Srta. Sparks

Sexta-feira (parte dois)

Pego a direção de onde meu coração me levava, eu estava aflita, meu peito afundava de medo por não conseguir encontrar a casa, ao longo do percurso tento raciocinar meus pensamentos.

Primeiro, as asas de minha mãe seriam arrancadas no Domingo as 5:00 da manhã, eu precisava dar um jeito de roubar a pena de minha mãe do inferno, mas isso seria depois que eu desse um jeito de tirar ela da prisão. Precisava falar com Baltazar, ele podia muito bem saber onde eu poderia encontrar um anjo que havia caido recentemente. Precisava descobrir como entrar no céu, como chegar nas prisões e precisava de distração para tirar minha mãe de lá.

O meu plano estava quase bem arquitetado quando, por força do destino viro em uma rua estreita com uma curva abrupta que dava direto numa casa rustica branca com detalhes pretos e me chamou atenção, eu havia encontrado a casa de Baltazar?

Saio do carro depois de estacionar, o som do salto de minha bota batendo contra o concreto da calçada da casa era um tilintar sozinho e teimoso, paro na frente da escada e subro os três degraus que levavam a varanda, Bato na porta, não notando a presença de uma campainha. Um homem de cavanhaque, alto e elegante surge pela escuridão da fenda. Olha em meus olhos.

- Pois não?

- Baltazar Black?

- O que quer? - seu tom de voz era seco e desconfiado.

- Sou Samantha Sparks a... Hibrida

- O que fizeram com você?!

Ele me olha da cabaça aos pés.

- Eu mesmo resolvi... Mudar - pigarreo e olha nos olhos dele o prendendo em meu olhar

- E Jonnhy? Onde esta ele?

- Jonnhy não é mais problema meu - disse impassiva de emoções.

- Vamos entre, é perigoso ai fora... Ainda mais pelo que eu soube agora. - ele abre a porta depois da nossa pequena conversa apenas vendo os olhos dele, já estava me dando nos nervos.

- E o que soube? - digo entrando.

- Sobre os arcanjos, olha Sam... Não quero me envolver outra vez com eles, já fiz isso uma vez e me dei mal

- Já fez?

- Sim, e nessa mesma vez perdi minhas asas, e desde então... Não sou mais anjo caído, por isso que me empenhei em ser feiticeiro - ele suspira.

- Você era anjo?! Pode me ajudar então, posso te dar asas temporárias, preciso tirar minha mãe daquele lugar, depois quero que você faça um feitiço de cobertura pra ela.

- Samantha essa ideia é mais que insana - ele andava de um lado pro outro a procura de ideia pra me fazer desistir. Quando ele intende que seria impossível, para de andar e me olha - Okay... Mais como vai me dar asas?

Ele levanta uma sobrancelha num jesto de dúvida.

- Magia, Baltazar eu posso... Só basta você não ter medo... Simplesmente confie em mim

- Tudo bem bem Samantha... Eu aceito.

Sorri aliviada.

- Vamos lá fora, temos que arquitetar um plano. Arcanjos são pontuais.

Ele me segue até a porta, saímos e ele tranca a mesma, na frente da casa de Baltazar havia um pequeno bosque, entramos pela trilha de terra e caminhamos até um lago próximo.

- Vamos começar com uma coisa, já faz milênios que cai Sam, as coisas lá mudaram.

- Não tenha tanta certeza disso. - digo colocando minha cascata de cabelos negros em um coque que fica meio solto. - Vamos começar.

Ele fica parado, fecha os olhos. Me aproximo de Baltazar e estendo as mãos próximo ao seu rosto, penso em suas asas como deviam ser, sinto um formigamento na nuca, as minhas próprias asas se desenrolam, eu fecho os olhos e um pequeno ardor sai da palma da minha mão, ouço um suspiro de espanto vindo de Baltazar e abro os olhos. As asas dele eram ainda mais lindas de perto. Eram brancas, alguns contornos em prata, eram imbatíveis, ameaçadoras. Fortes.

- Vamos trazer minha mãe de volta. Vamos conseguir.

Abrimos as asas e no último raio da Sexta-Feira fomos em direção ao céu.