A luz da lua facilita o trabalho de Martin em recolher as migalhas do cereal que se espalharam pela escrivaninha.
Ele dá as últimas mordidas na barra e estica a mão até a cama de Lucas onde residia a lixeira. Ao folhear as páginas amarelas dos livros da biblioteca, a carta de baralho que ele usava como marca-página caiu em seu colo.
Ele a pega na ponta dos dedos com toda a cautela possível, para evitar marcas de gordura da barra de cereal. Enquanto a colocava em contraste da luz lunar, pôde perceber a superfície plástica que usou para decodificar a mensagem no manuscrito. No mesmo instante, tudo voltou à sua cabeça. Ele se lembrava de cada detalhe, desde o início do ano letivo.
Seus dedos buscam pela maçaneta da gaveta, um brilho dourado reluz assim que ele a abre. Martin retira de dentro o gelado objeto cilíndrico que encontrara na torre do sino da igreja. Era muito curioso, havia oito anéis em torno dele, cada um continha símbolos diferentes. Ele já havia passado a camada plástica da carta da rainha centenas de vezes naquele lugar, porém nada foi revelado.
— Descobriu alguma coisa? — Lucas acabara de sair do banho. Martin grunhiu em sinal de negação.
— Mas tem alguma coisa curiosa, vem aqui.
Lucas apressou o passo até a mesa. Martin colocou o objeto em foco, diante dos olhos dele.
— Os símbolos desenhados em quatro anéis são os naipes das cartas de baralho, copas, paus, espadas... e nos outros quatro é curioso... — ele força a visão nos outros desenhos — parecem ser uma rosa, um escudo com uma espada, uma coroa prateada e outra coroa dourada.
— Eu já vi isso em algum lugar. — Lucas passou os dedos frios pelo o cilindro. — Naquele desenho da Alice não tinha umas cartas de baralho pintando umas rosas?
Martin bateu com a mão na testa, boquiaberto.
— Sim, você tem razão. Deve, com certeza, significar alguma coisa!
Lucas estufou o peito.
— Eu me pergunto se...? — Martin tocou em um dos anéis dourados e o empurrou, o anel girou lentamente em torno do cilindro. — Eu sabia! Isso aqui é um tipo de quebra-cabeça!
— Devo ligar para as meninas?
O olhar de Martin já dizia tudo.
*
— Realmente, parece ser um quebra-cabeça — refletiu Nicole enquanto girava os anéis em torno do cilindro dourado.
— Mas vocês pelo menos têm alguma ideia do que é para ser resolvido? — Sabrina tirava alguns biscoitos da bolsa e os comia um por um, delicadamente.
— Sim. Na história, os soldados da rainha são cartas de baralho e, em uma parte, algumas cartas aparecem pintando algumas rosas brancas de vermelho. Estão vendo isso? — falou enquanto apontava para o desenho da rosa. — Com certeza tem alguma relação.
— Espere, Martin! — Nicole interrompeu. — Você se lembra qual era o naipe das cartas que pintavam as rosas?
— Não, Nicole, mas posso descobrir agora — falou e, em seguida, correu para vasculhar a estante.
Após tirar muitos livros do lugar, Martin voltou com o seu famoso volume único de Alice em torno dos braços. Ele abriu espaço na escrivaninha e começou a folhear o livro com Nicole. Por fim, pararam em um dos últimos capítulos do livro: "Jogo de croque da Rainha.". Tinha uma ilustração na primeira página, era exatamente a das cartas pintando as rosas, eram cartas do naipe de espadas.
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Em Busca do País das Maravilhas (COMPLETO)
Mistero / ThrillerHá 150 anos um dos contos de fadas mais famosos surgiu. Há 150 anos um dos maiores mistérios da literatura nasceu junto a ele. Após se mudar para a Inglaterra para fazer literatura em Oxford, Martin Roque, um fanático pelos livros de Alice no País d...