Desconhecidas

4.3K 415 403
                                    

O café me deixou maluca. Durante todo o nosso passeio Pela cidade naquela manhã, Zara me pedia para ir mais devagar. Aparentemente, ela não conseguia me acompanhar em cima do salto.

A tarde, paramos para descansar um pouco. Zara e eu nos sentamos em um banco de madeira de frente para dúzias de barcos ancorados, com o sol iluminando a água.

- Como você e Sarah se conheceram?. - perguntei.

- Eu estava em uma casa de shows. Sarah ia se apresentar naquela noite. Ela cantou olhando para mim o tempo todo e depois do show foi me procurar. Quando disse que havia pensado em mim enquanto cantava a última canção, eu quase morri. Estamos juntas desde aquele dia.

Meu rosto ficou quente. Não ia reconhecer que estava com ciúme. Pensar nessa conexão forte e íntima enquanto ela se apresentava me deixava desconfortável por alguma razão. Talvez por me lembrar das músicas que ela compunha para mim.

Depois de ter sobrevivido à transa das duas na noite anterior, pensei que nada mais me aborreceria.

- Que tipo de música ela toca agora?

- Ah, ela faz cover de artistas como Laurin Hill, mas também compõe muita coisa. Ela toca principalmente em casas noturnas, mas o empresário dela quer arranjar uma gravadora. As garotas a veneram, então tive que fazer um esforço para me acostumar com esse lado da profissão de que ela tanto gosta.

- Deve ser difícil

- É. Muito. -ela inclinou a cabeça. - E você? Não tem namorado?

- Acabei de terminar um relacionamento.

Passei a meia hora seguinte contando a ela o que havia acontecido entre mim e o Bil. Era muito fácil conversar com Zara, e percebi que ela ficou realmente chateada por saber que Bil havia me traído.

- Bom, melhor descobrir agora, enquanto ainda é jovem, do que perder uma década de vida com alguém assim.

- Você tem razão.

- Vamos ter que encontrar alguém para você nestas férias. Hoje vi vários caras lindos andando por aí.

- Sério? Todos que eu vi estavam andando de mãos dadas.

Ela riu

- Não. Tem outros.

- Mas não penso em namorar de novo.

- Quem falou em namorar? Você precisa transar, se divertir... especialmente depois do que o babaca do seu ex fez com você. Merece um caso tórrido de verão, alguém que tire seus pés do chão, alguém em quem não pare de pensar mesmo quando não estiverem juntos.

Infelizmente, é sua namorada que eu não consigo tirar da cabeça no momento.

Ela tinha boas intenções, por isso sorri e assenti, embora não tivesse intenção de dormir com ninguém daquela ilha.

No caminho de volta para casa, passamos pelo Sandy's, um restaurante conhecido pela ótima comida e pela música ao vivo apresentada todas as noites. Uma placa na porta anunciava uma vaga temporária para o verão. Como havia uma universidade do outro lado da ponte, muitos estudantes voltavarn para casa nas férias desfalcando o quadro de funcionários dos restaurantes da região.

Parei na frente da porta.

- Você se importa se eu entrar para me informar sobre isso?

- Não. Na verdade, também quero dar uma olhada.

Pocah estava desesperada, sem funcionários para o verão, Zara e eu tínhamos experiência como garçonete, por isso nos candidatamos à vaga. Quando saímos de lá, estávamos empregadas. O gerente disse que podíamos trabalhar nas noites que quiséssemos. Não havia como recusar dinheiro extra e horário flexível. Zara ficou animada quando ela disse que não haveria problema, caso ela tivesse que cancelar um turno para ir fazer um teste para uma peça ou um show. Nós duas começariamos a trabalhar no dia seguinte.

Entre tapas e beijos - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora