Laggo: O Livro das Eras

Epílogo

Eu sei o que vocês estão pensando, ela não pode ter morrido, está contando a história certo?

Bom eu mencionei que o Livro das Eras escreve a história como se eu estivesse escrevendo? mas eu de fato repeti todas estas palavras aqui no meu Notebook e as coloquei disponíveis para que outras pessoas lessem. Tentei o máximo que eu pude manter o livro igual ao que eu segurava quando estava lá. cada frase, cada verso, a poesia foi particularmente difícil para mim, lembrar de todas aquelas rimas.

Mas respondendo a sua pergunta não eu não morri... eis o que aconteceu.

Conforme meus sentidos me abandonaram, eu me senti leve, como se flutuasse, então de tudo escuro eu pude ver as estrelas, eu estava novamente flutuando no meio do espaço, não conseguia respirar como da outra vez, passei por enormes fragmentos como se um gigantesco espelho que refletia as estrelas tivesse se quebrado então eu me virei, e a terra estava a minha frente, estava de noite e uma vasta teia de aranha de luzes era a única coisa que eu via no planeta abaixo, então comecei minha descida meteórica de volta ao meu mundo, estava muito escuro mas consegui distinguir a vaga silhueta da minha cidade abaixo de mim, eu atravessei como um fantasma o teto da minha faculdade e caí no mesmo lugar de onde tinha sido arrancada. meu celular caiu segundos depois de mim, estava inteiro mas quebrou a tela quando caiu e a película vagabunda que eu comprei na promoção não conseguiu proteger a tela. Eu estava também de volta com minhas roupas que eu usava quando fui, com apenas alguns rasgos aqui e ali.

Eu tinha voltado para o nosso mundo e tudo parecia normal, descobri que era uma terça feira comum, devia ser umas oito horas da noite, pessoas passavam na rua voltando para suas casas ou se dirigindo para bares e restaurantes enquanto eu cuja bicicleta ainda estava acorrentada na faculdade depois de todo aquele tempo pedalava de volta pra casa.

Uma investigação tinha sido aberta por minha causa, minha mãe começou a chorar quando eu entrei pela porta, aparentemente pensavam que eu tinha fugido ou tido um colapso nervoso por causa das provas do meio do ano, meus amigos vieram a minha casa no meio da noite para se certificar que eu estava bem, Janete começou a chorar quando me viu. Naquela noite eu fui dormir na minha cama, depois de comer a comida da minha mãe, e depois de chorar até dormir. todo o choque do que tinha acontecido desde que eu caí naquele mundo bizarro me atingiu de uma só vez. nas semanas seguintes eu tentei voltar para a minha rotina, o que foi difícil por que a polícia não parava de me chamar para dar depoimento atrás de depoimento sobre o meu desaparecimento. Eu não podia dizer a eles que fui sequestrada magicamente para impedir o cometa halley de destruir a terra, então a história oficial foi que eu fugi de casa mas me arrependi e voltei. eu devo ter passado meses lá, mas apenas dois dias tinham se passado no mundo normal. Bizarro.

Depois de uma semana e meia que eu tinha voltado, comecei a escrever o livro no meu Notebook, e agora fico usando o meu telescópio para olhar o cometa que se aproxima, tudo aquilo que eu passei parece apenas um sonho febril, as veses eu me pergunto se realmente aconteceu, mas aí anoitece e eu sei que tudo era real, eu tentei mostrar pra minha mãe e para os meus amigos, apontei até o telescópio direto para ela, mas nenhum deles conseguia ver, só eu.

Eu consigo ver, flutuando no céu noturno, um mundo paralelo ao nosso.

Allgard ainda está lá.

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