Cap.9 - Confusão

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 21.03.2034

𝑅𝑒𝒾𝓃𝑜 𝒹𝑒 𝒜𝓃𝒸𝒽𝒾𝑒

 Já passava das cinco da manhã quando o carro estacionou em frente aos portões pesados e adornados de vermelho carmesim do palácio dos Jouki.
Arthur mantinha os olhos atentos nos guardas de uniforme carvão que estavam em vigília, conhecia bem o significado daquela cor: Segurança máxima. Possivelmente tinham sofrido um ataque recente.

- Vou tentar abrir passagem, um momento. - Avisou o resto da equipe e saiu do carro, caminhando rápido ao primeiro guarda que o cumprimentou com um leve aceno de cabeça. - Gonzales!

- Conselheiro, fico feliz em vê-lo... Vivo. - Coçou a garganta. Era visível seu incômodo, quase beirando ao medo, que se escondia em seus olhos cansados. - O que te trás aqui?

- Estamos tentando entrar contato com rei a semanas. Nenhum sinal dele, nem dos demais reinos da margem...

O guarda pareceu hesitar antes de dar qualquer continuidade. Arthur estranhou. Já conhecia o homem de alguns anos, um colega na época da guerra, e reconhecia bem quando estava evitando contar algo.

- O rei...

- Ele não morreu, não é? - A voz falhou por um estante.

- Não! Não, ele está bem vivo! Mas... - Gonzales engoliu seco e desviou o olhar. Com certeza algo estava errado, ou no mínimo estranho por ali.

Reis desaparecidos, mensagens não respondidas, ataques cessados e nenhuma ligação aparente entre esse fatos... Era como se o problema estivesse embaixo dos olhos, mas que algo tapasse sua visão, o obrigando a dar voltas e mais voltas em busca de sentido.

- Mas?

- Ele não dá as caras a alguns dias. No começo parecia tudo certo, ele montou um plano junto ao general Christopher para a proteção das fronteiras e do castelo, mas parece que a cada dia passava mais tempo trancado no quarto. Em um momento, talvez a uma semana, ele simplesmente não saiu e só responde perguntar básicas e recebe comida de uma das criadas. - Cochichou como se fosse o segredo mais precioso que já contou a alguém. Estava falando do rei, afinal.

- Suspeito. Certo, você pode liberar nossa passagem? Posso tentar falar com ele. Você sabe, Joui também está preocupado. - Sorriu fechado, gentil como costume. 

O soldado deu de ombros e chamou atenção do colega, indicando a porta e logo em seguida o baixinho a sua frente. Não demorou muito para que fossem revistados - métodos de segurança estipulados pelo rei - e colocados para dentro dos portões, que foram trancafiados no instante seguinte.

- Não fala dessa conversa com ninguém Arthur, mas... Acho que Riki está ficando paranóico, não parecia bater bem da cabeça da última vez que o trombei em um dos corredores. - Disse ainda mais baixo antes que se despedisse. - Fala coisas sobre estarem traindo ele, e que ninguém acabaria com seu reino, e tem aquela cara abarrotada de quem tá endoidando.

O Cervero não pode deixar de sentir um frio correr sua espinha, mas riu baixo pela forma espontânea do colega.

- Não se preocupa, amigo, o rei nunca bateu muito bem da cabeça mesmo. - Piscou, na intenção de tirar um pouco a tensão pesada que se instalava a cada passo.

O castelo parecia terrivelmente silencioso e vazio. Aquela grandiosidade de mármore bronze, moldes dourados e tapeçarias vermelhas estava com uma aparência fria e triste, quase com um aspecto de pré-abandono.

- Caraca, da última vez que vim aqui esse lugar não estava caindo aos pedaços. - Erin comentou. Passeava as orbes arregaladas pelos corredores. A surpresa fora grande, já que em sua memória de quase quatro anos atrás, o palácio era um dos locais mais belos que já havia visitado.

O Príncipe e o Guerreiro - Joesar Au Onde histórias criam vida. Descubra agora