Conclusões

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Quando vi Bella se movendo de novo não resisti, arranquei a boneca das costas de Eldric e dei-lhe um abraço muito apertado, então a segurei nos braços e meu sorriso se transformou em uma cara brava.

- Nunca mais use uma magia como aquela está ouvindo mocinha! - disse eu maternalmente, Bella assentiu sapeca e Eldric deu um sorrisinho silencioso e concordou comigo.

Voltamos para o quarto do comandante e Eldric me contou o que aconteceu depois de eu sair, seu pai lhe contou seus grandes e mirabolantes planos, disse que ele deveria assumir o posto de Comandante do Claw Stronghold, e aproveitou para proibi-lo de continuar viajando com o nosso grupo, depois foi a minha vez, eu expliquei a ele a história toda, desde que eu tinha ido procurar Camélia, sobre os generais reviverem, a magia que a bruxa fez para impedir e tudo mais, muito embora tenha pulado a parte da lambida que ainda me dava calafrios (principalmente por que ainda sentia a saliva seca no meu rosto por mais que tentasse limpar.) e também omiti a parte onde escutei Camélia dizendo que era mãe dele, se ela mesma não contou a ele, eu não me via no direito de contar, não sabia como ele reagiria se recebesse um bomba dessas através de mim. (Não é um típico assunto para café da manhã... - Bom dia, - - Ah bom dia, a propósito sua mãe é sua madrasta e sua mãe verdadeira é uma Elfa que você conheceu anos depois na floresta... Não. Definitivamente não devia contar!).

Conforme eu terminava de falar, Camélia entrou no quarto, ela parecia cansada e muito irritada, estava abatida e com olheiras marcando-lhe o rosto, sentou-se ao meu lado no sofá e ouviu o resto da história em silêncio.

Depois que eu terminei todos os detalhes do porque deveríamos salvar a bruxa, Eldric levou a mão ao queixo e franziu o cenho pensativo. "Cya, eu não sei..." decidiu, ''Bruxas são criaturas complicadas, ela pode ter te enganado, pode ter pego o poder do Ceyx para ela, para ficar mais poderosa... bom, ainda mais poderosa." Eldric gesticulava aos bocejos e levava a mão à boca com frequência mudando o significado de algumas sequências para "Peixe", "Sementes" ou "Banquete" mas meu tradutor universal me permitia diferenciar os gestos de fala dos gestos normais com precisão, eu mesma estava cambaleando de sono, Bella ouvia a conversa sentada no braço do sofá do comandante e balançando os pezinhos, e traduzindo o que ele dizia para Camélia.

- Eldric tem razão, não podemos confiar naquela criatura, muito menos permitir que se torne mais forte. - Enfatizou a elfa bruscamente depois que Bella terminou de traduzir.

- Mas se ela pegou o poder dele... - Mostrei o frasquinho de poção com a chama vermelha dentro, o fogo não emitia luz. - Por que ela deu ele para mim? - insisti teimosa e sonolenta.

Eldric fitou as chamas pensativo, Camélia estreitou os olhos para as chamas como se tivesse uma ideia do que poderia ser, Bella sorriu e fez menção de pegá-las, eu guardei o frasco de volta na mochila. "Olha..." moveu-se Eldric. "Está tarde, tivemos um dia cheio e eu preciso pensar sobre isso. Vamos dormir e continuaremos a conversa amanhã ok?"

- Ok. - Bocejei eu.

- Mas eu acabei de acordar. - protestou a boneca depois que terminou de traduzir.

Todos fomos dormir, Eldric se acomodou no sofá que havia no quarto com Bella sobre ele, apesar da reclamação ela ainda estava um pouco sem energia, mesmo após o longo sono, eu me deitei na cama larga e dura do comandante, Camélia apenas afagou o cabelo do filho e se sentou no chão encostada no sofá onde dormiu, sentada mesmo, no chão duro de pedra, antes que eu pudesse lhe dizer para dividir a enorme cama comigo. Enquanto tentava dormir lembrei-me da batalha, de como Thelonious e várias outras pessoas tiveram mortes horríveis, de como o enorme homem porco foi arremessado contra a parede ao meu lado, da forma como sorriu em seus últimos momentos, como justo eu, a mais descoordenada e sem nenhuma experiência de combate saí sem nenhum arranhão? Aquelas cenas horríveis se repetiam de novo e de novo na minha cabeça, o sono custou a chegar, depois de todo o barulho do combate, da pressão e expectativa para o amanhecer, todo aquele silêncio parecia de certa forma funesto, errado até, não havia relógio ou celulares naquele mundo então não tinha como saber as horas, mesmo relógios eram raros( o único que tinha visto até agora foi no escritório do Prefeito Segundo), conforme a noite avançava mais uma vez insone, as velas foram derretendo e se apagando uma a uma, tornando o quarto gradualmente mais escuro, até a lareira se apagou depois de um tempo, deixando apenas brasas acesas queimando lentamente, lá fora a escuridão devorava o mundo em um pacifico silêncio, por que isso me incomodava? Depois de horas deitada me virando de um lado para o outro na cama eu finalmente peguei no sono, já com os olhos ardendo e a cabeça girando. E é claro, um sonho que me transportou para outro lugar.( eu já quase começava a me acostumar.)

Laggo: O Livro das ErasOnde histórias criam vida. Descubra agora