SONHO

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Acordou em um mundo distante, enquanto seus olhos adaptavam-se às fortes luzes que faziam sua cabeça doer, fora perturbado pelas sensações que corriam por todo o seu corpo. Sentia uma frieza similar àquela da água fria do mar pela manhã. Mexeu os próprios dedos como se estivesse acabado de voltar dos mortos, recuperou os sentidos e tocou o próprio rosto, tentando se reconhecer... Era o jovem Ariezad, esfregando os olhos para encarar o horizonte, mas toda vez que tentava, era cegado pela luz incessante que o atacava em todas as direções possíveis.

Então, ouviu passos. Como os passos de um belo sapato de couro andando sobre um piso de madeira fina, aproximava-se cuidadosamente do pictobiólogo. Uma figura alta e embasada formou-se em seu campo de visão, seus olhos iam parando de doer conforme a coisa chegava mais perto. Ia vendo mais e mais, até que finalmente conseguiu enxergar a figura com seus olhos em plena capacidade: de baixo para cima, estava coberta por um manto de veludo de um profundo verde musgo, decorado com ornamentos de ouro que faziam símbolos inteligíveis para Ariezad. Era uma figura muito alta e misteriosa, coberta pelo manto, exceto pela cabeça. Assustou-se profundamente quando viu, tentou correr e afastar-se mas ainda estava naquele estado submerso, incapaz de sair do lugar. A figura misteriosa, com uma cabeça de lobo-guará cinzenta encarava o jovem ansiosamente, como se estivesse esperando uma oportunidade de falar algo, mas sempre que tentava abrir a boca - cheia de caninos afiados - O pequeno explorador naufrago se contorcia e tentava fugir. Não que este conseguisse compreender os sinais, mas a criatura parecia bastante impaciente e desapontada com a reação mal educada.

Ajeitou a gola do manto com suas mãos escondidas pelas mangas longas do manto, limpou a garganta e disse:

— Preste atenção, jovem, pois você e seus amigos alcançaram uma parte da terra que não deveria estar nem nos sonhos mais psicodélicos do seu povo e precisam ir embora — Ariezad aquietou-se, aceitando que não poderia fazer nada, resolveu apenas escutar. Tinha uma expressão atenta e tímida em seu rosto — Vocês infelizmente não podem cruzar os caminhos convencionais, pois o pedaço de mundo onde estão é mais do que capaz de sentir a presença da sua tripulação, então eu vou ser o responsável por levar vocês até o outro lado.

— Como quiser meu senhor, mas diga, você tem um barco para isso? Onde eu estou, aliás? O que é esse lugar? — Indagou o rapaz. agora que conseguia enxergar direito, conseguia dizer com certeza que aquela criatura tinha pelo menos dois metros e meio, e todo seu corpo estava escondido pelo manto, enxergava apenas sua cabeça animal. Seriam criaturas míticas reais? Estava tão chocado pela última experiência ao mar que nem questionava a existência do homem-lobo. Queria só voltar para casa, e isso é compreensível.

— Você está dentro da minha mente, jovem, mas você e seus amigos agora descansam em um salão confortável em meu castelo. Não tema, pois não procuro fazer-lhes mal — gesticulava gentilmente com as mãos enquanto falava, essas que tinham acabado de sair das misteriosas mangas, também eram peludas e seus dedos eram muito grossos para serem humanos, mas não tinha patas de animal. Era algo totalmente novo, a memória fotográfica do pictobiólogo estava sendo estimulada, queria lembrar cada detalhe desse ser — Agora, por favor, acorde. Preparei um banquete para vocês — E logo Ariezad sentiu-se leve e energético, sentiu seu corpo se energizar como se estivesse acordando depois de um sono revigorante, sentia todos os músculos de seu corpo. De repente, acordou.




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