6. Uma vida

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A força, um vigor da necessidade,
Nunca esteve de mim tão amiga

A pandemia me atingiu
Logo bem quando nasci
Levou de mim quem quis levar
E nem olhou o meu soluçar
Lá no canto da indiferença

Fui, sim, jovem e promissor
Fui bichona e fui bom aluno
Pisei pedra e paradigma
E opiniões demais considerei.
Houve um tanto de caminhos
Dos quais sempre me esgueirei.
E cá diante do passado
Eu flagro as rugas em uníssono
— Você fez sempre tudo errado?

A esperança que então resta
Não é mais exclusiva de ser minha:
É um berro coletivo
Das funduras lá das juntas,
Um anseio de utopia
Que alimenta a força bruta
Da razão que engatinha

Flores de CemitérioOnde histórias criam vida. Descubra agora