Cap.5 - Momento

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03.03.2034

 Os olhos se abriram com dificuldade por conta do clarão que invadiu sua visão. Mal sabia onde estava e como tinha ido parar numa maca da área hospitalar, porém os sons dos aparelhos conectados a si o deixaram um tanto confuso, até mesmo amedrontado.

Havia sofrido um acidente? Ataque? O que era tão grave a ponto de precisarem fura-lo com aquelas agulhas... Odiava agulhas.

Desviou o olhar ao redor encontrando a sala vazia de cores claras e levemente esverdeadas. Também odiava hospitais.

- Olá? - Tentou chamar alto, porém a voz rouca o deixou na mão saindo mais como um rangido seco que realmente como uma palavra. - Aí droga...

- Alteza? - A voz familiar soou de fora do quarto; Joui bufou fechando os olhos. Sim, ele iria mesmo fingir estar dormindo para não dirigir nenhuma palavra ao soldado. - Jurei ter ouvido algo. - Ouviu a porta de entrada abrindo minimamente e precisou se esforçar pra não apertar os olhos. - Estou ficando louco...

"Pois bem que deveria" pensou sozinho, automaticamente. Sentia uma estranha necessidade de apenas retrucar qualquer frase que outrem proferia, como uma criança birrenta. A porta voltou a ser fechada fazendo os músculos do mais jovem relaxarem e os olhos voltarem a fitar o teto. Se esforçou para senta-se na cama, reclamando através de grunhidos insatisfeitos as leves dores que sentiu, possivelmente por ter passado muito tempo na mesma posição. Mal sabia quantas horas havia permanecido ali, mas aos poucos o peito apertava por se lembrar do motivo.

- Vamos lá, Joui... Não é hora de entrar em pânico - Brigou com seu próprio sentimento. - Você pode passar por isso...

- Sabia que estava acordando...

- AH! MAS QUE... Você quer que eu tenha uma parada cardíaca?

Kaiser se encontrava de pé atrás de si, estava até o momento num dos cantos do quarto, esperando o nipônico se entregar, já que notou claramente a má atuação do outro.
Joui apertou a mão sob o próprio peito na tentativa de controlar seus batimentos acelerados, se segurando agora para não jogar qualquer objeto que visse livre contra o moreno.

- Quanto escândalo, alteza. - Riu baixo dando a volta para parar a frente do jovem, o ajudando a desligar os aparelhos que não estavam conectados por agulhas.

- Posso fazer isso sozinho... - Murmurou um tanto acanhado. Kaiser era realmente grande perto de si, um pouco intimidador por mais que não quisesse admitir, até mesmo se condenou em pensamento por se encolher.

- Não lembro de ter te pedido permissão. - O ignorou e continuou o processo, ajeitando as roupas mais confortáveis que haviam colocado no mais baixo e o ajudando a ficar se pé. Achava um pouco engraçado as expressões irritadiças do jovem, se demorando um pouco em suas ações apenas para atiçá-lo.

- Tá, tá! Já chega, para de tocar! - Desvencilhou-se dos braços gigantes não esperando para se dirigir à porta, arrastando o suporte de soro que ainda estava conectado a sua veia sem cuidado algum. Teimoso como seus ascendentes, realmente um problema vindo de gerações.

- Você precisa tomar cuidado, acabou de acordar de muitas horas de sono e ainda tá com essa coisa.... grudada no teu braço e vai sair andando por aí? 

 Kaiser cruzou os braços encostando o corpo numa das paredes, apenas acompanhando o jovem obstinado se arrastando para fora.

- Você precisa cuidar da sua vida, não lembro de ter te pedido permissão. - Retrucou faceiro fazendo questão de virar minimamente para encarar o guarda, até mesmo largando sem querer um sorriso pequeno, saindo do quarto por fim.

O Príncipe e o Guerreiro - Joesar Au Onde histórias criam vida. Descubra agora