Implicâncias

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- Como soube que eu estava aqui?

- Vi seu reflexo na janela, gênia.

Merda.

- Mas você nem se mexeu, achei que não tivesse me visto.

- Isso é evidente.

- Está tentando me fazer te odiar ou algo assim? Porque vai conseguir.

Sarah não respondeu. Em silêncio, me deu as costas de novo e olhou pela janela.

- Por que faz isso?. -questionei.

- Isso o que?

- Fala coisas para me irritar e depois se fecha.

Ela continuou olhando pela janela.

- Acha que seria melhor se eu continuasse te irritando? Estou tentando controlar a raiva, Juliette. Devia ficar satisfeita. Sei quando devo parar... ao contrário de algumas pessoas.

- Será que pode pelo menos olhar para mim enquanto fala?

Ela se virou, caminhou lentamente em minha direção e aproximou o rosto do meu. Quando falou, senti as palavras em meus lábios.

- Assim é melhor? Prefere que eu fale na sua cara, desse jeito?

Dava para sentir seu hálito. Meu corpo todo enfraqueceu com o contato próximo, e eu recuei.

- Eu sabia que não ia gostar. - resmungou.

Abri a geladeira e fingi procurar alguma coisa. Era irritante pensar que minhas manhãs tranquilas haviam ficado para trás.

- Você sempre acorda assim tão cedo?. - perguntei.

- Sou uma pessoa matinal.

- Dá para ver.. tão animada e alegre - comentei com sarcasmo.- Mas tem gente que precisa dormir.

- Eu dormi bem.

- Ah, eu sei... depois de me traumatizar. Deve ter desmaiado. depois de todo aquele esforço. Vocês não foram ruins o suficiente.

- Ah, desculpa. Se não posso trepar na minha própria casa, onde espera que eu faça isso?

- Não disse que não pode. Só pedi para ter um pouco mais de respeito!

- Defina respeito.

- Faça em silêncio.

- Desculpa, eu não trepo em silêncio.

Por mais que tivesse odiado sua resposta, senti que aquelas palavras ecoariam em minha cabeça mais tarde.

- Esquece. É óbvio que você não sabe o que significa respeito.

- Respeitar você? Por quê? Por não estar transando? Por que não vai procurar um cara salgado no pier? Talvez pare de se preocupar tanto com a vida dos outros.

- Cara salgado?

- É, os caras que moram nos barcos... e vendem aquele peixe nojento que você comeu ontem à noite.

Balancei a cabeça e revirei os olhos, negando-me a dar uma resposta digna àquele comentário.

Ela me surpreendeu quando, de repente, levantou a jarra da cafeteira

- Quer café?

- Agora vai ser gentil?

- Não, só pensei que deve ter um motivo para você ainda estar aqui. Deve ser o café.

- Essa é minha cozinha.

Ela piscou.

- Nossa cozinha. - e pegou duas canecas no armário. - Como gosta do seu?

Entre tapas e beijos - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora