25.03.2034
Joui estava sentado em meio ao grande jardim de Tenebra, cercado pelas flores que sua mãe tanto amava. As camélias, em particular, evocavam memórias dolorosas e preciosas. Ele estendeu a mão e tocou suavemente uma das flores vermelhas, sentindo uma pontada de tristeza e a saudade que se recusava a se desgarrar de seu corpo. O sol da manhã iluminava o jardim, mas para ele, tudo parecia envolto em uma névoa melancólica demais. O ar quase parecia começar a fica rarefeito quando seus pensamentos resolviam engoli-lo.
Ouviu uma leve movimentação se aproximando, o arrancando de seu próprio mundo. Liz pareceu, surgindo lentamente pelo caminho de pedra. Ela observou Joui em silêncio por um momento antes de se aproximar.
— Joe, como você está? — Perguntou, a voz suave e preocupada. Se sentou ao lado do príncipe no banco de pedra e adornos escuros, não demorando para levar a mão até cabelos escuros, na tentativa de passar algum conforto.
Ele suspirou, sem desviar os olhos das camélias. Elas sacudiam, indo e vindo, acompanhando a brisa do final de tarde.
— Estou tentando me manter forte, Liz. Mas é difícil, sabe? Eu olho pras flores, os quadros... elas me lembram tanto dela. Tudo me lembra ela. Tudo isso que tá acontecendo, meu pai e os pesadelos. Eu mal consigo respirar, é coisa demais.
Elizabeth assentiu, o puxou de leve para que ele se apoiasse em seu ombro. O infante não demonstrou resistência. Tudo o que ele precisava era de um reconforto paternal.
— Sua mãe era uma mulher maravilhosa, criança. E essas flores eram o reflexo de sua beleza e força, então olhe pra elas como um lembrete disso. Sei que a perda ainda é recente e dolorosa e mesmo que todos nós tivéssemos um carinho especial, nunca vamos poder sentir um terço do que você sente agora... Mas precisamos manter a esperança, Joui. Por ela e pelo futuro do reino, pelo nosso futuro e pelo povo. Tem tanta gente contando com a gente.
Assentiu, sentindo uma lágrima escorrer pelo rosto. Ele rapidamente a enxugou, tentando recuperar a compostura, mas não saindo do meio abraço em que a rainha o enfiou. Ele adorava os abraços de Liz... era o mais próximo de família que ele podia sentir agora.
— Eu sei, Liz-senpai. Só... às vezes parece impossível seguir em frente. Pra onde eu olho, todos parecem estar desconfiados, e com razão! Mas me sinto impotente estando tão perdido. Nós não temos noção do que tá acontecendo nos outros reinos, nem ao menos no nosso próprio reino!
A morena o afastou levemente, vendo que ele não conseguia mais impedir as lágrimas desesperadas de inundarem seu rosto. Ela se culpava em silêncio por não poder ajudar com mais do que consolo e amor, queria arrancar a dor dele.
— Você sabe que eu não falado nada da boca fora, meu garoto, e sabe como acredito na sua força... Já passou por tanta coisa até agora, Jo... E não está sozinho. Todos nós estamos aqui para te apoiar, eu tô aqui, o Arthur, Dante e o Thiago... Até mesmo Kaiser, e eu sei o quanto vocês se aproximaram nas últimas semanas.
O japones forçou um sorriso, apreciando o conforto. Ele não podia negar, por mais que quisesse - e muito -, Kaiser agora tinha virado uma das pessoas que mais o tranquilizavam, mesmo que ainda morresse de vergonha toda vez que lembrava dos momentos que tiveram, tão inesperadamente.
Eles estavam próximos como nunca. Os olhares, antes evitados ou trocados com fúria e desdém, agora tão intencionais e afetuosos. A forma como sempre buscava fugir do guarda, e agora sempre buscando motivos para estarem juntos... Ah, droga.
Após alguns minutos de silêncio compartilhado, a monarca precisou se retirar para cumprir seus deveres, mais um das milhares reuniões de estratégia para tentar definir qualquer coisa, já que os ataques continuavam em recessão, mas o clima ainda estava pesado. Deixou o Jouki sozinho novamente com seus pensamentos, não antes de encher sua cabeça de beijos e faze-lo soltar algumas gargalhadas por conta de cócegas.
Não teve tempo para voltar a seu redemoinho de destruição, já que Kaiser apareceu no jardim. Como sempre, como um rabo, grudado a si. Ele também observou Joui por um momento antes de se aproximar, vendo o rosto vermelho e levemente inchado pelo choro.
— Joui. — chamou suavemente.
O príncipe levantou os olhos. Ele deu um sorriso tímido e acenou, esfregando as mãos no rosto e no cabelo, respirando fundo.
— Kaiser. O que te traz aqui? - Brincou.
O guerreiro deu de ombros, rindo da ironia e sentando-se ao lado.
— Talvez seja meu trabalho. Mas... Talvez eu quisesse ver como você estava, vi o rei saindo e o seu rostinho todo molhado. Parece que está perdido em pensamentos.
Ele suspirou, olhando novamente para as camélias.
— Só... lembranças e tudo isso que você já sabe. Mas acho que falar um pouquinho sobre ajudou a aliviar um pouco. Liz é muito bom em passar conforto, quando ela quer...
Kaiser assentiu, os olhos escuros suavizando.
— Vocês são bem próximos, né?
O moreno assentiu, sorrindo um pouco bobo. Ele tinha sorte de ter Elizabeth ali pra ele.
- Ela é o mais próximo que eu tenho de uma melhor amiga ou figura materna, desde muito novo. Ele minha mãe eram muito amigas também, é como uma madrinha, se eu for definir. Ela me defendia muito do meu pai quando eu era mais novo, e a gente brincava demais antes dela virar rainha, vivíamos juntos.
Alguns poucos minutos de silêncio se passaram. O guarda não sabia como, mas também buscava qualquer forma de arrancar no mínimo alguns sorrisos do mais novo.
— Sabe, eu lembro da primeira vez que nos vimos. Você parecia tão arrogante e insuportável.
Joui chiou, um som genuíno e indignado, mas acabou rindo, empurrando de leve o ombro alheio.
— E você parecia um brutamontes arrogante e sem coração, se quer saber, soldado.
Ele se xingou mentalmente por estar gostando tanto de ouvir a risada da ''muralha humana''. Ele tinha um sorriso lindo, além daquele rosto bonito que o fazia ter vontade de socá-lo.
— Primeiras impressões são enganadoras, não é? - Respondeu, rindo baixinho.
Eles trocaram olhares, uma conexão silenciosa crescendo entre eles, como sempre acontecia. Joui sentiu seu coração acelerar e, sem pensar muito, estendeu a mão em direção a perna do soldado. Kaiser a pegou sem hesitar, seus dedos entrelaçando-se naturalmente.
— Precisamos conversar sobre tudo isso, Joui — A voz era baixa e séria, um tanto preocupada. — Mas não agora, tudo bem? Sei que sua mente não deve estar bem pra entrarmos nisso. Só quero que saiba que estou aqui, sim?
O Jouki assentiu, sentindo uma onda de calor e segurança ao segurar a mão. A apertava como se ele fosse sumir a qualquer momento, como se tudo fosse desmoronar e ele fosse a única coisa que o segurasse ali.
— Eu sei. E eu também estou aqui para você, Kaiser. Sei que não começamos nada bem - Expirou uma risada fraca. - e que acabamos aqui nessa situação por acaso... Mas também estou aqui.
O soldado sorriu fechado, o olhando no fundo dos olhos. Não se segurou em roubar um beijo calmo. Merda... estava viciado naquela boca. Na textura, no sabor, em como ele sorria e entrelaçava os dedos em seus cabelos, puxando de leve. Estava viciado em lembrar de como o trocou a alguns dias atrás. Era uma das drogas mais fortes que poderia se viciar.
Ele era como uma pausa tranquila e necessária na tempestade que os cercava.
°°°
Então.... Vou terminar.🙃🙃😝
Queria falar que tô fazendo isso porque minha amizade Blue_Lightz, pediu pra fazer uma adaptação desse meu xodó e está me ajudando a desenvolver os últimos capítulos de O Príncipe e o Guerreiro <# Te adoro Blu, você é muito queride muac.
Inclusive, se você que está aqui desde os tempos das cavernas e quer ver o final dessa fic pré-histórica, você pode ir lá no perfil de Blue e ler a versão adaptada, (pra quem gosta de k-pop(gente descobri uma bolha mt específica de fãs de kpop e rpg achei incrível) e de stray kids (como eu hihihih)) pra dar uma força pra elu <3
É isso, galeros. Meio que voltei pra oPeoG. Me recuso a não termina-la.
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O Príncipe e o Guerreiro - Joesar Au
FanfictionJoui, o príncipe ardiloso, corre risco de vida quando o reino de seus pais é atacado por um grupo rebelde. Dessa forma, para garantir o futuro do reino, Kaiser, um experiente guerreiro é contratado para protegê-lo. Eles não se suportam, o jeito mesq...