Naquele momento eu senti a mesma sensação estranha que ele me causou ontem na chuva.
Meu coração pulsou mais forte só de tocar minha mão na dele. Seus olhos emitiam uma luz tão simples e singela, mas ao mesmo tempo me causava conforto.
Era difícil para mim tentar entender o porquê de um rapaz ser capaz de me fazer sentir coisas assim. Era diferente e desconhecido para mim tudo aquilo.
ㅡ Não vai ficar sozinha aqui na sala me tendo como seu MELHOR amigo. ㅡ Ele deu ênfase na palavra " melhor " e me puxou para sair da sala junto dele. ㅡ Eu espero que você seja boa em romances, porque eu não levo muito jeito. ㅡ Daniel riu enquanto passávamos pelo corredor.
ㅡ Eu nunca precisei criar um. ㅡ Ri também. ㅡ Mas já li alguns, poucos, mas li. Talvez ajude em algo.
ㅡ E vamos fazer com um final feliz ou trágico?
ㅡ Que tal trágico? Tipo, não trágico ao ponto de matar alguém, mas de desilusão sabe? De um deles não ser quem demonstrava ser, ou de eles dois não acabarem juntos. Acho interessante. ㅡ Sugeri.
ㅡ Ah, achei legal. Podemos fazer sim. ㅡ Ele assentiu e nós dois nos dirigimos ao pátio de trás da escola. Ele me acompanhou até a árvore onde eu costumava sentar e lá deixou comigo seu celular e sua revistinha que só agora notei ser uma daquelas que contei charadas. O mesmo pediu para que eu esperasse enquanto ele ia comprar algo. Minutos depois ele voltou segurando dois sanduíches naturais pequenos. ㅡ Você gosta de frango? ㅡ Daniel perguntou sentando-se ao meu lado. ㅡ Não tinha outro.
ㅡ Não precisava... ㅡ Ele me interrompeu.
ㅡ Eu não vou comer na sua frente, ainda mais sabendo que você pode passar mal ou sei lá. ㅡ Ele me entregou. ㅡ Então, alguém vai sofrer na história, né? ㅡ Ele se encostou na árvore tocando o ombro ao meu.
ㅡ Eu estava pensando em... ㅡ Fui interrompida pelo garoto que senta perto da porta na nossa sala. O mesmo sentou na nossa frente com o boné preto virado para trás.
ㅡ Aí vocês vão na excursão? Está chegando já. ㅡ Ele perguntou abrindo uma lata de coca e a bebendo em seguida.
ㅡ Que excursão? ㅡ Olhei para Daniel.
ㅡ Ah, droga. ㅡ Daniel fez uma careta. ㅡ Eu já tinha me esquecido. Não sei se vai dar para eu ir. Gastei pra caramba esse mês. As coisas estão meio difíceis lá em casa. ㅡ Ele completou.
ㅡ E você, Pikachu? ㅡ Ele olhou para mim.
ㅡ Eu não estou sabendo dessa excursão. ㅡ Os olhei confusa.
ㅡ Não é bem uma excursão, é mais um passeio. Como é nosso último ano, vamos ganhar um passeio para a praia de Itacoatiara, Niterói. Praia de surfista, sabe?
ㅡ Ah, sei sim! É um praia muito linda. Eu fui lá com meus pais uma vez e quase morri afogada. ㅡ Falei no automático, mas os dois riram. ㅡ Que foi? Eu não sei nadar. ㅡ Ri também.
ㅡ Eu queria ir, mas acho que não vai rolar não. ㅡ Daniel respondeu. ㅡ Vocês vão?
ㅡ Com certeza! Praia eu não perco. ㅡ O garoto balançou a cabeça.
ㅡ E você? ㅡ Daniel me encarou.
ㅡ Eu... eu não sei. Se meu único amigo não vai. ㅡ Ri abaixando a cabeça. ㅡ Tudo que eu não preciso é ficar isolada numa praia.
ㅡ Não seja por isso, benzinho. ㅡ O garoto sorriu para mim e logo em seguida piscou. ㅡ Eu vou estar lá.
ㅡ Ajuda muito. ㅡ Murmurei, Daniel gargalhou e o garoto me encarou com uma careta que me fez ter vontade de rir.
ㅡ Está me esnobando? ㅡ Ele perguntou colocando as mãos na cintura enquanto Daniel ainda ria. ㅡ Ele me esnobou! ㅡ Ele falou para Daniel. ㅡ Pow, me senti um humilhado! As mina popular não me dá bola, as nerds me ignoram, as chatas me acham estranho e a novata bonita me esnoba? Eu vou lá na sala chorar. ㅡ Ele se levantou me deixando rindo com Daniel.
ㅡ Eu esnobei ele? Não foi minha intenção.
ㅡ Relaxa. Ele a dramático mesmo. ㅡ Daniel riu. ㅡ Bem, voltando ao assunto trabalho, quando acha que é melhor começarmos a fazer e em que horário você pode?
ㅡ Bem, eu só posso de manhã porque depois da escola eu trabalho. ㅡ Respondi e dei mais uma mordida no sanduíche.
ㅡ Hm... ㅡ Ele pareceu tenso.
ㅡ Você não pode de manhã?
ㅡ Eu trabalho de manhã, mas posso ver com meu chefe se posso trocar o horário. ㅡ O mesmo amassou a embalagem vazia do sanduíche e se achegou para mais baixo apoiando a cabeça no meu ombro. ㅡ Menos amanhã. Eu trabalho de segunda a quinta. Amanhã eu posso.
ㅡ Ta, vou falar com a minha mãe sobre vocês irem lá em casa amanhã.
ㅡ Sobre EU ir amanhã. ㅡ Ele riu. ㅡ Juliana e Lívia não vão amanhã não. Elas vão atrapalhar, já que não vão ajudar em nada. Será só nós dois.
ㅡ Ah... ㅡ Senti novamente o coração pulsar um pouco mais forte. ㅡ Tudo bem. Vou falar com a minha mãe. ㅡ Sorri para ele e encarei a metade de um sanduíche na minha mão.
ㅡ Aí? Tem três letras, é feito para andar e não anda, o que é? ㅡ Daniel chamou minha atenção para ele que segurava a revista e também uma caneta.
ㅡ Er... a rua? ㅡ Chutei e ele me encarou.
ㅡ Que rapidez! ㅡ Ele riu e foi escrever na revista.
ㅡ Eu brincava disso com meu pai quase todos os dias no caminho para a escola à uns anos. ㅡ Sorri relembrando-me. Era um dos poucos momentos que eu me dava bem com meu pai.
ㅡ Ah, então você é boa? ㅡ O mesmo ergueu-se e sentou-se com as pernas cruzadas de índio de frente para mim.ㅡ Vamos ver... Fica cada vez mais molhado quanto mais a gente seca. ㅡ Ele me encarou esperando resposta.
ㅡ Toalha. ㅡ Respondi com um sorriso.
ㅡ Você tira a minha pele, eu não choro, você sim.
ㅡ Cebola. ㅡ Sorri novamente. Eu já conhecia todas aquelas.
ㅡ É mais útil quando é quebrado.
ㅡ Ovo. ㅡ Continuei com meu sorriso.
ㅡ Não é possível. ㅡ Ele se indignou e eu acabei rindo. ㅡ Você é realmente boa nisso. É a primeira vez que encontro alguém que se interesse por isso também. ㅡ Ele sorriu. ㅡ Posso fazer a última?
ㅡ Claro.
ㅡ Tem dois corações, mas não sabe. ㅡ Daniel encarou-me com um sorriso sincero, porém eu não conhecia essa. Balancei a cabeça negativamente e ele fechou a revista. ㅡ Vai saber um dia.
●●●
Continua...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amarelo, a nova cor do Amor - DEGUSTAÇÃO
Storie d'amore" O mundo é mais colorido quando você sorri. " Elizah dizia isso com muita convicção e com grande sensação de bem estar no peito. Já com seus 18 anos, Elizah havia crescido com o pensamento de que o mundo só seria mais bonito se as pessoas fossem m...