Sexta-Feira

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Eu havia voltado para o reformatório, entrei sorrateiramente voando pelos fundos do prédio de dormitórios, entro pela janela e escondo as asas, o quarto estava do mesmo jeito que eu havia deixado quando eu e ... Jonnhy... Havíamos estado lá felizes e tentando refazer tudo aquilo.

O sol já havia nascido por completo no céu. Na tarde de Quinta-Feira eu havia perambulando minha mente em busca de vestígios de onde podia ser a casa do feiticeiro Baltazar, eu queria o encontrar por mais que ele fosse amigo de Jonnhy. Pensar no nome dele ainda doía.

Me deito na cama sentindo o perfume dele ainda surpreendentemente empregnado nos lençóis, eu estava cansada demais, não havia notado que da porta do banheiro saia uma faísca de luz fluorescente, me levanto rápido e  vou na direção por onde eu havia entrado, mais infelizmente o porta retrato cai, se espatifando no chão, o barulho estridente contra o piso faz com que Jonhy saia do banheiro com a toalha enrolada na cintura, eu não fico ali por muito tempo, vislumbro o olhar dele e seus dedos querendo tocar minha pele, não dou chance e saio voando.

Lagrimas entorcepecem minha visão. Só então percebo que entro na floresta, depois de sentir o cheiro da grama orvalhada pela madrugada, desenhos verdes dançavam em minha frente, pisco varias vezes espantando as lágrimas ainda brotando empetuosamente de meus olhos.

Pouso devagar caindo de joelhos no chão e sendo arrastada por outra corrente de ar. Olho pra trás e vejo jonhy, suas enormes asas brancas, impactantes, ele realmente parecia filho de anjo. Realmente parecia ser um anjo e ele era. Vestia uma bermuda jeans apenas, parecia ter pego a primeira coisa e vestido em tempo record, ela estava até do lado avesso.

- Samantha, você não pode fugir... Sabe que não pode. - seu tom era duro, pais com uma pontada de dor.

- Não sabe o quanto isso dói em mim... Jonhy sou uma aberração! - sem querer minha voz sai de aguda para um grito.

- Você acha que não dói em mim também?! Acha que não estou sofrendo com isso? - ele passa as mãos pelo cabelo os levando pra trás, seu rosto era um misto de desespero e confusão.

- Não quanto a mim.

- Não quanto a você? Esta ouvindo o que esta dizendo? Ta raciocinando antes de despejar tudo em mim? Você só pensa em você! .

Jonnhy explode, eu apenas o olhos ficando com cada vez mais ódio.

- Sabe... Sabe como é perder um filho?! Sabe qual é a dor de se sentir vazia? Sem aquele calor dentro de você?, não! Não sabe! Essa droga de sangue. Jonnhy minha mãe corre perigo! Eu quero e preciso ajudar ela, ela vai pro inferno! Meu pai já tem a pena que pode levar ela direto pra lá, como ousa que dizer que só penso em mim?! Eu vou me ENTREGAR  pra salvar a vida dela, faria a mesma coisa por você.

- Faria mesmo? Eu vi você aos beijos com Aquele cara dos cabelos brancos! Vi vocês dois! E como me senti?! Ta na cara que você ama ele. Que eu sou, ou melhor era um brinquedo.

- Uma brinquedo?! Ta maluco! Como eu realmente pude te amar? Pude te dar a coisa mais importante que uma garota tem, e por que? Achei que fosse pra sempre, achei que eu poderia ter alguém do meu lado mais não, você acaba de sair dos meus planos

- Você nunca esteve nos meus - ele fala de uma maneira fria.

Meu sangue gela.

- Que ótimo, no fim das contas temos uma relação de primos mesmo.

Não fico para ouvir mais nenhuma palavra, aquilo que Jonnhy disse havia me doído tanto, saber que aqueles planos que ele falava... Nosso casamento... Ah o nosso casamento, que pra mim estava tão longe de se alcançar agora

Abro as asas e saio pelo bosque, o ar estava quente e queimava minha pele a deixando vermelha na hora. Uma mudança eu estava precisando de uma mudança. Chego perto de uma cidade e pouso, vou andando devagar para não levantar suspeitas. Avisto uma lojoa de carrões, quem precisava de dinheiro quando se tinha o truque da mente? O que o cérebro vê os olhos acredita.

Entro primeiro numa loja de carros, mais que rápido faço o vendedor me mostrar a ala dos carros importados. No fim acabo comprando uma Ferrari preta conversível 2015, já saio da loja acomodada no meu novo veículo. O segundo passo é o visual, avisto um salão de cabeleleiro, saio de lá com os cabelos que antes eram ruivos e até a lombar e que agora estavam pretos e até a cintura. Na loja de roupas comprei tudo que havia de couro, preto, rebelde e metálico, alguns adereços como um óculos de sol e jóias negras, troco de roupa por lá mesmo, colocando uma saia de couro preta e um corpete de renda também preto. Mais que depressa mudei meu estilo de mocinha comportada a rebelde de antes. Pircings na sobrancelha, lábio, septo, nariz e umbigo completavam minha nova identidade.

Entro no carro novamente e vou a procura de Baltazar Black, em seguida daria uma palavrinha com meu “papai querido".

Srta. SparksOnde histórias criam vida. Descubra agora