CATORZE

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Sentindo o vento acariciar levemente minhas bochechas, balancei minhas pernas que estavam penduradas para o lado de fora do telhado do Anexo.

Depois da sala de tiro, este é o meu lugar preferido de todo o lugar. O primeiro me ajuda a calar o barulho dos meus pensamentos quando estão fora de controle, abafando-os com o som dos tiros. Aqui em cima, posso me concentrar neles quando quero. Calmo e silencioso, principalmente a essa hora da madrugada.

Logo depois de sair novamente do escritório, com meus pais dirigindo-se ao quarto deles, me recusei a dormir. Com certeza a imagem daqueles freezers não me deixariam tão cedo, então se fosse para passar todo o restante da noite me revirando na cama, preferiria ficar acordada e contemplar o nascer do sol.

Não estava muito longe de acontecer agora, o céu já mudava levemente de tom, preparando-se para o espetáculo de luzes a seguir. Na minha opinião, mais bonito e intenso que o nascer do sol, somente quando o mesmo se põe.

Inclinei a cabeça para trás, inspirando a brisa suave que me abençoava com seu frescor. Passar algumas horas assim se tornou revigorante. Estar sozinha era revigorante.

Ouvi alguns passos atrás de mim, mas pelo ritmo, não era emergência e muito menos perigo. O cheiro do perfume de Zoe a entregou antes que ela sentasse ao meu lado, posicionando os pés para fora também.

- Está bem tarde para estar acordada, hein?

- Está bem tarde para você também. Teve um dia longo, Gab.

- Não consegui dormir. Não é novidade. – voltei o rosto para minha irmã. Ela encarava a copa das árvores adiante com uma ternura admirável. Seu cabelo parecia ter sido amarrado às pressas e o rosto estava um pouco inchado pelo sono. – Por que está aqui?

- Fui ao seu quarto, queria deitar com você. – ela me olhou com um sorriso brincalhão nos lábios. – Conversar quem sabe. Mas como você não estava, vim procurar.

Balancei a cabeça, mostrando que tinha entendido, e voltei a encarar a imensidão azul escura.

- É um bom lugar para passar o tempo. – comentou.

- É mesmo.

Com minha resposta tranquila, ela voltou o corpo em minha direção, encarando-me enquanto inclinava a cabeça para o lado. Ficou assim por um tempo, até que estranhei sua postura.

- O que foi? Quer falar alguma coisa?

- Você aceitou muito rápido o lance de termos que treinar os Evans. Teve só uma contestação. É por conta da volta do papai? Ou está querendo passar mais tempo com o Peter?

A encarei com o cenho franzido.

- O quê? Ficou doida? Claro que não. – Zoe Bolton simplesmente riu de mim.

- Relaxa, eu estou brincando! Suas reações são muito boas.

Empurrei seu ombro de leve, fazendo-a rir um pouco mais e me permiti um leve sorriso.

- Idiota...

- Mas, falando sério agora. Por que aceitou tão rápido? Se tivesse sido a mamãe a falar, terias feito um escândalo.

- Escândalo? Eu não faço escândalos menina.

- Ah não. Com certeza não. – seu olhar lançado em minha direção foi irônico.

Suspirei e ri um pouco mais de sua expressão.

- Aceitei porque não queria contestar o pai agora. Ele já deve estar com muita coisa na cabeça. – Zoe resmungou algo em concordância. – Mas vou dar um jeito de fazê-lo desistir em menos de uma semana.

Sou eu ou elesOnde histórias criam vida. Descubra agora