Capítulo 5

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Acordei no sábado de manhã e nos finais de semana eram as minhas folgas. Fiquei deitada mais um pouco e olhando para o teto, relembrando a noite anterior e pensando que eu só podia estar louca por ter ido atrás do senhor Orsini e com isso ter vivido aquela cena.

Lembrei-me dele dizendo meu nome, que eu era bonita e a lembrança fez meu estômago revirar.

Como eu iria encará-lo?

Se bem, que quem deveria ficar com vergonha era ele e não eu. Foi ele quem se excedeu, eu apenas fui lá ver como estava se sentindo.

Você não devia ter se intrometido no espaço do patrão, Arabela!

Resolvi levantar e parar de me remoer pelo que já aconteceu e não dava para voltar atrás, decidi aproveitar o dia e conhecer melhor toda a propriedade.

Como eu estava de folga, coloquei uma roupa bem à vontade, composta por short jeans, tênis e uma camiseta. Prendi meu cabelo castanho e ondulado em um rabo de cavalo que caiu lateral ao meu ombro e passei um rímel e um protetor labial só para dar uma vida ao meu rosto inchado da noite de sono, mas a pele estava boa depois de um orgasmo com o chuveirinho e pensando no chefe. Que vergonha de mim.

Depois de pronta saí do meu quarto para tomar café, me forçando para pensar em coisas normais e assim esquecer o que não era, além de não demostrar estranheza para que ninguém notasse que algo não estava certo.

Já na cozinha, novamente fui muito bem tratada pelas meninas, com os mesmos sorrisos e a simpatia que eu havia amado. Elas arrumaram tudo para que eu tomasse café e logo me acomodei na ilha e sentei-me nos bancos altos.

— Tem certeza que não quer tomar café na mesa? A gente arruma tudo pra você — Madalena disse toda solícita... até demais.

— Gente, não sou hóspede aqui, sou funcionária como vocês.

— Aqui o Félix faz questão que todos nós tenhamos o melhor tratamento e comemos a mesma comida que ele. É um excelente patrão — Viviane me contou.

— Então vou ajudar na cozinha também.

— Não, senhora! Faça o seu trabalho. Se estamos aqui é porque este é o nosso — Madalena disse sorrindo.

— Entendi.

— E também o Clóvis gostou de você e nos incumbiu de te tratar como se fosse a rainha da Inglaterra — Cecília contou. — E como nós também gostamos, estamos fazendo de tudo para que não desista do cargo e vá embora como os demais funcionários que tiveram que lidar com o Félix.

Ri alto.

— Queria que o senhor Orsini tivesse gostado de mim assim como vocês ou ao menos um por cento disso. O que não é o caso. E só para registrar, eu não sou de desistir de quase nada. — Pisquei um olho para ela.

— Logo você se acostuma com o jeito dele e Félix com o seu, aí quem sabe vocês não viram amigos — Viviane falou da pia, onde estava lavando louças.

— Tomara — torci e no meu pensamento imediatamente me veio nosso momento da noite anterior.

Fiquei em silêncio e achei melhor realmente manter em segredo mais essa vergonha, pois se não, eu ficaria com fama de intrometida.

Terminei de tomar meu café enquanto conversava com Madalena que me contava sobre seu neto que era o amor da sua vida. Soube que a mãe do menino havia morrido no parto e ela ficou com a guarda. Madalena falava do neto com muito amor.

— E onde ele está? Quero conhecê-lo.

— Ah, o Zipe é um menino arteiro e não para. Amo criá-lo aqui, porque ele vive solto pela propriedade, ajudando aqui e ali... ou atrapalhando melhor dizer. — Ela riu.

Degustação a partir do dia 28/09/2021 Minha ArabelaOnde histórias criam vida. Descubra agora