Aviso: Esse capítulo contém cenas de violência explícita. Cuidado com gatilhos.
Kuroo se culpava. Ele deveria ter fugido com Kenma, devia ter largado tudo. Agora, o primeiro garoto que ele amou na vida, estava sozinho com um homem cruel e ele não podia fazer nada além de rezar para que tudo terminasse bem.
Kenma estava em casa. Sentado no sofá, o irmão não deixava ele subir pro quarto.
- De joelhos, Kenma! - Ele disse, Kenma obedeceu. Ele se ajoelhou no chão de cabeça baixa.
- Eu não acredito que você fugiu. Você não percebe o quanto eu me sacrifico por você?? E ainda é encontrado na casa de um garoto! Que vergonha! Você é um desgraçado, só faz besteira. Além de estragar a minha vida quer estragar a dos outros também??
Ele parecia esperar uma resposta, como não a teve, deu um tapa na cara de Kenma, que caiu no chão. Ele o levantou, apertando seu rosto. Seu olhar raivoso penetrava em Kenma, que tinha os olhos vazios. Ele não estava com medo, teve medo a vida toda.
- Você, Kenma, não deveria nem tá vivo. Não vou perder meu tempo com um merda feito você. Quero que você limpe essa casa toda, ta me ouvindo? E em silêncio. Eu vou dormir. Amanhã, quando eu acordar. Quero tudo novo. Seu castigo não acabou.
Ele finalmente soltou o rosto de Kenma, o empurrando no chão. E subiu as escadas proferindo palavrões. Kenma ficou no chão por um tempo, ele não sabia o que fazer a partir de agora. Quando finalmente conseguiu levantar, foi até o telefone da cozinha e ligou pra Kuroo, que atendeu no primeiro toque.
- Kuro, sou eu. Eu preciso de você amanhã, meio dia. Ouviu? Não posso falar agora, mas eu preciso de você. - Kenma sussurrava no telefone. Kuroo ouvia atento do outro lado da linha.
- Eu vou tá ai. Cuidado, Kenma, fica bem, por favor. Desculpa. Nos vamos dar um jeito nisso.
- Liga pro Akaashi, diz pra ele que eu vou precisar daquelas coisas. Ele vai saber do que to falando.
- Tá, pode deixar, eu vou fazer isso. - Kenma desligou, não podia correr o risco. Não queria apanhar tanto.
Ele limpou a casa, como o irmão ordenou. Aquele porco não tinha feito nada em todos os dias que Kenma estava fora. Quando amanheceu, Kenma ainda fazia o serviço. Seu irmão desceu as escadas.
- Sua cara me dá nojo. Como você achou que poderia fazer algo sem mim, Ken? Eu sou tudo que você tem. Parece que ainda não percebeu.
Kenma não olhava pra ele, tentava ignorar. Ele chegou mais perto, agarrando o braço de Kenma com uma mão e seu rosto com a outra. Ele apertava tudo, Kenma não conseguiu evitar a expressão de dor.
- Odeio quando você me ignora. Você é o moleque mais ingrato que eu já vi. Eu faço tudo por você, dou meu sangue e você não valoriza. - Ele empurrou o garoto em direção a parede, com força. Kenma bateu as costas e caiu no chão, com uma dor aguda no local.
O homem sentou-se a mesa e acendeu um cigarro. Kenma levantou, a dor ficava mais forte, ele podia sentir algo molhado na sua blusa, devia ser sangue. Ele fez café e torrada pro irmão, colocando na mesa o mais rápido possível.
- Senta, Kenzinho, quero conversar com você. - Kenma não queria, mas sentou na cadeira na frente do irmão.
- Você me deve entendeu? Me deve muito, porque eu sacrifiquei minha vida por você. Mesmo você sendo um ingrato desgraçado. Eu vou te dar só mais uma chance, mas você tem que lembrar pra sempre o quanto deve a mim. - Ele falou e pegou a mão de Kenma, o garoto sabia o que viria, mas não conseguiu reagir.
O cigarro que antes queimava na boca do homem, agora estava sendo apagado na mão de Kenma. Ele gritou de dor. As lágrimas escorriam no seu rosto, enquanto isso o homem a sua frente o segurava com força e tinha um sorriso cruel no rosto.
- Sentiu né? É pra você lembrar, o tempo todo quem manda aqui. É a mim que você precisa obedecer. Eu sou o homem dessa casa. E engole esse choro falso!
Kenma finalmente conseguiu livrar-se do homem, ele se afastou, chorando. Olhava pro irmão com tanta raiva e tristeza no olhar, mas sabia que isso não teria efeito sob ele.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, Kuroo encontrava com Akaashi.
- O que que o Kenma pediu pra você, Akaashi? - Kuroo não estava bem, o estresse da situação era perceptível. Akaashi entregou um envelope cheio para Kuroo.
- Ai tem documentos falsos. Identidade, passaporte, certificado do ensino médio e dinheiro. Ele me pediu os documentos, o dinheiro é minha forma de tentar ajudar mais.
- Achei que você não se envolvesse com isso. - Kuroo guardou o envelope na mochila, não abriu, confiava em Akaashi.
- Bom, com a família que eu tenho já tô envolvido demais. Pelo menos assim posso ajudar o Kenma um pouco. - Ele deu de ombros e desviou o olhar, não se orgulhava do modo como a família conquistava o tanto de dinheiro que tinha, não iria seguir aquele caminho.
- O Kenma vai fugir né? - Kuroo olhava pra baixo, os olhos cheios de lágrimas.
- Kuroo, eu não sei, mas o importante é que ele faça o que é melhor pra ele né? Eu preciso ir, acho que você também, não conta pro Bokuto sobre isso, de jeito nenhum quero que ele saiba.
Akaashi se levantou, deixando Kuroo sozinho. O garoto sabia que logo teria que se despedir de Kenma. Ele voltou pra casa, esperando dar meio dia.
Na casa de Kenma, as humilhações e agressões continuavam, aquele homem tinha coragem de dizer que era sua família, a raiva só crescia dentro de Kenma. Ele não aguentava mais um dia naquele inferno.
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(Can We Be Friends?) - Kuroken - FINALIZADA
FanfictionKuroo, o capitão do time de vôlei, sempre foi curioso e, com a chegada do misterioso Kenma, não seria diferente. Mutismo seletivo - O Mutismo Seletivo (MS) é um transtorno de ansiedade complexo que caracteriza-se pela dificuldade de um indivíduo se...