Capítulo 1

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Capítulo um

*Arabela

Acordei tão animada, naquele dia que seria decisivo para a minha vida e mesmo ainda faltando muito para a hora de partir, eu já havia arrumado todas as minhas coisas na mala, já as tinha fechado e esperava ansiosa o horário que sairia para o aeroporto.

Um frio passou por minha barriga e logo soltei um suspiro meio reprimido, isso sempre acontecia quando eu ficava ansiosa.

Saí do meu quarto empurrando duas malas grandes e assim que as estacionei na sala meu pai me falou, com a voz carregada de tristeza:

— Vou sentir tanto a sua falta, filha.

Fui até o sofá em que ele estava sentado, abracei seu corpo um tanto rechonchudo, passando meu braço por cima do seu ombro e dei um beijo em sua cabeça com cabelos já grisalhos.

— Eu também, paizinho. Sentirei muito a falta de vocês, mas se tudo der certo após o vencimento do contrato eu volto... ou volto para buscar os dois para perto de mim.

— Eu não vou sair da minha casa, Arabela! Ainda não sei por que você aceitou esse trabalho — Minha mãe apareceu um tanto ranzinza, vinda da cozinha e com olhos lacrimejando.

Éramos tão parecidas que me via muito na minha mãe.

Sorri para ela e mesmo fazendo cara feia, continuava linda. Admirei seus cabelos castanhos amarrados pela metade e seu corpo curvilíneo, mesmo com a idade já ultrapassando os cinquenta. Tentando agradá-la e ainda com o sorriso nos lábios fui até ela para beijá-la também, assim como fiz com meu pai.

Os dois eram a minha vida.

Ambos eram casados há mais de trinta anos e se amavam como namorados, vê-los juntos e a forma como meu pai a tratava, me fazia sonhar com um relacionamento perfeito como aquele. Um relacionamento de contos de fadas.

Senhor Mauricio sempre fazia todos os gostos da minha mãe e era como se ela fosse uma rosa que meu pai gostava de cultivar com carinho.

— Mãe, não precisa ficar rabugenta, porque logo volto para ver vocês. — Notei que tentou disfarçar os olhos marejados.

— Tanta multinacional aqui na cidade, Arabela, moramos em um polo industrial, por que você precisa ir para tão longe?

— Porque ter como experiência um emprego na Orsini Enterprises abre qualquer porta, mãezinha.

Eu era formada em administração e estava viajando para trabalhar e morar em uma casa enorme que ficava em uma praia privativa. Na verdade, chamar aquela construção de casa era um erro, já que onde eu trabalharia era uma mansão com mais de dez mil metros quadrados e quase cinquenta funcionários, a qual eu teria que administrar tudo com muito cuidado.

— E além do mais, eu não tive muita escolha ou ia ou era demitida e esse trabalho é muito importante para o meu currículo. Mas ao final de um ano, que é quando vence o contrato e terei a experiência, aí vejo como tudo fica.

Meus pais se olharam com tristeza e para não prolongar o assunto, desconversei falando sobre o casamento da vizinha e com isso a conversa seguiu um rumo mais leve.

Depois resolvi voltar até meu quarto e pegar o creme que havia esquecido no banheiro, enquanto no caminho, me lembrava de quando descobri a transferência e de como não me senti confortável com a ideia de um novo emprego, ainda mais porque eu soube de forma tão repentina, porém naquele momento eu estava em paz.

Era de conhecimento de todos na empresa que o super, hiper, mega figurão dono e grande deus da multinacional Orsini Enterprises, para qual eu trabalhava por volta de seis meses, havia pedido ao RH que contratasse alguém competente e de confiança para administrar sua casa de praia, contudo, a surpresa veio quando a minha chefe escalou a mim para esse cargo.

Degustação a partir do dia 28/09/2021 Minha ArabelaOnde histórias criam vida. Descubra agora