13_ Thank you my brother!

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Abaixei a cabeça sentindo-me tímida e afundei meu rosto no livro.

Passaram-se minutos enquanto eu e Daniel permanecíamos sentados embaixo da árvore. Ele com a revista que eu comecei a achar que era uma daquelas com charadas, caça palavras e essas coisas e eu com o livro na qual estava quase terminando. Sim! Eu estava terminando um livro que eu li porque quis. Nem conseguia acreditar.

Dividi com Daniel os morangos e também os biscoitos de Nutella que ele adorou. Na verdade, ele comeu quase todos.

ㅡ Aii! ㅡ Esqueci-me onde estava e dei um gritinho quando o Noah se declarou para a Jennie na rede da casa na floresta que eles estavam. Meu grito fez Daniel dar um pulo. ㅡ Desculpa! ㅡ Comecei a rir do mesmo.

ㅡ Vingança isso? ㅡ Ele perguntou rindo.

ㅡ Talvez. ㅡ Sorri voltando a olhar para o livro.

ㅡ O que está lendo? Terror? ㅡ O encarei. ㅡ Pelo grito que você deu.

ㅡ Não. ㅡ Ri de novo. ㅡ Romance. Isso foi só... um surto porque o garoto se declarou para a menina. ㅡ Tentei explicar.

ㅡ Deixa eu ver. ㅡ Daniel pegou o livro e começou a ler a página em que eu estava. ㅡ " Você foi a melhor coisa que me aconteceu. O fato de eu ter te conhecido fez com que esse verão se tornasse o melhor da minha vida. ㅡ Olhei para Daniel enquanto ele lia. ㅡ Seus olhos iluminaram minha vida, seu sorriso alegrou os meus dias, seus beijos transformaram meu coração. O verão está acabando, mas meu amor por você durará para sempre. " ㅡ Eu não estava sorrindo mais. Estava analisando o rosto dele enquanto ele falava. Assim que ele terminou, o mesmo olhou para mim e por uns segundos um silêncio pairou.

Me senti sem graça e por isso abaixei a cabeça e olhei para a frente onde uma garota vinha na nossa direção. Sua expressão era de tédio enquanto ela mascava um chiclete.

A garota era a mesma que eu perguntei onde era a diretoria no primeiro dia e me tratou com desprezo.

ㅡ Daniel? ㅡ Ela parou na nossa frente  com os braços cruzados e suas pálpebras na metade dos olhos. Sabe o olhar da Billie Elish? Então, só que mais entendiante.

Ambos olhamos para ela e só aí ela pareceu notar minha presença.

ㅡ O que foi? ㅡ Daniel encarou a garota.

ㅡ O que está fazendo com a Pikachu? ㅡ Ela fez uma careta.

ㅡ Conversando ué, ela é minha amiga. ㅡ Ele deu de ombros rindo. ㅡ O que você quer?

ㅡ Sua amiga? ㅡ Ela deu uma risada curta. ㅡ Você tem cada gosto. ㅡ Abaixei minha cabeça.

ㅡ Você veio aqui para falar algo importante ou para ofender a Elizah? ㅡ Daniel encarou-a seriamente.

ㅡ Ok. ㅡEla ergueu as mãos. ㅡ Você já está liberado?

ㅡ Aham. ㅡ Ele assentiu. ㅡ Vou para casa depois do intervalo.

ㅡ Pode levar o chatinho para o jogo hoje? ㅡ Ela descruzou os braços e coçou a cabeça enquanto batia um dos pés levemente no chão.

ㅡ Por que? Hoje é seu dia.

ㅡ Eu tenho um trabalho importante para fazer e uma prova de biologia amanhã. Você sabe que sou péssima em biológicas. ㅡ Ela murmurou. ㅡ Tenho que estudar. Você leva ele?

ㅡ Levo. Vou chegar em casa mais cedo mesmo, posso adiantar minhas coisas. ㅡ Ele respondeu.

ㅡ Thank you my brother! ㅡ Ela sorriu e antes de virar as costas olhou para mim com aquele mesmo olhar de desprezo. O que ela tinha contra mim?

ㅡ Sua irmã? ㅡ Perguntei quando ela se afastou.

ㅡ É. ㅡ Ele assentiu.

ㅡ Sinto que ela é só mais uma das pessoas desse colégio que não foram com a minha cara. ㅡ Comentei pegando o livro de volta da sua mão e o guardei quando ouvi o sinal do fim do intervalo tocando.

ㅡ Não é nada com você. Minha irmã não gosta de pessoas mesmo. ㅡ Ele falou comendo mais um biscoito. ㅡ É,  você conseguiu me fazer encher. ㅡ Ele tocou a barriga. ㅡ Isso raramente acontece.

ㅡ Obrigada por me ajudar a comer tudo isso. Se bem que ainda tem. ㅡ Olhei para os dois potes. ㅡ Meus pais não gostam muito, vai acabar estragando lá em casa.

ㅡ Dá pros funcionários do colégio. Zezinho, as tias do refeitório, os professores. Eles não vão negar. ㅡ Daniel sugestionou.

ㅡ Ótima ideia. Você me ajuda?

ㅡ Claro. ㅡ Ele sorriu. 

Nós dois nos levantamos e distribuímos o que havia restado para alguns funcionários do colégio. Não pude deixar de notar que eu recebia vários olhares negativos de várias garotas, o que me incomodava pois eu não tinha nada contra nenhuma delas.

Quando terminarmos, saímos do colégio e eu fiquei feliz ao ver o sorriso de Zezinho agradecendo pelos morangos.

ㅡ A sua mãe fez tudo aquilo só para você? ㅡ Daniel perguntou enquanto caminhávamos de volta para casa.

ㅡ Na verdade... ㅡ Cocei a cabeça. ㅡ Eu ia ficar sozinha em casa hoje e ela disse que eu poderia chamar umas amigas lá para casa. Mas, eu ainda não consegui fazer nenhuma amiga. Então eu acabei trazendo. ㅡ Forcei um sorriso.

ㅡ Não ter feito nenhuma amiga te deixa chateada?

ㅡ Não. ㅡ Balancei a cabeça. ㅡ É claro que seria legal ter uma amiga, mas está tudo bem. ㅡ Dei com os ombros. Aquilo era meio mentira, mas no fundo eu mesma queria acreditar naquilo.

Eu tinha na minha cabeça que eu precisava ser positiva até nos momentos ruins. Que eu precisava estar sempre com um sorriso e encarando sempre o lado bom de tudo. Então eu estava tentando ficar bem apesar de não ter nenhuma amiga. Em breve eu faria.

ㅡ Qualquer coisa eu estou aqui. ㅡ Ele me sorriu de forma amigável. ㅡ Não sou uma garota, mas posso sair com você, fazer skincare, assistir barbie, sei lá. Até você fazer uma amiga pode contar comigo.

ㅡ Sério? ㅡ Ri olhando para ele.

ㅡ É. Eu já fiz isso para minha irmã quando ela passou por um momento difícil. Não é de todo ruim. Minha pele ficou bonita e eu decorei todas as músicas dos filmes da Disney. ㅡ Ele falou passando a mão no rosto e eu acabei rindo de novo.

ㅡ Seria legal, mas meu pai não gosta que eu receba garotos lá em casa. ㅡ Imitei a voz do meu pai.

ㅡ Ah entendo. ㅡ Ele assentiu. ㅡ Bem, mas quando precisar de companhia para alguma coisa, pode me chamar. Você tem meu número?

ㅡ N-não. ㅡ Gaguejei e ele sacou o celular do bolso. Daniel me estendeu o mesmo para que eu colocasse meu número e assim eu fiz. Segundos depois ele me ligou para que eu pudesse salvar seu número.

ㅡ Qualquer coisa pode me mandar mensagem. Sei como é se sentir sozinho e não é nada legal. ㅡ Ele riu enquanto andávamos.

ㅡ Obrigada. ㅡ Meu tom foi um pouco mais baixo, o que o fez me olhar. ㅡ Por estar sendo tão legal comigo. Eu realmente estaria bem solitária naquele colégio se não fosse por você.

ㅡ Não tem que me agradecer por isso, Elizah. Como eu disse, você é uma garota muito legal. Me aproximar de você não está sendo nenhum sacrifício para mim. ㅡ Ele parou de andar e eu notei termos chegado. ㅡ O pessoal vai acabar enxergando quem você é uma hora ou outra e aí todos vão querer ser seus amigos.

ㅡ Ah, tem certeza? ㅡ Ri.

ㅡ Está rindo? Estou falando sério. ㅡ Ele riu também. ㅡ Vai ver só que estou certo. ㅡ Ele se afastou um pouco. ㅡ Mas quando isso acontecer não é para me substituir não, ok? Eu fui o primeiro então tenho que ser o melhor amigo.

ㅡ Ah ok. ㅡ Ri enquanto ele se afastava.

ㅡ Até amanhã!

ㅡ Até! ㅡ Acenei com um sorriso e me peguei me perguntando como ele sabia me fazer sentir tão bem comigo mesma.

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Continua...

Amarelo, a nova cor do Amor - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora