Atrações

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Queria começar agradecendo a minha única fã número 1 que se declarou hoje, tankyou  baby// boa leitura ♡

                            ***

Sarah estava na minha frente, e juro que era como se a garota que eu deixará para trás houvesse sido engolida por uma massa de músculos. Ela estava muito diferente de como eu me lembrava nove anos atrás. A raiva em seu rosto era transparente e, de alguma forma, tornava-a ainda mais atraente. Só seria muito melhor se eu não fosse o alvo de sua fúria.

Sua pele era bronzeada, um complemento perfeito para as mechas douradas no loiro escuro de seu cabelo. O rosto liso de que me lembrava agora era expressões duras. Uma tatuagem envolvia-lhe o braço.

Não sei quanto tempo fiquei ali olhando para ela. Estava atordoada demais para dizer qualquer coisa, mas meu coração gritava. No fundo, eu sabia que minha reação não era só por causa da atração física que sentia por ela. Era porque, apesar de todas as mudanças, uma coisa continuava exatamente igual; seus olhos. Eles refletiam a mesma dor da última vez que a vi.

Finalmente consegui dizer seu nome.

- Sarah..

- Juliette.- O som rouco e profundo de sua voz reverberou em mim.

- Não sabia se você ia aparecer.

- Por que eu não viria?-  perguntou, exibindo um sorriso desdenhoso.

- Talvez para me evitar.

- Você superestimou sua importância para mim. É claro que viria. Esta casa também é minha!

As palavras de Sarah me atingiram em cheio.

- Eu não disse que não é. Só que....não tive nenhuma notícia de você.

- Interessante com isso acontece.

Claramente incomodada com o confronto, Zara pigarreou.

- Eu tinha acabado de perguntar a Juliette se ela não queria jantar com a gente hoje, talvez vocês pudessem pôr a conversa em dia..

- Parece que ela já tem outros planos.

Olhei para ela.

- Por que diz isso?

- Ah, sei lá. Porque você está segurando essa sacola fedida, talvez.

- São frutos do mar frescos.

- O cheiro não é de coisa muito fresca.

- Caramba. A gente não se vê há nove anos, e é assim que você se comporta? - Olhei para Zara - Ela é sempre grossa desse jeito?

Antes que ela pudesse responder, Sarah se manifestou:

- Acho que você desperta isso em mim.

- Acha que minha vó ficaria feliz com essa sua atitude? Algo me diz que ela não deixou a casa para nós duas brigarmos.

- Ela nos deixou a casa porque nós duas éramos importantes para ela. Isso não significa que temos que ser importantes uma para a outra. E, se a opinião da senhora H. tem tanto valor, talvez você não devesse ter fugido

- Isso é golpe baixo.

- Acho que a verdade dói.

- Eu tentei entrar em contato com você, Sarah. Eu...

- Não vou falar sobre isso agora, Juliette. - ela me interrompeu, falando por entre os dentes. - Esse assunto é velho.

Era irritante ouvir Sarah me chamar por meu nome. Com exceção do dia em que nos conhecemos, ela sempre me chamou de Ju, ou apelidos carinhosos. Ouvir meu nome saindo de sua boca era como levar uma bofetada na cara, como se ela quisesse enfatizar quanto nos afastamos.

Sarah passou da ebulição para o gelo quando se calou e saiu para buscar as compras do carro, batendo a porta ao passar por ela. Estremeci e olhei para Zara, cujos olhos se moviam de um lado para o outro numa reação confusa.

- Bom, foi um bom começo - brinquei

- Não sei o que dizer. Para ser franca, nunca a vi agir desse jeito com ninguém. Sinto muito, de verdade.

- Não é sua culpa. Pode acreditar, eu provavelmente mereço.

A única coisa pior que a recepção grosseira da Sarah foi o jeito como ela me ignorou durante o jantar e pelo resto da noite. Isso me magoou mais do que qualquer coisa que ela pudesse ter falado.

Se eu achava que a noite havia sido horrível, a falta de sono garantiu uma manhã ainda pior.

Aparentemente, Sarah havia encontrado um jeito de extravasar a raiva, descontando em Zara. Digamos que tocar violão não era o único talento que ela havia desenvolvido com o tempo. Os gemidos de Zara me acordaram no meio da noite. As paredes tremiam. Depois disso, foi impossível voltar a dormir. Virei de um lado para o outro na cama, pensando no que Sarah havia falado para mim e imaginando a cena no quarto. Não que eu devesse pensar nisso, mas não conseguia evitar

Eram sete da manhã e a casa estava quieta, por isso imaginei que as duas estavam dormindo, depois da noite agitada. Quando desci para fazer café, me surpreendi ao encontrar Sarah sozinha na cozinha, olhando pela janela ampla que se abria para a água. A cafeteira estava ligada. De costas para mim, ela ainda não tinha me visto ali.

Usei a oportunidade para admirar sua estatura e suas costas nuas apenas com as cordas do biquíni e bem definidas. Uma calça preta de ginástica cobria o bumbum arredondado. Nunca havia percebido como aquele traseiro era espetacular. A atração física por ela me irritava, considerando as circunstâncias, mas isso não me impedia de continuar a análise. Sarah tinha uma tatuagem no meio das costas. Tentei entender o desenho, mas levei um susto quando ela se virou e cravou em mim aquele olhar incendiário.

- Sempre seca as pessoas quando acha que não estão percebendo?

Engoli seco!

Entre tapas e beijos - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora