Laggo: O Livro das Eras

O Forte da Garra: Cerco

Os olhos azuis de Camélia caiam sobre mim como faróis, como se se esforçasse para enxergar meus pensamentos, estávamos cercados e enclausurados em um forte pequeno e lotado de gente, Bella podia nunca mais acordar, e meu livro de confiança acusava que alguém ia me matar, e eu estava tendo meu segundo ataque de pânico, meu coração batia como louco e minha respiração se tornou pesada, como se o oxigênio não alcançasse mais meus pulmões, minha visão começou a escurecer, minha cabeça a girar e meus ouvidos a abafar o som, eu podia sentir minha pressão sanguínea aumentando, meus olhos tomados de lágrimas.

- Senhorita Alcyone? O que ouve? Vós estais pálida... - Camélia se abaixou ao meu lado, a águia nos ombros batendo as asas para se equilibrar, Eldric ergueu os olhos da boneca e me olhou preocupado "Cya?" sinalizou meu nome como um três alemão (contando a partir do polegar) depois os punhos fechados virados pra cima e levando o dedo ao queixo para indicar a pergunta.

Eu tentei respirar, tentei pensar, tentei me concentrar em alguma coisa, podia ouvir tambores rufando à distância soando acima do abafado nos meus ouvidos, tocados pelo exército de monstros horríveis e assassinos que se aproximavam passo a passo, - Se...ita...one...- dizia a voz abafada da elfa, - ... ... - o mundo parecia fechar a minha volta, minhas mãos suavam, tudo isso somado a sensação de estrangulamento que eu senti quando li o livro, minha visão continuava escurecendo, enquanto Camélia me dizia alguma coisa que eu não podia mais ouvir, tentei pensar, tentei respirar, - Eu vou... - disse eu sem fôlego apesar de respirar pesadamente, olhei desesperada para o livro que passou algumas páginas vagarosamente mostrando a constelação de órion, depois as estrelas da constelação de touro, olhei para cima por entre as nuvens e vi as estrelas, a terra também estava lá, minha respiração diminuiu o ritmo, as constelações eram as mesmas, o céu apesar da terra estar nele também era o mesmo. minha visão começou a clarear, o livro virou mais uma página e mostrou as Plêiades, como sempre com Alcyone faltando. "vê aquelas estrelas azuis..." disse a voz do meu pai no fundo da minha mente, Obrigado, agradeci silenciosamente.

"Cya? você está bem?" gesticulou Eldric ao meu lado.

- Estou melhor agora, - disse eu me levantando. - Vamos ver o comandante. -

Camélia nos levou pelo forte enquanto eu continuava perplexa quanto a previsão da minha morte, sufocada por alguém de olhos azuis, o problema: quase todo mundo tinha olhos azuis. Eldric tinha lindos olhos verdes, muitas outras pessoas também, outras tinham olhos de cores estranhas como roxo ou cinza mas a grande maioria tinha olhos azuis em centenas de tons do escuro ao claro, mas todos eles azuis (o estranho era que ninguém tinha olhos castanhos.). Era como se o livro dissesse ok Cya você vai morrer e o assassino pode ser qualquer uma dessas oitocentas pessoas.

Eu estava com a cabeça tão cheia que nem vi quando chegamos à porta de uma das torres do forte, do alto das escadas podia ver por cima dos muros o exército de Ceyx se aproximando como uma serpente negra sobre os campos cada vez mais escuros, não carregavam tochas ou bandeiras, mas o som dos tambores crescia conforme se aproximavam. Eldric estava atrás de nós segurando Bella nos braços. Por ordem de Camélia, Quina a águia, havia pousado no topo da torre para onde nos dirigimos, - {é falta de educação entrar com uma águia nos aposentos do capitão} disse ela aos protestos do enorme pássaro, que piava e sacudia as asas renitente. os homens parados à porta nos deixaram passar sem fazer perguntas ou nos deter, Camélia porém, nos deteve em uma ante-sala depois de passar por eles, ela se virou com o que antes eu achasse que seria ela me fuzilando com o olhar, mas que agora eu sei que era apenas o olhar normal da elfa.

- Espere um minuto, a senhorita não pode ver o comandante neste estado. -

- Em que estado? - perguntei fingindo inocência.