Capítulo 5- ༄𝐶𝑎𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑃𝑒𝑑𝑟𝑎

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em meio a tantas turbulências, um momento feliz

abertura de nova casa e atualização

veio aí amores

117 anos atrás. Corte Outonal.

A pequena menininha ruiva se debruçou sobre o peitoril da janela. As grades impediam que pudesse cair ou fugir. Os grandes olhos azuis se arregalaram ao observar o pequeno ser que ultrapassava os limites das barras de ferro.

As asas da borboleta tingidas de laranja e listras pretas. A menininha pulou da janela, o sorriso banguela iluminando o rosto coberto de sujeira. O vestido uma vez branco oscilou sob a luz do sol que entrava pelas janelas.

— Renard, olha! — Disse com a voz doce e fina, apontado com o dedo fino para o inseto que agora pousava sobre o lençol da cama de feno.

Estou vendo, querida. — devolveu a raposa pelo laço que unia os dois. Os olhos atentos a cada movimento da pequena que corria atrás do inseto de asas bonitas. Poderia estar sorrindo se pudesse sorrir.

Os olhos da menina se arregalaram quando a borboleta pousou em seu braço. Os pequenos dedos coçando para tocá-la. Alyn nunca havia visto uma tão de perto que não estivesse morta. Renard levantou-se da cama e caminhou graciosamente até a menininha, as garras arranhando levemente o piso de pedra da cela.

— Ela é linda... — A doce voz da criança ecoou baixinho, como um sussurro do vento.

Sim, você tem razão. — A raposa respondeu, a voz amigável para se dirigir a Alyn. — Mas nem sempre ela foi assim.

— Como assim? — Perguntou baixinho, com medo de assustar a pequenina criatura que pousava em si.

Borboletas antes de se tornarem borboletas passam por diversas fases, provações, até que consigam se libertar do casulo e imergir com coloridas asas. — Explica, se deitando aos pés da menina. Alyn inclina a cabeça, pensando sobre as palavras do amigo.

— Então eu sou uma borboleta? — Renard a observou confuso, enquanto a ruivinha apenas franzia a testa em confusão.

Explique-me como. — A raposa pediu, e logo a menina tomou fôlego para explicar seus pensamentos. Ainda se acostumava a conversar com o animal e estranhava tal fato.

— Mamãe me disse que eu iria ter de ser forte, que eu enfrentaria coisas aqui e que acredita que um dia eu conseguiria sair e me tornar uma fêmea forte. — Tagarelou sem mover um músculo, a borboleta entretanto não se importou e levantou voo, em direção a janela. — Ei!

Sua linha de raciocínio é impressionante, devo admitir. — Renard enviou-lhe enquanto a menina corria novamente para a janela, por onde inseto se ia novamente. Os raios de sol iluminando os cabelos de Alyn assim como ilumina a floresta. Vermelho e dourado como rubis e ouro. A folhagem do Outono. As penas de um pássaro vermelho que cruza os céus. O por do sol quando o dia se encerra.

Os cabelos de uma criança que perderia aquela inocência infantil. Alyn talvez se tornasse algo pior que os irmãos e o pai. Poderia se tornar o monstro que eles criaram, e então um dia matá-los por todo o sofrimento que lhe impuseram. Mas Renard não acreditava nisso. Olhando para aquela menina observando da janela a borboleta se afastando enfim percebeu qual de fato era sua missão.

Deveria proteger aquela inocência. Proteger o último suspiro de bondade daquele lugar. Ele sabia que ela estava destinada a ser grande. Destinada a lutar pelo seu povo. E Renard ficaria ao seu lado até lá.

A Court Of Fire and Shadows [comeback]Onde histórias criam vida. Descubra agora