Cap.4 - Sofrimento

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02.03.2034

- Eu realmente sinto muito, meu menino - Elizabeth sempre foi a melhor em aconselha-lo em quaisquer momentos. Desde quando eram crianças e encontrava o pequeno garoto escondido no jardim após o rei ter lhe dado alguma bronca por seu comportamento, até quando se pegou no dilema da puberdade e não sabia o que estava acontecendo com seu corpo, das maiores futilidades aos mais delicados temas, sabia que ela estaria ali. - As notícias se espalharam rápido pelos reinos vizinhos e a população está agitada, desculpe não poder te dar mais atenção

O som ambiente no salão costumava ser relaxante alguns meses atrás...

- Não se preocupe, Liz. - Sorriu fechado, sem olha-la de fato. Sabia dos deveres da mais velha, afinal, ela era uma rainha. Por mais que fossem como família, seu povo estava em primeiro lugar na lista de prioridades, e não podia reclamar disso. O ditado "grandes escolhas trazem grandes responsabilidades" nunca fizera tanto sentido para si.- Vamos ter tempo, vou estar por aqui durante algumas semanas, sim?

 ...Agora, o rangido melancólico que os auto falantes traziam era um grande incômodo para o nipônico, quase como se aquela música fosse uma marcha fúnebre, o deixando pesado e pensativo; Naquele momento, os pensamentos significavam sofrimento, e sofrer era a última coisa que queria focar em fazer. 

- Claro, só me sinto mal por não poder te abraçar por mais alguns minutos. - A morena sorriu triste deixando um carinho singelo no rosto de seu protegido, se condenando por ter que ir para uma reunião naquele mesmo momento.

- Pode me abraçar mais depois que cumprir suas tarefas de rainha. - Zombou lhe dando a língua.

Até mesmo gargalhar era estranho naquele momento, não se sentia bem quando sorria, sentia culpa. Fechou a expressão mais uma vez vendo a monarca partir sendo seguida por Trice e Arthur, o deixando ali outra vez, sozinho... Ou não tão sozinho  assim. Desviou os olhos furtivamente acima do ombro e fitou o grandalhão parado feito pedra atrás de si.

Ótimo, é claro que ainda teria que lidar com um solado teimoso e insensível. Estava sendo castigado pela vida! 

- Ei, onde vai?

 Começou a ser seguido a partir do momento em que tentou - sem sucesso - sair do salão rapidamente, torcendo para Kaiser estar distraído e focado em qualquer outra coisa que não ele, para assim fugir de vista.

- Quarto, estou indo para o quarto tomar um banho e relaxar, saldado. - Respondeu seco. O moreno revirou os olhos e o alcançou sem dificuldade, tomando o ritmo para caminhar ao lado do príncipe.

- Não tente fugir de mim, alteza - Sorriu sarcástico, totalmente sem gosto ou humor, ainda tinha vontade de socar o rosto bonito do mais jovem, talvez desse tempo dos possíveis hematomas sumirem antes que voltassem para Anchie e ele daria a desculpa de que tinha um inseto na testa do japonês... não era uma má ideia. - Facilite meu trabalho.

- Fugir de você é o que eu mais quero, acredite.

- Eu acredito, não se esforce.

 Como era linguarudo, estúpido! Se pudesse, Joui mandaria cortar sua língua fora, apenas para não precisar mais ouvir o tom irônico e sagaz na voz rouca e densa do mais alto.
Trocar ameaças silenciosas já havia virado um hábito, assim tão rápido?

 Chegaram no aposento separado para o Jouki pouco tempo depois, e logo que a porta se abriu a nostalgia invadiu as memórias do jovem, lhe trazendo também os olhos marejados ao encontrar a decoração composta por tons claros e detalhes esculpidos... havia sido decorado por sua mãe, na última vez que passaram as férias em Tenebra.

O Príncipe e o Guerreiro - Joesar Au Onde histórias criam vida. Descubra agora