Chegada ao Internato

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Meus sapatos já estavam cobertos de lama, eu não ligava, já não ligava para nada desde que tudo ocorreu e a partir daí meus dias se resumiam em um céu nublado e tempestuoso, como se ao redor o sol raiasse e acima de mim raios e trovoadas cantassem furiosos aos meus ouvidos, afinal eu estava sozinha no mundo, e pelo que parecia, estava sozinha ali também. Meus olhos percorrem toda a extensão daquela construção antiga, um belo prédio do que parecia ser do século IXX. Olho para trás e o motorista já havia carregado as malas para fora do porta-malas. Eu pago com duas notas esmagadas de 10 dólares, ele torce o nariz e as pega com um pouco de receio, o homem esquelético volta para o carro e sinto o vapor quente nos meus pés, logo depois sai em disparada rumo a auto estrada que me separava do mundo agora.

A caminhada não era longa, pego minhas malas e começo a andar e analisar o lugar a minha frente, os portões gigantescos dignos de filmes clássicos de terror, estavam abertos. Mais a frente havia uma sinuosa entrada com duas portas de madeira, também estavam abertas uma para cada lado no meio da construção, a luz amarelada que provinha de dentro do cômodo estava acesa indicando o funcionamento do local, era cedo demais. Entro no saguão ofegante por ter carregado as malas numa distância de quinze metros, sim, eu sou sedentária. Uma mulher de cabelos na altura dos ombros, no máximo de 1,50m e gordinha me esperava atrás do balcão da recepção, parecia estar mergulhando de cabeça numa matéria do jornal local e não prestava atenção em nada a sua volta. Pigarreio quando vejo que ela não havia notado minha presença, ela ergue o olhar lentamente e me oferece um sorriso, eu o retribuo forçando.

- Quarto 44, no segundo prédio - Ela diz isso e se levanta, um rapaz vem logo em seguida, ele pega minhas malas e anda em minha frente. De onde foi que ele saiu? - ele ira acompanha-la até seu quarto.

Dizendo isso ela volta ao seu lugar e o que me resta é seguir o rapaz que estava em disparada, ele atravessa o jardim e sobe as escadas, o observo, eu estava apenas com minha guitarra, e já estava ofegante imagine ele com todas aquelas malas, mais ele nem aprecia notar o peso. O garoto não parava de correr, foi difícil conseguir acompanhar ele com suas pernas esguias, um passo dele era o equivalente a dois meus, nem pude notar nada que me cercava, se eu não fosse rápida o bastante iria me perder dele.

O garoto para na frente de uma porta marrom e coloca as malas no chão, destaca um bolo de chaves do bolso e retira uma, abre a porta e coloca as malas lá dentro, nesse mesmo instante eu entro no quarto, ele sai fechando a porta. O quarto era ate que bonito, uma cortina azul na parede da janela, uma cama de casal, um armário e uma escrivaninha, um banheiro ao lado, ah que maravilha, a luz está queimada, abro a porta achando que o rapaz ainda pudesse estar no corredor, mas ele havia sumido igual poeira. Coloco minhas roupas no armário e minha guitarra na cama, meu skate debaixo da mesma e minhas coisas no criado-mudo. Saio a procura do que fazer, afinal as aulas só começariam dali 2 dias.

Srta. SparksOnde histórias criam vida. Descubra agora