INCOAÇÃO

29 6 2
                                    

O Sr. Mariale escrevia em seu diário sobre como estava ansioso pela chegada. Estava bastante confortável em sua pequena sala na embarcação, havia tornado-se um lugar especial e seguro para ele. Sentia-se relaxado apesar do medo que volta e meia aparecia e cochichava para ele os perigos de se viajar para uma ilha que poderia não existir, ou pior, que estivesse em uma localização completamente diferente. Por mais que tivesse medo da viagem ser infrutífera, gostava muito de sonho.

Enquanto terminava um parágrafo, escutou a porta abrir-se lentamente e o ranger o fez ficar com a postura reta novamente. Respirou fundo, preparando-se para uma interação social, até que foi surpreendido com uma voz autoritária e dominante.

— Cientista! — Exclamou uma voz feminina muito forte, os passos brutos no chão se aproximando quase violentamente.

— Quem? O que foi? — Ariezad se assustou, virando a cadeira com pressa para ver quem havia invadido seu espaço seguro.

— Eu sou... Áries de Marte, uma guardiã treinada e de alto elo da Esquadra Alfa da Marinha Real e fui enviada de última hora para protege-lo em toda a viagem! — Mentiu, ansiava tanto por se destacar que mentiu tanto para se livrar-se de ter que trabalhar ao lado dos outros soldados e marinheiros que seriam seus colegas quanto para receber prêmios maiores quando se autodeclarou guardiã de Ariezad. Não tinha pensado ainda em como justificar sua presença indevida para o governo na volta, mas sabia que ia fazer o necessário para receber os devidos espólios. 

— Ótimo, eu acho... Não fui informado, mas estou feliz que — Começou a falar, agradecendo timidamente para a sua agora guardiã. Ela respondeu com um olhar impaciente enquanto ele se pronunciava. Antes que mais palavras saíssem de sua boca, foi brutalmente interrompido pela invasora;

— Que seja! Será por minha Calista que sobreviverá, e se não for, será a minha vida pela sua, pois este seu trabalho é o mais importante que já existiu para nossa sociedade! — Mentiu de novo para impressioná-lo — o que não era muito complicado —  e também pela necessidade criar uma certa admiração do jovem por ela, para que ele sentisse-se seguro o suficiente para recompensa-la com mais espólios na volta. O pictobiólogo respondeu apenas com um tímido obrigado e virou-se, voltando ao seu ofício com suas mãos trêmulas, estava apenas esperando escutar novamente o ranger da porta fechando para retornar ao seu mais intimo ofício. Nesse estado de alerta - após uma batida firme da porta - um grunhido estressado e irritado. Ficou pensativo sobre o assunto, mas no final de contas resolveu apenas apagar sua lamparina e ir dormir também.

Viagem à Terra do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora