Uma chance

1.3K 140 283
                                    


 NAGISA ON

A hora do relógio mudava tão lentamente que um minuto parecia uma eternidade. Meu estômago não parava de doer com tamanha que era a fome, minha garganta também estava seca.

-Voltando para o relógio, eu acho que é 18 horas... Meus olhos estão muito cansados para eu ter certeza, mas se for essa hora mesmo minha mãe agorinha vai chegar. - Dou uma risada abafada. - Quer apostar? Eu aposto... Hmm, meus quatro calmantes que hoje ela me enforca e você? - Pergunto olhando para a ursinha rosa que eu encontrei dentro do armário.

-Ah mas você não tem nada para apostar não é? Se ela quebrar alguma coisa em mim... Ei eu sou bem bonito para ter tantas cicatrizes assim. - Digo abraçando a rosinha rindo.

Eu não estou nem um pouco no meu normal, quanto tempo eu estou parado no mesmo lugar abraçando esse urso? Tempo demais.

Escuto a porta da sala fechar e os saltos da minha mãe baterem contra o piso.

-Ela chegou! - Eu digo para a ursinha e com pressa coloco ela de volta no armário.

Ela parou de andar, está na cozinha.

Eu, eu não sei o que eu faço... Eu podia deitar e fingir que estou dormindo, mas ela vai me jogar no chão. A janela estava aberta como sempre e vinha uma brisa agradável de lá.

-Nagisa. - Escuto minha mãe atrás de mim e me viro assustado. - Meu Deus você está um lixo. - Ela diz fazendo careta. - Depois que eu sair do banheiro nós vamos conversar.

Tudo que eu consigo fazer é sorrir e dar um aceno mínimo com a cabeça, logo depois ela sai. Ela quer conversar comigo, conversar, não bater. Mas suas palavras também doem tanto... Sim eu sou estou um lixo magricelo e roxo.

Queria poder pular essa conversa, não tem o que conversar e nem o que me insultar, ela já falou tudo que tem pra falar. Eu estou só no segundo andar, se eu fosse me matar seria em um lugar mais alto do que isso. Passei as mãos no rosto de frustração, estou tão cansado!

Acabei me afastando da janela e sentei na minha cama olhando fixamente para a porta esperando.

O tempo todo eu tentada controlar minha respiração junto com a mexeção das minhas pernas. Eu mantinha um sorriso no rosto, para ver se me sentia um pouco melhor, mas o sorriso acabava tremendo e desfazendo um pouco depois.

Uma eternidade depois ela abriu a porta e olhando para mim dando um suspiro.

-Vem, você precisa comer alguma coisa. - Ela fala dando espaço para eu passar na porta.

Levando relutante e sigo até a cozinha mancando bastante. Minha mãe faz eu sentar na cadeira e eu fico olhando ela pegar gelo para mim e colocar na minha coxa.

-Obrigado. - Agradeço com um sorriso trêmulo.

Lembrei da aposta que eu fiz com a ursinha. O que vai acontecer será? Vejo ela ir até a geladeira e ao armário tirando várias comidas e colocando na minha frente.

-Você tem que comer. -Ela diz cruzando os braços, ela me olhava com tristeza e eu devolvi o olhar confuso.

Ela não pode estar se sentindo culpada, ela não tem mais esse direito depois de tantos anos. Eu nem estou no meu pior estado para receber sua pena, ela já me deixou muito, muito pior.

Minha mãe puxou uma cadeira e sentou na minha frente enquanto preparava um sanduíche para mim.

-Olha, nós dois estamos cansados. Ontem eu bebi e não lembro de praticamente nada. - Ela me entrega o sanduíche e eu começo a comer rapidamente.

ComplicaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora