Capítulo 7 - Intocável

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Intocável — em quem não se pode tocar, intangível

— Então está dizendo que a namorada de King ameaçou Harper naquela festa? — Crowley pergunta para Ethan.

— Não diria que foi uma ameaça — Ethan respondeu simplesmente.

— Mas você disse que ela deixou claro que Harper era contra seu envolvimento com o pai e que se ela continuasse no seu caminho iria se arrepender. E logo depois Harper jogou bebida na cara dela. Acho que Dana poderia ter ficado furiosa o suficiente para fazer algo para tirar a filha de Grayson do jogo e assim continuar seus planos de conquista.

— Você que está dizendo. — A resposta de Ethan, sem entonação nenhuma, irritou o detetive.

— Harper te disse por que jogou bebida na cara da namorada do pai?

— Não.

— Não perguntou isso a ela depois que saíram da festa?

— Não.

Crowley disfarçou a irritação.

— Acha que devemos considerar a namorada de Grayson King como suspeita?

— Isso é o seu serviço, senhor Crowley — desta vez, os cantos da boca do rapaz se levantaram ligeiramente num divertimento irônico, que passou despercebido ao detetive, que examinava suas anotações em busca da próxima pergunta a fazer ao interrogado.

— Certo. Pedi uma busca no quarto de Harper. Se o diário existe. Ele será encontrado. E talvez lá estejam as respostas que estão faltando. Agora continue. O que aconteceu naquela noite depois que tirou Harper da festa?

Depoimento de Ethan Coleman

Eu parei a moto em frente ao rio Charles.

Estava escuro e totalmente deserto àquela hora. Era um lugar que eu gostava de ir quando queria ficar sozinho. E eu queria ficar sozinho com Harper.

Saltei e a ajudei a fazer o mesmo. Ela olhou em volta e pousou os olhos em mim.

Nunca pensei que uma pessoa pudesse parecer furiosa e desamparada ao mesmo tempo. Mas era assim que ela me parecia naquele momento.

— Onde estamos?

— Está com medo?

Ela mordeu os lábios franzindo os olhos como se ponderasse.

— Devo ter medo de você?

Eu me afastei e tirei o paletó e coloquei no chão, me sentando sobre ele.

— Depende do que a faz ter medo.

Ela não respondeu. Apenas se aproximou e sentou ao meu lado.

Ficamos em silêncio por um tempo. Eu queria saber o que havia acontecido entre ela e seu pai naquela noite, mas não seria inteligente perguntar.

Algo que eu começava a aprender sobre Harper King era que ela era mais esquiva que um gato.

— Acha que pareço com meu pai? — Indagou baixinho depois de um tempo.

— O quê?

— Você disse quando discutimos por causa de Giana que eu era bem filha do meu pai.

— Eu não conheço seu pai.

— Não quero ser como ele. — Sua voz vacilou.

— Então não seja.

— Acha que posso escolher? — Ela me fitou com os olhos atormentados

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