Capítulo 20

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Capítulo vinte

Se existia paraíso, podia dizer que o que eu estava vivendo com Félix nos últimos dias era bem perto de um.

Naquele momento todos os funcionários sabiam sobre nós por conta da sua última extravagância, sendo assim, eu não precisava mais me esconder e apesar de envergonhada por estar me envolvendo com o patrão, havia assumido meu relacionamento com ele com alegria e Félix e eu praticamente morávamos juntos.

Eu dormia no seu quarto todas as noites, vivíamos em uma eterna lua de mel e não imaginei que ele poderia ser tão amável, carinhoso e um verdadeiro príncipe.

Durante o dia, na hora do trabalho eu sempre dizia para Félix não me incomodar, que me deixasse trabalhar e que ali eu era apenas sua funcionária, porém, ele não se controlava e vez ou outra entrava no escritório, me seduzia com seu charme irresistível e fazíamos amor no tapete, no sofá, na mesa, na estante e onde mais fosse possível. Por mais que eu quisesse repreendê-lo por me atrapalhar, era bom demais estar ao seu lado, então só me permitia viver o momento.

Nas horas vagas, passávamos lendo outros livros e depois assistindo as adaptações ou andávamos pela propriedade, onde conheci cada cantinho pelo olhar do Félix, que me contava como gostava de aproveitar cada lugar.

Zipe era só alegria com nosso namoro e nós três sempre fazíamos programas juntos, mas o preferido dele era ir à praia. Já Madalena e Clóvis só faziam pensar sobre nosso casamento e Cecília e Viviane entravam na viagem dos dois sobre o assunto, mesmo eu dizendo que era cedo para pensar nisso.

O jardineiro, senhor Feliciano, me levava flores, era simpático comigo e sempre tentava me agradar, como que na intenção de que eu permanecesse ali e até disse uma vez que as flores era o seu modo de me dar bom dia e me fazer amar a mansão. Como se eu precisasse disso, eu já a amava.

Os rapazes do estábulo eram sempre simpáticos e solícitos. Passei a interagir mais com eles por conta de o Félix ter me dado a égua Lua de presente durante um passeio que fizemos. Ele disse que eu fazia um belo par com a égua e simplesmente me deu.

De início tentei recusar, pois pelo o que eu soube o preço dela era muito alto, mas ele insistiu que eu não podia recusar seu presente, então aceitei. Ao menos enquanto estivesse ali a Lua era minha e, com isso, comecei a frequentar mais o estábulo para acariciá-la e interagir com a minha nova amiga.

Conversava com todos por lá e descobri que Paulo morria de medo de Félix e me agradeceu, pois desde que cheguei, o patrão estava menos ranzinza e até sorria.

Com meu namoro, as arrumadeiras da casa começaram a me tratar como se eu fosse a dona, fazendo com que isso me deixasse um pouco desconfortável e foi preciso que eu conversasse com todas, para que entendessem que eu era igual a elas e não a patroa.

Diariamente me sentia feliz e Félix também, ele fazia questão de me dizer isso insistentemente, falava que nunca tinha sido tão feliz como estava sendo comigo e se algo nos separasse era para eu me lembrar disso, dos nossos momentos bons e do quanto nos dávamos bem juntos.

Em alguns momentos o sentia longe e o via com olhar parado, como se o seu pensamento estivesse em outro lugar que não ali comigo, mas preferia deixá-lo assim e dar espaço a ele, pois cada um precisava ter o seu.

Félix passou a falar muito sobre casamento, ficava tímido quando tocava no assunto e eu disfarçava, mas dentro de mim sentia meu coração disparar, pois sendo muito louca, eu aceitaria caso ele propusesse.

Pensava que não saberia como contar aos meus pais, já que nem sobre o namoro havia contado, quem dirá sobre um possível casamento.

Foi então que em uma sexta-feira, em que eu não o vi o dia todo, Félix apareceu no escritório, com um sorriso de menino que andou aprontando e disse que haviam chegado livros novos da livraria e que até já tinha escolhido um para a nossa noite de leitura.

Degustação a partir do dia 28/09/2021 Minha ArabelaOnde histórias criam vida. Descubra agora