༆ XXVII

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tô respostando o capítulo de ontem com algumas alterações, leiam as notas finais é importante

Terminei de afivelar a adaga em minha coxa e prender as lâminas gêmeas nas costas. O traje de couro preto com verde reluzindo sob a luz amarelada das tochas. Olhei para Shelly que estava cabisbaixo deitado na cama. Ele estava assim desde que eu dissera que iria embora, mas eu vou levar ele junto. Não sabia por quanto tempo havia ficado preso, mas não queria lhe deixar sozinho de novo.

Hoje faziam exatos 30 dias desde minha partida, sabia que em nenhum momento as buscas por mim cessaram. Os ataques haviam diminuído, mas todos ainda estavam em alerta. A última semana foi reservada apenas para mim e quem eu sou. Quem eu quero ser. E eu já havia tomado uma decisão.

Eu havia levado a "faxina" da sala do trono de Amarantha muito a sério e acabei mudando algumas coisas, como a tintura, as luzes, os tronos. O salão não parecia o mesmo, ficou tão diferente. Foi de último momento, quando decidi treinar nele e acabei quase quebrando três pilastras e uma parede — que em minha defesa já estava quebrada. Então, pode ser, que eu tenha roubado o livro de vulpes do bolsão de magia e usado ele para modificar algumas coisas.

Era estranho pensar que um local que até hoje causa pesadelos nas pessoas se tornou um santuário pessoal para mim. Não apaga as coisas que Amarantha fez ali, eu evitei os quartos principais por isso. Queria poder consertar aquela parte da história, nem que apenas uma parte dela. Se alguém entrasse agora na sala do trono encontraria apenas um enorme salão vazio com cores claras. Se tivesse mais tempo iria fazer o mesmo com os corredores.

Conforme eu e Shelly passávamos as tochas atrás de nós iam se apagando. Não ia diretamente para a corte Diurna, primeiro quero ver minha mãe e Nyara, então vou para as terras humanas. Segurei Shelly assim que saímos e atravessei em frente dos portões. Me surpreendi ao ver alguns guardas por ali, e eles também. Acho que não esperavam me ver tão cedo.

Nem eu achava que iria ser tão simples. Certas coisas se resolvem com o tempo, não adianta forçar. Os guardas abriram os portões para mim e eu me detive. A luz da lua iluminando seus rostos.

— Eles estão aí? — Não precisei citar nomes, provavelmente todos já sabiam o motivo pelo qual eu havia ido embora.

— Não, senhora. Apenas Jurian e Vassa. — Franzi o cenho. Para onde Lucien havia ido? Contive um grunhido.

— Levaram elas para a corte, não foi? — Perguntei frustrada. Shelly estava começando a ficar agitado, comecei a fazer carinho nele. Os sentinelas pareceram so agora notar a criatura comigo e ficaram pálidos.

— Na semana passada. — Respirei fundo e endireitei as costas. Iria ao menos trocar algumas palavras com Jurian antes de sair, devo a ele um pedido de desculpas.

— Podem ficar de olho nele pra mim? — Pedi mostrando o grande grifo ao meu lado. Shelly não estava nem um pouco a vontade ali e me arrependi de ter trazido o mesmo comigo. Os sentinelas assentiram rápido meio assustados e joguei um beijinho para Shelly antes de ir até a porta da fortaleza.

Tive que bater duas vezes até que alguém aparecesse. Me surpreendi ao ver uma ruiva com olhos azuis vibrantes, sua beleza mortal era encantadora. Vassa, a rainha mortal que sofria com uma maldição. Mas que não parecia estar sofrendo nada pelos cabelos assanhados e lábios inchados, o rubor de suas bochechas me fez sorrir minimamente.

— Olá, sou Alyn, a irmã do Lucien. Posso falar com Jurian? — Eu disse educadamente. O sorriso nervoso que ela deu me fez prender a ponta do lábio com os dentes. Olhando por cima do ombro ela respondeu:

A Court Of Fire and Shadows [comeback]Onde histórias criam vida. Descubra agora