7. Desconfiança.

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Sentada no café, sozinha, Júlia olhava o mar enquanto saboreava seu Capuccino. Estava tentando processar o que acontecera.

Em menos de uma hora: Havia saído de mãos dadas com Arthur pelo convés, aos olhos de todos (que eram poucos, ainda era cedo demais), entrado na "toca do lobo", havia espiado Arthur pela porta (e só viu metade pra cima, maldito box fosco!). Quase se beijaram e foi pedida em namoro pelo mesmo. De repente, voltou a si.

— Júlia, você parece uma adolescente deslumbrada, credo...

Iasmin e Matheus surgiram e se sentaram com ela.

— Bom dia, amiga. Conte-me tudo e não esconda nada. — A advogada apoiou os cotovelos na mesa.

— Não, Iasmin. Eu só o esperei para que tomasse banho e voltamos para a escadaria.

— Só? Nem uma espiadinha.

— Em ordem cronológica: uma espiadinha, mas não vi tudo. Um quase beijo, e um pedido...

— Pedido?

— Ele me pediu em namoro e eu aceitei.

— OI???

— Você é surda, mulher? — Matheus disse, debochado. — O capitão quer namorar a Júlia.

— Não deveria ter aceito. Foi muito rápido, foi muito... invasivo?!

— Tá doida? Você ama essa cara há cinco anos em segredo, sua tonta! Vai atrás!

— Ele está na ponte agora...

— Fale com ele depois. Mas NÃO deixe essa chance escapar, Júlia. — Matheus disse, dando dois tapinhas no braço da atriz, que olhou para ele, pensativa.

*****

Um engenheiro elétrico mostrava em um desenho, os danos no gerador. — Foi um curto circuito causado pela má situação do equipamento, senhor.

Arthur bateu palmas e olhou para Carlos. — Está aí o resultado do navio em péssimas condições, que acaba de ser construído. Não é possível isso, Carlos! Você conseguiu a façanha de colocar peças velhas em um navio novo! Que desastre para sua empresa, um navio tão precário em sua viagem inaugural...

Carlos nada disse, apenas fez sinal para que o engenheiro prosseguisse. Explicações foram dadas, e meia hora depois, ele estava liberado. Andou pelos corredores e entrou em sua cabine  surpreendendo-se.

— Iolanda.

A mulher se aproximou e o beijou. — Bom dia!

Carlos olhou para a cama bagunçada, a cabine desorganizada. Era necessário ser muito estúpido para não perceber o que havia ocorrido ali.

— Você deveria ter ido embora. Nós nunca deveríamos ter passado a noite juntos.

— Foi nossa primeira de muitas vezes, não acha?

— Não. Porquê está agindo assim? Está traindo sua irmã!

— VOCÊ também está. Ninguém aqui é santo. E outra, ela não passa dia e noite com aquele lacaio que você mesmo colocou atrás dela?

— Sim, está me dando raiva já...

— Aguenta, então.

— Qual é a conexão entre uma coisa e outra?

— Faça algo para se sentir vingado.

— Você está querendo dizer que se eu te co... se eu deitar com você de novo naquela cama, vou me sentir vingado?

Escotilha Da LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora