Em Busca do País das Maravilhas (COMPLETO)

Capítulo 7 - Sorriso de gato

— Foi a situação mais estranha na qual eu já presenciei — Martin começara a explicar à Nicole o acontecimento que havia ocorrido mais cedo, já de volta ao hotel. — Primeiro ele fica bravo conosco de manhã e, em seguida, nos encontra invadindo a casa de Lewis Carroll e age como se nada houvesse acontecido. Ele falou que nossa descoberta serviu como uma grande peça para o "instituto" e, quando perguntei onde a casinha estava agora, ele simplesmente desviou do assunto. Do nada! Sem contar que a voz grossa que ouvimos na biblioteca em Oxford naquele dia era dele!

— O que será que ele estava a fazer lá? — Nicole questionou a si mesma. — Nunca o vi antes, ele, com certeza, não é um funcionário do colégio. — Ela lançou um olhar parcialmente conturbado ao amigo. — Martin,... o que está acontecendo?

— Não faço a menor ideia. Mas, definitivamente há algo mais acontecendo aqui. Algo profundo e incerto, como uma grande toca de coelho na qual nós não podemos ver o fim. — "E nós estamos apenas aceitando a queda enquanto somos guiados por nossa teimosa curiosidade", pensou.

— Pelo menos conseguimos a próxima pista — Lucas comentou enquanto terminava de ajeitar as coisas dentro da sua mala.

— Como vocês conseguiram encontrá-la? — ela perguntou.

— Havia essa espécie de charada feita com a arrumação das estantes de livros. O segredo era arrumar os volumes para formar um anagrama que respondesse a pergunta da Lagarta. No final, acabamos escrevendo o nome da segunda personalidade de Alice: Florence Mabel — Martin esclareceu. — Aqui, eu guardei para que nós pudéssemos ler juntos. — E, com isso, ele tirou o pergaminho do seu bolso e abriu-o.

"Bem, eu já vi muitos gatos sem sorriso", pensou Alice,

"Mas um sorriso sem gato, é a coisa mais curiosa que já vi em toda minha vida!"

— É mais uma citação do livro — confirmou Nicole. — A parte em que Alice reflete sobre o Gato de Cheshire (Gato Risonho).

— "Um sorriso sem gato" — Martin repetiu a frase grifada para si mesmo. — "É a coisa mais curiosa que já vi em toda minha vida".

— Fascinante — Nicole se dirigia a Martin.

— É incrível.

— É esquisito, isso sim — suspirou Lucas, mais preocupado com sua bagagem. — Suas malas estão prontas? Porque eu já estou vazando.

— Tudo bem... — Nicole aquiesceu, pegou sua mochila e correu atrás de Lucas pelo corredor vitoriano-de-araque. Enquanto isso, Martin termina de ajeitar o seu sobretudo cinza e coloca a carta da Rainha de Copas de qualquer jeito no bolso externo da mochila.

Quando ele se levantou e correu em direção ao corredor, a porta se abriu de repente, era a empregada Samantha, aparentemente indo dar uma última vistoria no local.

Ele tentou desviar, mas o acontecimento foi muito rápido. Os dois se chocam contra o outro. Ela deixa cair alguns materiais das suas mãos, criando uma chuva de esfregões, lenços e papéis de limpeza sobre eles, enquanto a carta mal colocada na mochila de Martin se desprende e sai voando até os pés de Samantha.

— Desculpe-me, desculpe-me, senhor! — Ela se abaixa brevemente para pegar os objetos. — Eu já vou p...

A frase é cortada abruptamente. Sam fica paralisada, sua aparência moldada numa mistura de preocupação, desespero, confusão e o mais puro medo. Ela começa a tremer. Ao se levantar, Martin vê seu rosto pálido e escuta suas palavras saírem com dificuldade: