Quatro

376 19 0
                                    

        Aquele seria um almoço que os criados de Etienne lembrariam por muito tempo. A vaidade destruída pela inocência de uma criança.

            Isabella, em nenhum momento, se deixou enganar pelo tom doce de Ethel Bloomfield.

            Quando a intrometida mulher colocou os olhos em Isabella, Samantha estremeceu. Parecia um lobo em pele de cordeiro. Ethel percebeu imediatamente que Isabella não era uma criança comum e tratou de tentar conquista-la.

            - Etienne, ela é linda! Criança, qual é o seu nome?

            - É Isabella Elisabeth Benson.

            Samantha soube instantaneamente que Isabella não gostara de Ethel Bloomfield. Ela só dizia seu nome inteiro para pessoas não dignas de sua confiança.

            - É um nome muito comprido para uma criança tão pequena.

            - Não. Não é. Meu médico disse que eu sou até alta pra minha idade. E minha mãe disse para mim que eu tenho o nome de duas rainhas. Isabel da França, Elisabeth da Inglaterra.

            - Nossa, Isabella. Você é muito inteligente. – a mulher tentou ainda entre uma garfada e outra.

            Isabella calou-se.

            - Queridinha... Sua mãe não lhe falou que feio não responder às pessoas quando elas falam com você?

            Samantha fincou as unhas nas palmas controlando-se para não jogar todo seu vinho na cara da mulher.

            Isabella terminou de mastigar e retrucou.

            - Sim, ela me disse isso sim. Mas ela também disse que era feio falar com a boca cheia.

            A mulher tornou-se escarlate e até Smith, o sisudo mordomo fez força para não rir.

            Nada disso passou despercebido à insuportável mulher e alterada ela levantou-se da mesa:

            - É inaceitável, Etienne, que você permita isso.

            Ele permaneceu inalterado.

            - A menina só respondeu a sua pergunta, Ethel.

            - Eu não vou ficar aqui, recebendo insultos de uma fedelha mimada.

            Samantha se moveu com tanta rapidez que todos apenas perceberam o vinho escorrendo pelo rosto de Ethel e manchando o elegante vestido.

            - Isso é para que você aprenda. Não se intrometa com a minha sobrinha, mulher. – disse com voz estrangulada.

            Etienne só observava. Samantha estava transformada. A jovem quase delicada, não existia mais. No lugar havia aparecido uma leoa pronta a defender o filhote.

            - Etienne Archibald! O que você diz disso?

            - Eu acho que se você não for embora agora, você vai perder o seu vestido. Essa mancha não sai tão fácil. – ele retrucou calmamente.

            A mulher bufou, revirou os olhos, fez beicinho e saiu pisando duro.

            Os três se entreolharam. Etienne até que tentou, mas não conseguiu segurar o riso. Logo os três riam, aliviados com a saída intempestiva de Ethel. 

Adorável TutorOnde histórias criam vida. Descubra agora