— "Baile de final de ano"?
Lucas sacudia o panfleto na frente de Martin enquanto os dois se dirigiam para o refeitório no último intervalo do dia.
— Sim, novembro está chegando. Deveríamos ir, você vai chamar a Nicole?
— Precisa de par? Ela parece não gostar muito dessas coisas, mas eu queria ir de qualquer jeito.
O refeitório estava cheio. Nicole acenou de uma mesa perto da janela. Sabrina chegou ao mesmo ritmo, segurando uma bandeja de batata-frita com salada, enquanto Nicole optou por cookies.
— Estão todos falando do baile de inverno. — Sabrina arrumava os pingentes em suas pulseiras de vários lugares do mundo. — Vocês dois têm par?
— Você quer ir comigo? Não parece que tem um par. — Embora não parecesse, Lucas não havia tentado ser rude de maneira alguma.
Sabrina apenas sorriu.
— Para sua informação, eu tenho um par, sim. — Ergueu uma sobrancelha ao mesmo tempo em que quebrou uma batata na boca. — Eu vou com um cara muito legal que me chamou ontem.
A expressão de Lucas ficou totalmente abalada.
— E você? — Nicole quebrou o clima da situação.
— O quê? — Martin já sabia o que significava.
— Quer ir ao baile?
— Não sei.
— Como assim?
— Eu quero ir, mas você quer ir?
— Por que não?
— Porque eu não sei se você gosta dessas coisas.
Ao ouvir isso, Sabrina virou-se na direção de Martin e o lançou um olhar que dizia: "Como assim não gosta de bailes, cara?! Ela é uma garota!".
— Então, quer ir comigo?
— Sim, eu quero ir com você — ela respondeu ao mesmo tempo em que Sabrina quebrou outra batata na boca em gesto de satisfação.
***
— Sim... Anham... Encontraremos vocês duas lá — Martin confirmava sua fuga para a biblioteca pelo celular com Sabrina. — Lucas, elas já estão indo!
— Estou indo — disse, já saindo do banheiro.
Martin já estava trancando a porta quando se lembrou de algo que queria perguntar.
— Está levando a chave?
Lucas deu um sorriso malicioso.
— Adivinha onde eu escondi.
— Para de brincadeira! — Martin ficou realmente assustado de uma hora para outra.
Lucas deu uma risada abafada por motivo de estarem nos corredores tarde da noite.
— Estou só brincando. — Ele levantou a barra da calça jeans, revelando o objeto amarrado em seu tornozelo — Estou me sentindo um superespião.
Martin revirou os olhos e girou a chave na fechadura pela última vez.
*
Naquela noite, os corredores de prateleiras infinitas da biblioteca estavam mais frios do que de costume. A luz da lua estava mais forte e iluminava o local pelas janelas no alto.
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Em Busca do País das Maravilhas (COMPLETO)
Mistério / SuspenseHá 150 anos um dos contos de fadas mais famosos surgiu. Há 150 anos um dos maiores mistérios da literatura nasceu junto a ele. Após se mudar para a Inglaterra para fazer literatura em Oxford, Martin Roque, um fanático pelos livros de Alice no País d...