sai do quarto, seguindo na direção da sala de reuniões, determinada a suportar as pontadas de dores todas as vezes que movia a perna. "Não demonstre sua fraqueza."
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Estávamos reunidos há quase uma hora e meia e eu não aguentava mais a dor vinda da coxa. Minha cabeça estava girando e a garganta seca. Precisava ir para o quarto urgentemente dar um jeito no ferimento, com toda certeza estava perdendo muito sangue.
Nesse momento quem falava era Gael. Explicava como conseguiu liberar os reféns no colégio com ajuda da polícia local. Eu já tinha dado meu "depoimento" e por isso queria ir embora.
Levantei-me sentindo a sala rodar e me forcei a ficar um tempo parada, apoiada na cadeira.
- Tudo bem? – perguntou Zoe, tocando meu braço levemente. Balancei a cabeça, concluindo que não foi uma boa ideia pois só piorou ainda mais a tontura.
- Só preciso de um pouco de água. – tentei sorrir.
Caminhei em direção ao bebedouro fazendo o máximo de esforço possível para não mancar nem chamar atenção.
Minha visão foi ficando turva e a capacidade de não chamar atenção estava fora do meu alcance no momento. Senti suor escorrendo pela coluna, o que era estranho já que estava com frio. Eu só precisava chegar ao bebedouro...
Meu único desejo no momento foi esquecido quase que imediatamente. Caí quase de cara no chão. Ainda tive forças para impedir que meu rosto colidisse com o piso cimentado e ouvi minha mãe gritar meu nome enquanto braços me rodearam e ergueram meu corpo do chão. Foi nesse exato momento que permiti que dor me vencesse e apaguei.
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Eu realmente estava tentando abrir os olhos. Se não fosse pela luz forte do lugar, já teria feito isso a alguns segundos atrás.
Quando finalmente consegui, percebi um tubo conectado à uma bolsa de sangue que o ligava diretamente à minha veia. Outro tubo também fazia com que uma espécie de soro entrasse por outro conector.
- Você definitivamente não sabe se cuidar, tenente. – falou Gael, levantando de uma cadeira do lado esquerdo da cama.
- Foi um pequeno vacilo. – argumentei.
- Pequeno vacilo? Se você ficasse mais trinta minutos naquela reunião perdendo sangue, agora estaria deitada em um caixão com seus pais chorando em cima!
- Não seja exagerado! – sentei-me na cama facilmente. As dores haviam sumido, graças aos remédios que provavelmente aplicaram. – A parte do caixão pode ate ser verdade, mas duvido muito dona Louise e senhor Otto estarem chorando em cima. – brinquei. – Além do mais... é uma forma muito sem graça de morrer.
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Sou eu ou eles
AksiyonUma garota em uma missão com sua equipe completa e treinada só quer guerra com quem está lhe dando tanta dor de cabeça! Gabriela Bolton está totalmente focada em descobrir os motivos por trás de tantos sequestros de bebês em sua cidade. A cada resg...