Capítulo 8 - Chá das Cinco

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A figura foi se aproximando cada vez mais da luz. Cabelos longos e escuros são revelados, juntamente com um par de olhos verdes reluzentes. Eles a analisam. A pessoa usava uma longa saia indiana que batia até os pés que calçavam sandálias de palha feitas à mão.

— Sabrina?! — Nicole exclamou, embora não estivesse muito surpresa. — Você não tinha saído?

— Claro que não, bobinha! — a voz da garota exótica brinca. — Eu ouvi sua conversa no telefone e fingi ter saído para poder descobrir o que vocês tanto ficavam de segredinho.

— Essa é a sua...? — Martin e Lucas estavam mais confusos do que nunca.

— Sim, sou a "Salem Natureba" — disse, imitando o gesto de Nicole, claramente se mostrando ofendida ao comentário no qual foi rotulada. — Cheguei até a achar que você e Nicole tinham um caso, mas vejam só, estão à procura do livro que tanto falam.

— Agora você está nisso, bobona — Nicole a condenou com o olhar.

— Uau! Invadiram a biblioteca e roubaram um manuscrito. Estou impressionada.

— É sério! — Nicole a apertou nos ombros com força. — Vamos lhe contar tudo que aconteceu até agora, mas você tem que prometer não contar a ninguém. Podemos ser expulsos e nunca mais entrar em nenhuma faculdade ou, pior ainda, ser presos.

Sabrina sorriu e retirou as mãos de Nicole dos seus ombros.

— Eu levarei até o túmulo.

***

Levou mais de uma hora para esclarecer tudo à Sabrina. Contaram toda a história, detalhe por detalhe, explicando cada ponto, desde quando Martin encontrou a carta da Rainha de Copas, quando invadiram a biblioteca, roubaram a página, encontraram a sala secreta (que continuava a ser intrigante), começaram a descobrir os mistérios do autor Lewis Carroll e da história de Alice no País das Maravilhas, até quando descobriram que a professora Louis tinha alguma coisa a ver com isso tudo e, provavelmente, estava os espionando.

***

Agora já se passou quase quatro meses desde quando a última pista foi encontrada.

Martin e seus amigos não paravam de pensar, as engrenagens de suas mentes estavam agora mais ocupadas com as provas e trabalhos bimestrais.

"Qual a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?", as palavras ecoaram na cabeça do garoto como uma voz enquanto ele folheava, sem parar, o caderno de anotações.

O som da velha porta do seu dormitório começou a ranger, Lucas entrara.

— Você ficou estudando o dia todo — comentou.

— E você não estudou em nenhum desses dias.

— Cara, não estressa. O segredo é a média, uma ou outra nota perdida não te fará perder a bolsa.

— Sei disso, o problema é que eu não quero passar as férias de recuperação com você.

— Ah! É pra jogar na cara então?! — Lucas começou a ficar vermelho.

— Tente achar algo pra jogar na minha cara. Você não vai encontrar.

Lucas jogou o casaco no pé da sua escrivaninha e, claramente estressado, deitou-se na cama sem dizer uma palavra. Martin olhou para ele e revirou os olhos.

— Olha, desculpa. — Sua voz ficara mais calma e sincera. — É que isso tudo está sendo estressante para mim. Daqui pra frente, as coisas podem piorar muito. Você me entende?

Em Busca do País das Maravilhas (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora