Capítulo 3 - Pela toca do Coelho

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Ambos entraram sorrateiramente como nunca antes em suas vidas, qualquer mínimo movimento errado poderia alertar alguém ou disparar um alarme. Passaram entre as pilhas de livros e chegaram à grande porta de mogno com a placa "Obras Raras". Martin girou a velha chave negra e fria na fechadura enferrujada e um estalo ecoou por todo o corredor.

Os dois se assustaram, ficaram parados, com o sangue bombeando gelidamente.

"Será que alertou alguém?", o menino pensou em desespero, mas ninguém apareceu. Então girou a maçaneta e a porta se abriu, deixando um ar frio passar por entre suas pernas.

— Vamos rápido — alertou Nicole quase sem fôlego algum.

A sala em si não era realmente vasta, mas era alta, havia grossas pilastras gregas que levavam a um lindo vitral num teto abobadado. O mesmo cedia luz da lua para o lugar aparentemente sem energia.

— Há milhões de livros aqui. Como iremos saber qual é o manuscrito de Alice? — questionou a garota, com razão.

— Eu acho que está ali — respondeu sarcasticamente, apontando para um altar de vidro que ficava no meio da sala, sustentando um livro aberto.

— Bom palpite — brincou com uma risada curta.

Chegaram perto, olharam com atenção para as pilastras em volta para conferir se não havia nenhum sensor que protegesse o tal altar.

Martin abocanhou o livro, sentindo a textura da borracha das luvas acomodando-se em suas mãos, ele lê o título original da obra: "Aventuras de Alice Embaixo da Terra." Seus sentimentos saltavam para fora da boca. Para um fã de Lewis Carroll, aquilo era a maior honra que ele poderia ter.

A sua emoção não foi capaz de durar um segundo. Uma luzinha vermelha acendeu por cima do altar, era o alarme! O som repetitivo e agudo logo ecoa por toda biblioteca. Nicole entra em desespero.

— Quem está aí?! — berrou uma grossa voz em inglês de longe.

Num movimento voraz, Martin arranca a folha de rosto do livro e o coloca no lugar. Puxa sua amiga com o braço direito e tampa a boca dela com o esquerdo.

Passos se aproximam da porta cada vez mais, ritmados com os seus batimentos inconstantes. Os jovens se enfiam em um dos corredores e ficam num beco de estantes sem saída. Ao esbarrar com o cotovelo, uma das estantes de livros se abre, engolindo ambos para a mais pura escuridão. Uma porta secreta é revelada.

Agora, os dois se encontravam numa penumbra sem ideia.

— O que foi isso? — sussurrou Nicole.

Martin faz um sinal de silêncio para ela erguendo um dedo sobre os lábios. Vozes são ouvidas do outro lado.

— Acho que não tem ninguém. — Eles reconheceram a voz de Lacie. — Esse alarme está com defeito e já tocou muitas noites passadas, não se lembra?

— Mas a porta estava aberta — a mesma voz grossa de antes reverberou.

— Eu devo ter a deixado aberta hoje quando fui arrumar de manhã.

— Tudo bem por aqui? — disse a voz de mais alguém que acabara de chegar. Era o professor Taylor.

— Sim, o alarme disparou sozinho de novo — explicou Lacie.

— Tinha alguém aqui, tenho certeza — disse a voz, se afastando e sumindo aos poucos. A barra estava limpa. Mas agora eles teriam que entender como sair daquela escuridão.

Em Busca do País das Maravilhas (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora