Banho Gelado

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- Então vamos.

Diz Eve sinalizando para Villanelle andar em direção ao banheiro, que ainda precisa de ajuda para caminhar.

Chegando no banheiro, a loira já começa a tirar as roupas. Tira primeiro a blusa e depois tem dificuldade em tirar a calça, e Eve também a ajuda nessa parte, a colocando no chuveiro em seguida.

Villanelle fica somente com as roupa de baixo e Eve percebe que são brancas e que combinam perfeitamente com o tom da pele dela. Com os olhos, Eve percorre todo o corpo de Villanelle, centímetro por centímetro e repara na cicatriz na sua barriga, por um momento ela se sente culpada por aquela marca que ela própria fizera.

Perdida em pensamentos, Eve volta pra realidade quando a campainha toca, era o entregador com a pizza que ela pediu minutos atrás.

Depois do jantar, Villanelle deita no sofá da sala e dorme. Eve então se aproxima dela e pensa: A Assassina em Série mais procurada do mundo está aqui, tão vulnerável e tão estável, dormindo na minha casa. Nessa hora o rosto de Eve se iluminou e ela abriu um tímido sorriso. Afastando uma mecha do cabelo da loira do rosto, Eve senta no chão muito próxima a Villanelle, pegando um lençol e a cobrindo lentamente para ela não acordar.

Eve também acaba dormindo ali mesmo.

No dia seguinte, Villanelle foi a primeira a acordar e Eve foi a primeira coisa que ela viu na sua frente, dormindo lindamente. É a visão do paraíso pensou ela, pegando na pele macia de Eve para ter certeza de que não estava sonhando. Eve acordou assustada já que não tava acostumada com visitas e muito menos com gente a acariciando logo de manhã.

Quando percebe, Villanelle tira a mão rapidamente de Eve.

As duas se olham em silêncio, como duas pessoas que acabaram de se tocar pela primeira vez.

Villanelle sabia que Eve não ia fazer nada, já sabia da personalidade dela. Para ela, Eve era uma linda mulher madura, cheia de medos, que precisava de um empurrãozinho para se encontrar na vida. Villanelle queria ser a pessoa de Eve, aquela com quem pode contar nos momentos felizes, nos momentos tristes e aquela em que Eve chamaria para enterrar um corpo se fosse preciso. Pra loira, Eve é como uma deusa, por quem nutre um sentimento que jamais sentiu por outra pessoa. Ela sabia o nome desse sentimento, mesmo que nunca tivesse experimentado a sensação.

- Você quer café? Perguntou Eve quebrando aquele silêncio ensurdecedor.

- Quero muito. Respondeu Villanelle olhando para a boca de Eve.

A loira não conseguia parar de olhar para Eve, fazendo toda aquela linda "acrobacia" na cozinha, tentando terminar de fazer o café da manhã. Imaginou mil coisas que pudesse fazer ali mesmo com Eve. Mas percebendo que estava indo longe demais, balança a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos pecaminosos da mente, rindo baixinho em seguida e fechando os olhos por um momento.

- Você tá bem? Perguntou Eve.

- Claro que sim, é que tava pensando numa coisa.

- Pensando no que?

- É segredo!

- Me conta.

Villanelle rir e fala:

- É sobre eu, você, a sua pequena cozinha e sexo.

Eve que já estava acostumadas com indiretas vindo de Villanelle, revirou os olhos e virou para a pia, rindo timidamente.

A verdade é que Eve nunca soube se comportar quando estava com Villanelle. No começo queria compreender aquela moça de olhos claros, responder algumas perguntas que se fazia sobre Serial Killers: Porque eles matavam? O que sentiam quando faziam isso? Como escolhiam suas vítimas? Mas no decorrer do tempo, mudou essas perguntas para apenas uma: Porque Villanelle a escolheu para fazer esse jogo de gato e rato? A verdade é que Eve sempre ficava retraída e contida na presença de Villanelle, como se a moça a domasse. Mas em compensação ela nunca se sentiu presa, nunca foi repreendida e ninguém a compreendia como Villanelle, nem mesmo Niko.

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