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Após a aula, Kenma foi ao treino do clube de volêi. Havia dias que ele ensaiava para isso, não queria que nada desse errado, mas sabia que isso estava fora do seu controle. Além disso, ele também ensaiava um pedido de desculpas. Escrevia e reescrevia a mensagem na conversa de Kuroo, mas nunca enviava.

Chegando ao treino, trocou de roupa depois de todos os outros e foi para quadra. Os garotos o olhavam com estranheza e curiosidade. Quando um deles tentou se aproximar, Kuroo apareceu. A voz grossa ressoou pela quadra. 

- Boa tarde, galera! Todo mundo pronto pro treino de hoje? Com autorização do treinador, hoje eu vou promover uma brincadeirinha - Ele tinha um sorriso malicioso nos lábios. - Vamos fazer um jogo, times normais, mas um deles vai ter como membro Kozume Kenma. 

Kenma estava vermelho, seu rosto queimava com os olhares, mas a vergonha começou mesmo quando Kuroo o puxou para o seu lado, na frente de todos os outros. 

- Isso vai ser como um teste, vamos ver se ele entra pro time né? Cada jogador é importante, então deem o seu melhor!

Todos comemoraram, alguns sussurros e comentários podiam ser ouvidos. Kenma suava frio. Como jogaria sem conseguir se comunicar os outros? Por que mesmo ele decidiu ir? Será que ainda dava tempo de fugir correndo?

Antes que todos se dispersassem, Kuroo tomou a palavra novamente. 

- Tem outra coisa, vocês podem encarar como um desafio. Kenma tem um...problema...? - Ele olhou pro mais novo buscando aprovação, não sabia se aquela era a palavra certa. Kenma nem percebeu, estava ocupado demais com seus próprios pensamentos. - Não, problema não. Ele tem uma dificuldade pra falar com desconhecidos, é algo de ansiedade, se chama mutismo seletivo. Mas isso não vai ser barreira pra vocês né? O Nekoma sabe acolher qualquer jogador. 

Alguns protestos foram ouvidos, mas os jogadores concordavam, seria difícil...Muito difícil. Mas era um desafio e ninguém ali gostava de perder. Kenma estava incrédulo enquanto os outros jogadores chamavam ele pro time, nunca havia se sentido acolhido assim desde o dia que conheceu Hinata ainda na infância. Ele podia sentir como os jogadores estavam tentando. 

Yaku era o líbero, também era veterano e tomou a liderança no time em que Kenma estava. Ele fez perguntas de sim ou não, para que Kenma pudesse responder. Descobriu sua posição, criou códigos de mão para eles, tudo isso em menos de 10 minutos. Kenma estava assustado e ansioso, mas sentia que, naquele time, ele conseguiria dar seu melhor. 

O jogo começou. Kenma demorou um pouco para fazer os levantamentos certos, mas ninguém brigou com ele, ao contrário, todos encorajaram ele a tentar novamente, até os jogadores do outro time. Sua ansiedade diminuiu cada vez que tocava na bola. 

De fora da quadra, Kuroo o analisava. Não estava bravo pelas ultimas mensagens trocadas, ele não era de guardar rancor, além disso, Kenma conseguiu se destacar. Kuroo não sabia explicar, mas poderia dizer que Kenma analisou o outro time e percebeu exatamente em qual parte da quadra ele deveria mirar a bola, confiando no resto do seu time. 

Ao fim da partida, Kuroo parabenizou a todos. Os outros jogadores também parabenizaram Kenma, ele entraria no time depois daquilo. Kuroo tinha uma surpresa, frutas frescas patrocinadas por sua família. Enquanto todos os jogadores comiam, Kenma se isolou em um canto com seu vídeo game. Kuroo se aproximou. 

- Toma, pra você repor a energia. - Kenma não tirou os olhos do jogo por um milésimo de segundo, Kuroo se sentiu ignorado, mas deu um sorriso. Em poucos segundos, arrancou o jogo das mãos de Kenma, que o olhou surpreso e assustado. 

- Mudei o jogo, agora é fruit ninja. Coma ou eu não devolvo.

Kenma estava bravo, comeu a melancia que lhe foi dada na força do ódio, odiava perder uma partida no seu amado vídeo game. Kuroo tinha um olhar delicado e curioso sob o menor. Ele era bonito até com aquela carinha. Kuroo era atento aos detalhes e , olhando bem, podia ver uma marca roxa no ombro de Kenma, sua blusa estava um pouco torta. Foi ai que Kuroo se preocupou, analisando o menor, haviam algumas cicatrizes pelas pernas, pelos braços. Kenma não tinha cara de briguento, nem um pouco, não havia explicação para aquelas marcas.

Kuroo anotou em sua lista mental, iria perguntar sobre isso o mais breve possível. 

(Can We Be Friends?) - Kuroken - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora