ALVORADA

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Meli acordou primeiro, decidiu que iria até o convés. Enquanto passava, admirou o sol nascer ao Leste, banindo a escuridão da noite e trazendo consigo os raios do glorioso amanhecer. Entretanto, a beleza não foi suficiente para disfarçar uma sensação estranha no ar; ela podia sentir que algum fator ainda oculto causava uma suspeita, não sabia definir. Sentiu frio repentinamente, muito mesmo. Estranhou que em apenas um dia já estavam em águas congelantes, como? Correu para a sala do cartógrafo, mas quem estava lá era Alexius, dormindo profundamente em uma cadeira simples. Queria muito acordar ele e perguntar o que estava acontecendo, mas a adrenalina que começou a correr em suas veias sem avisar forçou-lhe a fazer o contrário, correu de volta para o convés e subitamente foi paralisada pelo medo... O que era aquilo?

A nuvem era negra e os raios dançavam dentro dela, sapateavam no oceano e retornavam para casa, dança mortal e aterradora que vinha de encontro ao navio, o que fazer? Srta. Cartage tocou o sino, de novo e de novo, até que escutou algo mais alto que os trovões, som monstruoso que a deixou sem reação, apenas um olhar vazio para a escuridão. O sino parou, todos seguravam a própria respiração. O único som era o do mar, o da tempestade, e o da coisa.

O sino continuou tocando, acordando a tripulação. Saíram de suas salas com medo de um ataque pirata ou tempestade bruta, mas também foram socados no estômago pela sombra na tempestade, a forma em meio ao caos, a fera atrás da máscara, enorme calamidade. Meli se perguntava se todos os marujos que correram para ver o que estava acontecendo sentiram o mesmo que ela. Perguntava-se se os seres humanos tem um instinto oculto para sentir o perigo iminente e, ainda, depois de respirar bem fundo, perguntava-se se anos de treinamento teriam preparado-a para seja lá o que estava prestes a acontecer.

Viagem à Terra do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora