CINCO

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Uma... Duas... Três batidas bruscas na porta, ainda não conseguiram derrubar o pequeno armário que afastamos para impedir a entrada de qualquer um.

- Não vai aguentar muito tempo. – falou Peter, me encarando visivelmente preocupado.

- Fique quieto. Apenas atire no primeiro que entrar.

Aquele banheiro era uma droga! A única janela para ventilação que tinha era pequena demais. Eu passaria tranquilamente com a grande ajuda da minha estatura, mas Peter era grande e estava fora de cogitação deixa-lo para trás.

Ouvimos mais uma forte batida na porta e enfim o armário cedeu, abrindo-a bruscamente. Peter atirou no primeiro que entrou e avancei com o punhal em mãos, rasgando a garganta do segundo. Mais tiros foram ecoando pelo banheiro e em pouco tempo, cerca de doze corpos estavam caídos e ensanguentados no chão do banheiro. Alguns perfurados por tiros e outros com as gargantas dilaceradas ou um grande buraco no crânio.

Peter estava parado analisando o estrago que fez. A primeira morte causada por você pode ser bem traumatizante.

- Eu não...

- Foi em legítima defesa. – falei puxando-o para fora e tomando a pistola de sua mão. – Não vai ser preso nem acusado de nada, são criminosos e estavam tentando matar você. – conclui, verificando a quantidade de munições que ainda tínhamos.

Pouca... precisávamos sair dali, e rápido.

Devolvi a arma para ele. Sua mira poderia não ser perfeita, mas era boa e confiável.

Procurei não dizer mais nada durante o resto do caminho. Já estávamos quase alcançando a porta quando Peter me puxou para a esquerda me prensando contra a parede com seu corpo.

- Mas o que... – comecei, tentando afastá-lo, mas ele se manteve no lugar e tapou minha boca com a mão livre.

Ele apontou com a cabeça uma dupla armada que acabara de dobrar no corredor vindo em nossa direção. Percebi que Peter nos escondeu atrás de uma coluna grande o bastante para nós dois.

A dupla passou por nós sem notar nossa presença, e suspirei quando sumiram no final do corredor.

- Obrigada. – Preste mais atenção se não quiser morrer.

Continuando o caminho, abri a porta esperando encontrar mais deles do lado de fora, mas estava deserto. Nem os alunos que fugiram estavam ali.

Analisei o estacionamento da parte de trás da escola por mais um tempo até voltar a correr, agora em direção ao carro estacionado não muito longe, mas lembrei que a chave ficara com Gael. Parei, procurando o celular no bolso e discando o número de Gael.

- Onde está? – perguntei assim que ele atendeu.

- No auditório. Fizeram alguns reféns, Gabriela. E adivinha? Querem a cabeça de um certo babaca. Estou tentando tirá-los daqui de dentro, e vocês?

- Já estamos no estacionamento, mas a chave está com você. Acho que vou pegar uma moto aqui e...

- Não! É perigoso soar alarme se você roubar. – falou com um tom apressado na voz.

- Mas é perigoso ficar aqui fora esperando, Gael. – retruquei, estranhando seu pedido. Ele nunca me pediria para esperá-lo.

- Gabriela, espere. Já saio! – dito isso, ele finalizou a chamada.

- O que vamos fazer?! – perguntou Peter, me encarando ansioso.

- Ele pediu para esperarmos... – parei de falar assim que percebi um grupo vindo em nossa direção pela entrada do colégio. Eles estavam vindo rápido demais, armados. – Mas que droga! – praguejei, já puxando Peter na direção contrária.

Sou eu ou elesOnde histórias criam vida. Descubra agora