Capítulo 4 - Intrigante

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Intrigante — Que ínsita curiosidade; que consegue surpreender.

O detetive Crowley remexeu em seus papéis sobre a mesa, procurando alguma alusão ao diário de Harper King, mas sem encontrar nada.

— Está me dizendo que Harper tinha um diário em seu quarto?

— Sim. — Ethan Coleman confirmou com a cabeça.

— Fizemos uma busca completa em seu quarto e não foi encontrado nenhum diário.

O rapaz deu de ombros.

— Você viu esse diário novamente depois daquele dia?

— Não.

— Harper comentou com você sobre o diário alguma vez ou sobre o roubo do primeiro diário, fez alguma suposição, acusou alguém?

— Não.

— O que acha que aconteceu com o segundo diário? Acha que pode ter sido roubado como o primeiro?

— O senhor é o detetive aqui.

Crowley disfarçou um suspiro impaciente. Sim, ele era o detetive, mas aquele caso estava cada vez mais intrigante.

Ele mirou novamente o suspeito. Ainda podia continuar chamando-o assim?

Não sabia dizer, talvez ainda fosse cedo para fazer suposições.

Ele precisava ouvir mais daquela história...

Depoimento de Ethan Coleman

Algumas vezes na vida você se vê numa situação totalmente estranha e se perguntando como foi que chegou até ali. Era assim que eu me sentia, sentado num dos melhores restaurantes da cidade, esperando Harper King.

Olhava em volta, enquanto os garçons, meus companheiros de infortúnio, transitavam entre as mesas repletas de pessoas ricas e bem vestidas.

Será que eles sabiam que eu era um deles? Que, naquela noite, vestindo um terno emprestado do meu amigo Tyler, presente de sua fashionista namorada maluca, eu nada mais era do que uma farsa?

Eu ainda me perguntava que diabos estava fazendo ali, quando ouvi o som inconfundível de saltos altos se aproximando e levantei o olhar para ver Harper King materializada em frente à mesa, ao lado do maître que parecia estar recepcionando a própria rainha da Inglaterra, enquanto afastava a cadeira para ela sentar.

Aproveitei aqueles segundos para medi-la, apreciando o vestido preto de veludo que abraçava seu corpo. Mangas compridas e decote canoa que deixava a clavícula à mostra. Quem diria que clavículas poderiam ser sexys.

Eu queria beijá-las.

— Espero que tudo esteja ao seu contento, senhorita King. — O homem praticamente fazia reverências. Harper parecia não se importar.

Distante como a realeza, certamente.

Linda como uma rainha de verdade.

Seus cabelos estavam presos num coque frouxo, o que era quase lamentável. Os olhos muito bem maquiados se prenderam em mim com um brilho de divertimento, enquanto o pobre homem continuava a listar todas as maravilhas do lugar.

— Acho que a senhorita King já entendeu. — Eu o cortei, só então ele pareceu me notar. E limpando a garganta com um pigarro, sorriu solícito.

— Querem ver a carta de vinho, senhor...?

Olhei para Harper levantando a sobrancelha interrogativamente.

— Vinho seria bom. — Sua resposta pareceu satisfazer o maître, que se afastou com meneios exagerados.

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