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- Kuroo, foge daqui comigo! Por favor!

Kenma estava com medo, dava de ver no seu olhar, ele não iria relaxar enquanto não estivesse bem longe dali. Kuroo estava preocupado, ele era o mais racional dos dois, sabia que não podia abandonar suas responsabilidades e fugir...mas ele queria, ele queria porque permitir que o loiro na sua frente tivesse paz era uma prioridade. 

- Vamos no seu quarto, a gente arruma suas coisas e você leva tudo pra minha casa okay? Amanhã de manhã vamos resolver tudo. 

Naquele momento, Kenma percebeu que seu plano não era o melhor para Kuroo. Eles entraram na casa e foram até o quarto de Kenma. Era um quarto pequeno no segundo andar da casa. As paredes estavam decoradas com recortes de mangás, revistas e algumas fotos dele e de Hinata. Fora isso, nada era muito personalizado, era um quarto barato comparado ao resto da casa que parecia super moderna. 

- Eu só preciso pegar meu notebook, meus jogos do switch, o carregador e... - Ele iria seguir fazendo uma lista de eletrônicos pra sempre, mas Kuroo interrompeu. 

- Você também precisa de roupas, documentos, coisas de valor emocional tipo fotos sabe? - Ele disse enquanto tirava uma das fotos de Hinata e Kenma da parede. 

- Isso, eu também preciso disso. - Kenma não foi pegar nada, ele se sentou na cama, estava cansado demais, dolorido demais. 

- Hey, não se preocupe. Eu vou fazer isso pra você, pode deixar - Kuroo se aproximou dele, sabia que ele estava muito machucado por baixo daquelas roupas pesadas. 

Ele foi até o armário e começou a colocar roupas dentro de uma mala. Kenma interrompeu algumas vezes pra dizer que não iria precisar daquilo e, no fim, algumas poucas peças sobraram. Então ele foi para a escrivaninha, não tinha livros ali ou coisas de estudo, apenas um emaranhado de cabos que ele não sabia pra de onde vinha ou para onde iam. Kenma levantou e o ajudou a guardar tudo na mochila, junto com as fotos que tirou da parede e uma caixa que estava escondida tão fundo no armário que Kuroo não conseguiu achar. Ele ficou curioso sobre o que tinha lá dentro, mas não perguntou.

- Acho que é isso...Podemos ir, Kuro - Kenma encarava o quarto, ele não sabia se aquilo era pra valer, era impulsivo sair de casa assim, não sabia se realmente deveria fazer isso...A dor na sua costela o tirou desses pensamentos, podia não ser a decisão certa, mas era o que ele podia fazer.

Kuroo levou a mala e a mochila e foram até a casa dele em silêncio. Estava vazia, a maioria das vezes era assim. 

- Bem vindo, mi casa es su casa

- Você fala espanhol agora? - Kenma deu um pequeno sorriso do sotaque bobo que Kuroo fez ao falar.

- É a língua do amor, então eu definitivamente falo

- A língua do amor é francês e esse não foi um bom momento pra flertar, eu to tipo, fugindo de casa 

- Quem disse que eu tava flertando? Você que ta dizendo. Vai, vai deitar no meu quarto, eu vou levar algo pra você comer já já

Kenma foi pro quarto, só foi porque ficou envergonhado com a provocação. Ele subiu e deitou na cama, tudo doía. Ele viu o spray analgésico que Kuroo usava nos treinos as vezes e se levantou pra pegar. Tirou o moletom pesado que usa e encarou seu corpo no espelho. 
Ele não era muito magro, mas se sentia fraco. Tinha um hematoma grande na costela esquerda, ele pós a mão na barriga e se lembrou dos chutes que o irmão deu ali...teve vontade de chorar, sentiu raiva do irmão por ter feito isso por tanto tempo e também sentiu culpa por não se defender. Quando as lágrimas finalmente começaram a cair, ele sentiu um abraço delicado, um que não machucou. 

- Não se preocupe, gatinho. Eu to aqui com você. 

Kuroo o abraçou pro trás e deu alguns beijinhos no todo de sua cabeça. Ele também queria chorar, não gostava de ver o menor machucado. 

- Deixa eu te ajudar, tudo bem? Você nunca mais vai estar sozinho.

Kenma assentiu positivamente, Kuroo o guiou de volta pra cama e passou o spray analgésico em todos os machucados. Ele tinha um carinho que Kenma não conhecia, uma delicadeza inesperada e carregada de afeto. Ele também trouxe da cozinha remédios e comida. Os dois comeram juntos e, enquanto Kuroo desceu pra levar a louça de volta, Kenma se deitou e fechou os olhos, ele se sentia no céu, se sentia amado. Ele nunca mais queria sair de perto de Kuroo, queria estar pra sempre protegido pelo seu abraço delicado. 

(Can We Be Friends?) - Kuroken - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora