As luzes piscavam de forma incessante, pareciam cada vez mais próximas, mas para mim não poderiam estar mais longe. Meu coração espancava a minha caixa torácica como se quisesse sair dali e se entregar a pessoa na minha frente, minha respiração falhava toda vez que meus olhos encontraram com o rosto pálido e os lábios brancos que, com esforço sobre humano, balbuciava palavras desconexas para qualquer pessoa que se aproximasse dela. Seus olhos já não abriam mais e o real momento aconteceu quando fui empurrada para os lados, uma equipe de médicos, mas tudo aconteceu rápido demais para meu cérebro letárgico. Elas a imobilizaram, colocaram sobre uma espécie de prancha e levaram para o veículo, um deles me perguntava algo e apenas descobri que respondi quando meu corpo estava sentado no banco da ambulância.
Porque comigo? Porque com ela? Minha mão segurava a dela com uma força que não sabia ter, acariciava as costas de sua mão com meu polegar e permitia que as lágrimas escorressem e marcassem meu rosto. Durante o percurso, que foi bem mais longo graças ao trânsito ocasionado pela tempestade que se aproximava, pude observar o trabalho das pessoas que estavam ali em manter tudo bem até nossa chegada. Duas paradas cardíacas e uma demorou mais de três minutos para trazê-la de volta. Minha mente parecia desligada, mas eu contava tudo. Até suas respirações mais profundas e trabalhosas.
Ao chegar no hospital tudo pareceu correr ainda mais rápido. Retirada da ambulância, ela seguiu direto para a sala de parto, observava os enfermeiros correndo com a maca, as vozes altas e rápidas. Alguém tentava chamar minha atenção, balançava meu corpo pelos ombros, mas tudo que eu sentia eram lágrimas molhando meu rosto.
— Ela precisa de você agora. - ouvia a voz ao longe. Ela era mais baixa que as outras, mais doce até. Tentei focar meus olhos na pessoa que falava comigo e, pouco tempo depois, a imagem da obstetra se formou na minha frente. Uma das irmãs Patil, Padma, ao que tudo indicava. — Eu sei que é difícil, mas precisamos ir. Agora.
Seu desespero era meu desespero. Eu me sentia genuinamente fraca, quase como se estivesse enjoada, queria colocar algo para fora, mas não havia o que colocar, simplesmente não havia e, honestamente, duvidaria de mim mesma para fazer isso.
— Onde... Como? - as palavras desconexas deslizavam por meus lábios e mostravam minha inteira confusão que, juntas da minha expressão completamente desconexa das palavras. Senti suas mãos em meus braços, me ajudando a sair da ambulância, minhas pernas fracas quase não puderam me sustentar e, com meu corpo apoiado no da médica, segui até uma pequena sala e ela me entregou um pacote com roupas. Meus olhos iam do pacote em minhas mãos para o rosto da mulher.
— Se acalme, ela precisa de você. - a voz tornou a entrar por meus ouvidos, me passando a calma que não existia em mim. — Limpe o rosto, vista as roupas e venha logo, estaremos lhe esperando para começar. Não demore!
Sua última exclamação soou mais longe do que as anteriores e então fui deixada ali, com meus demônios rodando a cabeça e me permitindo pensar em momentos antes de tudo isso. Me dando conta do tempo que havia perdido, meu corpo agiu de forma automática. Minhas mãos levaram água em direção ao meu rosto e ele foi lavado, meus dedos desenrolaram a roupa e por fim estava completamente vestida, meus passos me levaram até a porta ao lado e o frio passou pela minha coluna, me arrepiando e, ainda que estivesse temerosa, dei o primeiro passo.
Minha respiração falhou no instante em que meus olhos bateram contra seu rosto. Ela estava desperta, seus olhos varriam o local em busca de alguma coisa e, ali, em seus olhos, a vi sorrir. Seu olhar transbordava de carinho e sua mão levantou em busca da minha. Andei o mais rápido que minhas pernas me permitiram. Segurei sua mão e sorri para ela, ainda que não pudesse ver devido a máscara que cobria meu rosto. O enfermeiro colocou um banco ao lado da cama, talvez tivesse reparado na fraqueza de minhas pernas antes mesmo de mim, mas não recusei, apenas me acomodei ali e deixei que minha mão iniciasse um carinho na sua.
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━ ❝Escritos de Alguém - One-shots Pansmione
Hayran KurguLivro voltado para One-Shots escritas por mim sobre o casal Pansy e Hermione. Todas as histórias aqui presentes foram escritas com o objetivo de exaltar esse casal maravilhoso para os fanfiqueiros e shippers de plantão. O livro se trata de uma ficçã...