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Kenma pegou o último ônibus para a cidade vizinha, onde seu amigo Hinata morava. Ele chegou de surpresa, mas sabia que não teria problema. 

- Kenma! Você ta bem! Eu tava tão preocupado! - Hinata disse o abraçando forte, ele estava pronto pra sair pra escola. 

- Lembra quando eu te falei que ia embora? - Kenma disse depois de se soltar do abraço. 

- Lembro...Tá tudo bem mesmo? - A preocupação na voz de Hinata era nítida. 

- Eu tô bem, mas eu tô indo embora, Shoyo. Vim aqui me despedir de você. 

- Pra onde você ta indo??? Não! Não vai embora, fica aqui em casa! Tem bastante espaço e...- Kenma interrompeu.

- Não tem como ficar, meu irmão é um psicopata maluco, ele me acharia se eu ficasse aqui. - A voz de Kenma embargava ao ver os marejados de Hinata.

- Por favor, Ken, não vai embora - Shoyo o abraçou de novo.

- Vem, vamos entrar. Hoje o dia é só nosso. 

Kenma disse, levando Hinata pra dentro, os dois tentavam conter as lágrimas antes que Natsu ou a Sra. Hinata percebessem. No quarto, eles deitaram juntos por longos minutos. Kenma ouviu Hinata falar sobre Kageyama com toda aquela paixão e, pela primeira vez, se permitiu falar sobre Kuroo com mais paixão ainda. Ele falou sobre as palavras doces de Kuroo, sua gargalhada inconfundível, o seu abraço que parecia fazer tudo ficar e do seu olhar acolhedor. 

- Ken, você acha que ele é seu amor pra vida toda? 

- Eu...Eu não acho, eu tenho certeza. - Aquela resposta era firme e verdadeira, Kenma não imaginava um futuro em que Tetsuro não fosse seu. 

- Pra onde você vai? Quando você volta? 

- Akaashi me deu uma passagem pra Espanha, ele me contou que tem alguns amigos lá. Acho que eu vou usa-lá. 

- Não sabia que o Akaashi era rico ao ponto de poder comprar uma passagem de avião assim do nada.

- Não conta pra ninguém sobre isso tá? Ninguém pode saber. E sobre a minha volta, só quando eu tiver a maior idade, ai meu irmão não vai poder fazer nada. 

- Será que eu vou aguentar sem você?

- Vai, vai sim, é só lembrar de mim te xingando toda vez que fizer uma burrice que tá tudo certo!

Os dois riram juntos, tentando afastar a saudade que já insistia em invadir ambos os corações. Hinata, que nunca tinha perdido um treino na vida, naquele dia preferiu aproveitar a companhia do amigo antes que ele partisse por um bom tempo.

Em Tokyo, Kuroo não queria sair da cama. Ele pensava em Kenma, olhava as fotos que tinha no celular, a camisa número 5 que foi deixada no seu quarto, o gatinho de pelúcia. Ele estava se rodeando de todas as coisas que o lembravam de Kenma, enquanto esperava pela sua volta. Ele sabia que sua vida teria que voltar ao normal e que Kenma, em algum momento, o ligaria pra avisar que deu tudo certo e que ele está seguro, mas só queria se afundar nas própria tristeza e no vazio que Kenma deixou, precisava sentir essa dor. 

Os dias pareciam passar mais devagar. Todo o time Nekoma, Bokuto, Akaashi, todos tentavam confortar Kuroo, mas pra ele, ainda doía, seu coração ainda estava apertado. 

- Kuroo! Tem alguém te ligando! - Bokuto falou, eles estavam juntos, Kuroo o ajudava a estudar, mas quando ouviu o que disse correu para pegar o celular e atender. 

- Kenma?? - Ele falou com uma voz desesperada e ansiosa, podia ouvir a respiração do outro lado da linha. 

- Sou eu, seu gatinho. - Kenma respondeu, tentando disfarçar a voz embargada. 

- Kenma! Onde você tá? Tá tudo bem? Ai meu Deus, eu tô tão feliz de ouvir sua voz! - Ele sorria, não conseguia evitar. 

- Eu to bem, só preciso aprender a falar espanhol, fora isso, tá tudo bem. 

- Onde você tá? Tá precisando de algo? 

- Não, não, eu to bem. Me diz uma coisa, a policia te procurou?

- Procurou...Disseram que agora você tá na lista de desaparecidos, eu não falei nada. 

- Eu sei, eu sei, confio em você, mas não posso te contar onde tô, ok?  Eu continuo com medo

-...Mas e se acontecer algo? 

- Não se preocupe, eu vou te ligar sempre que conseguir, você não vai se livrar de mim tão fácil. 

- Kenma, você não sabe como eu to com saudades. - O coração de Kuroo apertava, ele estava lembrando de cada detalhe do rosto de Kenma, cada piercing da sua orelha, cada fio de cabelo. Kenma...Kenma...Kenma...Ele estava totalmente apaixonado. 

- Eu também, tem uma coisa que eu não consegui te falar - A voz de Kenma tremia, sua ansiedade não tinha ficado pra trás. Ele apertou forte em sua mão o presente que Kuroo o deu no primeiro encontro. 

- Fala, Kenma, o que você não conseguiu falar? 

- Eu não consegui dizer que...eu te amo, Kuroo! - as lágrimas ficaram mais fortes. 

- Kenma, meu gatinho, eu te amo ainda mais. - Kuroo percebia que o outro chorava, não gostou de ter que ouvir ele chorando e não poder fazer nada, então falou. 

- Daqui 6 meses, quando eu terminar o ensino médio, vou pra onde você tiver, não improta onde. É melhor você aprender a dizer eu te amo em espanhol, ouviu cabeça de pudim? 

Kenma riu entre as lágrimas. Era ele. Tinha que ser ele. Kuroo era o amor da sua vida, o único que fazia seu coração bater mais forte. Kenma lembrava do abraço de Kuroo e de toda a segurança que sentia ao seu lado. 

- Te vejo em breve, Kuro - Ele sorrio e encerrou a chamada, abraçando o pequeno Yoshi de pelúcia e sussurrando pra si mesmo o quanto amava Tetsuro Kuroo. 


(Can We Be Friends?) - Kuroken - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora