" O mundo é mais colorido quando você sorri. "
O quarto estava silencioso. Meu cobertor cobria-me dos pés a cabeça enquanto eu respirava fundo encarando aquele edredom amarelo tão aconchegante. Que horas eram? Eu não sabia, mas torcia para que fosse tarde.
Aguardei pacientemente até que Treasure do Bruno Mars começou a tocar ocupando todo o quarto. Joguei o edredom para meus pés e dei o meu primeiro sorriso do dia. Finalmente era segunda-feira!
Ergui meu tronco ficando sentada na cama e senti meus cabelos caírem sobre meus ombros.
ㅡ Hm. ㅡ Emiti o som quando ergui os braços me espreguiçando. Eu havia dormido bem apesar da minha ansiedade.
A música ainda soava, então me levantei da cama e corri para abrir as cortinas. O dia lá fora era de sol, o que me deixava feliz. Dias de sol sempre me alegravam. Mas isso não era muita novidade. A maioria das coisas me deixava alegre e com um sorriso largo. Na verdade, eu amava sorrir. Eu sempre acreditei que um sorriso pode transformar um dia ruim num dia melhor.
Virei-me para meu quarto ainda sem decoração e abracei os meus próprios braços. Faziam dois dias que meus pais e eu havíamos nos mudado para o interior do Rio de Janeiro. Nós morávamos na capital do Rio desde que eu me lembro. É a primeira vez que nos mudamos. Ou seja, é a primeira vez que encararei uma escola nova.
Eu estava no meu último ano, mas já era abril, então vou entrar numa turma na qual todos já se conhecem. Isso me amedronta um pouco, mas eu gosto de ter pensamento positivo e acreditar que tudo vai correr bem.
ㅡ Elisah? ㅡ A voz da minha mãe me tirou de meus pensamentos. A imagem da minha mãe na porta do meu quarto me fez sorrir de novo. Se não fossem mãe e filha, seriam gêmeas - meu pai costumava dizer.
Eu havia puxado tudo da minha mãe. Seus cabelos loiros, seus olhos tão brilhantes, seu sorriso fácil e seu bom humor.
ㅡ Sim? ㅡ Voltei até a cabeceira da cama e desliguei a música que ainda tocava.
ㅡ Por que está acordada tão cedo? Você vai estudar de tarde. ㅡ A mesma perguntou parecendo confusa.
ㅡ Eu sei, mas estou ansiosa demais para dormir. ㅡ Sentei-me na cama.
ㅡ Ansiedade no primeiro dia de aula é mais do que normal, querida. ㅡ Ela abriu totalmente a porta. ㅡ Desça para tomar café.
ㅡ Sim, senhora. ㅡ Assenti e logo ela saiu dali.
Comecei a observar o meu quarto que ainda tinha suas paredes brancas e lisas. Nenhuma corzinha sequer brilhava no meu quarto, apenas minha cama.
Uma ideia pintou em minha cabeça e eu imediatamente me levantei da cama. Saí do quarto entrando logo no banheiro que era do outro lado do corredor, bem de frente ao meu quarto. Uma grande sorte. Um dos meus maiores medos era escuro. Okay! Eu sei que já tenho 18 anos e isso é idade suficiente para não se ter medo dessas coisas. Mas diga isso para meu coração disparado e minhas pernas trêmulas quando quero ir ao banheiro de madrugada.
Nosso banheiro era até que grande, comparado ao nosso antigo banheiro que mal cabia uma pessoa em pé. A única coisa que eu achei bem estranha foi o fato da janela ser no box e ser bem grande. Para que? Os vizinhos tem visão do nosso banheiro inteiro.
Acabei rindo imaginando que eu teria que tampar essa janela toda vez que fosse tomar banho. E foi isso que fiz. Voltei ao quarto e peguei um lençol amarelo que eu tinha guardado. É, perceberás que quase tudo que eu tenho é amarelo.
Tentei pendurar o lençol, mas não consegui. Acabei pegando um banquinho e subi no mesmo tentando não me desequilibrar.
Em cima do banco, enquanto minhas pernas tremiam, eu ri de mim mesma imaginando que poderia levar um belo de um tombo ali.
ㅡ Ai, o que eu estou fazendo? ㅡ Murmurei esticando o lençol e automaticamente olhei lá para fora. Senti que cairía quando vi um garoto na janela da casa vizinha. O mesmo me observava parecendo confuso e eu acabei pisando errado no banco.
Por sorte, segurei na janela fazendo a careta mais aterrorizante possível. Minha vergonha foi tanta que eu nem tive coragem de olhar novamente para o garoto. Cobri a janela com o lençol o mais rápido que eu pude e prendi na parte de cima.
Desci do banco antes que eu levasse um tombo e encarei o lençol.
ㅡ Que vergonha. ㅡ Comecei a rir de mim mesma novamente e passei a mão na testa. ㅡ Quase bati a cabeça no box e ainda passei vergonha na frente do cara.
Balancei a cabeça em negativa e fechei a porta do banheiro. Tomei um banho enquanto imaginava como seria meu colégio e minha turma. Seriam eles legais? Encontraria eu novas amizades? Será que os professores são legais? Ou será que ninguém irá com a minha cara?
Passei as mãos no rosto enquanto sentia a água cair sobre minha cabeça.
ㅡ Sem pessimismo, Elizah. ㅡ Murmurei para mim e continuei o meu banho.
Me sequei, amarrei uma toalha no meu corpo e na minha cabeça e saí do banheiro indo em direção ao meu quarto novamente. Não era difícil para mim na hora de escolher uma roupa. A maioria das amigas que eu tinha levavam horas só para decidir um look. Eu não me importava tanto com isso.
Acabei vestindo uma jardineira jeans de tecido azul claro, uma blusa amarelo mostarda com bolinhas brancas e meu all star. Sequei o cabelo e não me importei de sair com o rosto limpo. Levei apenas minha carteira quando dei tchau aos meus pais e saí de casa.
Nossa nova casa ficava num bairro que era bem tranquilo durante o dia. Os carros passavam, pessoas passeavam com cachorros, algumas davam uma corrida e outros ficavam apenas no quintal de suas casas. Mas durante a noite era bem barulhento. Pelo menos, naquele fim de semana, ocorreram festas tanto no sábado quanto no domingo. Festas que duraram até de madrugada e que faziam varias garotas e garotos da minha idade passarem em frente da minha casa bêbados.
Eu não me incomodava. Na verdade, era até engraçado ver como a amiga responsável tinha que lidar com a amiga bêbada que mal ficava firme sobre seus pés.
Aquilo com certeza não era para mim. Eu me sentiria deslocada nesse tipo de evento. Mas não critico quem gosta. A maioria dos jovens da minha idade parece se divertir em ocasiões assim. Então, se os deixa feliz, tudo bem.
Respirei fundo e logo soltei outro sorriso encarando a minha rua. Eu pretendia ir até o centro da cidade, que não era longe, para comprar algumas coisas para decorar o meu quarto. Voltaria antes das 10h, arrumaria o que desse e logo me arrumaria para o colégio.
Saí fechando o portão e comecei a caminhar pela calçada distraída. Observava as linhas da calçada quando parei bruscamente. Alguém estava saindo de bicicleta da casa ao lado.
Levantei o olhar de imediato e encontrei o rosto daquele mesmo rapaz que estava na janela.
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Continua...Espero que gostem♡ a personagem é realmente um pouco diferente, mas vocês vão entender nos próximos capítulos.
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Amarelo, a nova cor do Amor - DEGUSTAÇÃO
Romance" O mundo é mais colorido quando você sorri. " Elizah dizia isso com muita convicção e com grande sensação de bem estar no peito. Já com seus 18 anos, Elizah havia crescido com o pensamento de que o mundo só seria mais bonito se as pessoas fossem m...