Capítulo 11 - Trecho do diário de Harper King

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24 de julho

É normal sentir- se tão bem e tão mal ao mesmo tempo?

Por um lado, minha vida continua a mesma merda de sempre, tirando alguns itens adicionais, como a puta que meu pai está comendo. Dana seria patética e eu estaria rindo da cara dela neste exato momento, mas parece que essa garota é mais esperta do que as outras vadias do meu pai. Ela acha que vai conseguir um anel no dedo, isso ficou claro hoje de manhã, quando eu acordei e a encontrei na mesa do café da manhã simplesmente dando ordens aos empregados. E ela ainda teve a ousadia de sorrir pra mim e dizer que queria ser minha amiga afinal "em breve serei sua mãe". Bom, eu poderia tê-la tratado como as outras e ignorado sua presença, mas quando ela disse essa idiotice eu não resisti e falei exatamente o que pensava dela. Ela ficou muito puta, mas não estou nem aí. Antes que eu pudesse sair da mesa, meu pai apareceu e disse que hoje teria uma festa em casa para sua nova namorada. Ok, a tal de Dana é realmente muito esperta para conseguir algo assim tão rápido. Mas o que ela não sabe é que Grayson King é mais esperto que uma cobra cascavel e assim que ele se cansar de sabe lá o que ela deve fazer muito bem para mantê-lo interessado, ele a colocará para fora da sua vida sem nenhum arrependimento. Grayson é assim. Ele só se importa com seu dinheiro. E infelizmente, comigo. Eu não estava nem um pouco a fim de participar daquela festa, mas sabia que não ia adiantar nada me rebelar e não ir. Grayson me colocaria num vestido de grife e me arrastaria escada abaixo ele mesmo se fosse preciso.

Mas agora eu tinha um trunfo. Um motivo para irritar meu pai e fazê-lo ver que eu não era sua marionete sem vontade. Eu tinha um namorado chamado Ethan Coleman. Sinto vontade de sorrir ao me lembrar do nosso jantar de ontem. Ele era mesmo um cara legal. Muito legal. Mais legal do que seria necessário na verdade. Inferno, eu não queria ter nenhum tipo de simpatia por aquele cara. Ele era apenas o garçom bonito que eu pagava para fingir ser meu namorado. Mas ontem à noite eu me vi conversando com ele como se estivéssemos mesmo em um encontro. E hoje foi a mesma coisa. Realmente me diverti pela primeira vez na vida em uma loja. E acho que isso talvez tenha um pouco a ver com o fato dele ficar muito gato em um smoking. Muito gato mesmo. E depois teve aquele momento estranho quando ele perguntou se ia ter que me beijar. De verdade, não esperava ficar excitada apenas com a simples sugestão de um beijo. Não mesmo. Mas naquele momento eu quis que ele me beijasse. E isso me assustou pra caramba. Eu não deveria querer essas coisas com aquele cara. Por mais legal e lindo que ele fosse.

Mas daqui algumas horas ele estará aqui para o maldito jantar para a vadia do Grayson. E só de pensar nele do meu lado, todo lindo num smoking e fingindo ser meu namorado, sinto meu coração disparar de ansiedade.

E medo.

Um medo tão grande que eu nunca senti na vida.

26 de julho

Esta foi a primeira noite que eu sonhei com Ethan Coleman.

Nós andávamos por uma floresta escura. Eu o seguia sentindo muito medo de me perder, mas eu me esforçava para não o perder de vista até que chegamos ao rio Charles. Ele me despia e me levava para dentro do rio. Eu queria desesperadamente que ele me tocasse, como tinha feito de verdade naquela noite. Como eu havia implorado que ele fizesse. Mas ele apenas ficou me olhando sem nada dizer. Por que não me tocava? Então achei que talvez tivesse esperando meu consentimento. Mas quando abri a boca para falar, ele mergulhou nas águas escuras e desapareceu. Eu o chamei muitas vezes, olhei para todos os lados. Mas Ethan tinha desaparecido. Eu estava sozinha naquele rio.

Acordei assustada e com um vazio horrível no peito. Por um momento imaginei nunca mais ver Ethan. Afinal, era isso que meu pai queria. Era o que ele tinha gritado para mim, tanto naquela noite da festa quando me arrastou para fora e vomitou todas as suas ordens ridículas em cima de mim, quanto na manhã de ontem quando voltei da casa de Ethan.

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