- Repita o que disse?
- Meu Príncipe... foi confirmado que... o Imperador... faleceu...
Diante das palavras tremulas do mensageiro, todos no salão da mansão do Príncipe Herdeiro ficaram em silêncio, chocados com a notícia já esperada. Já fazia alguns meses que a fraqueza da idade tinha alcançado aquele que tinha unificado os povos nômades das Terras Vermelhas e sua morte já era esperada.
O Príncipe Herdeiro cruzou os dedos e apoiou a cabeça sobre eles, olhando para o homem tremulo que tinha entregado a notícia. Outros mensageiros deveriam estar indo até os outros Príncipes e Princesas na cidade. Convocando todos eles para se despedir do velho e jurarem lealdade ao novo Imperador. Aquele que seria ele.
Apesar da tristeza pela morte de seu pai, o Príncipe Herdeiro estava bem eufórico por dentro, sabendo que finalmente o dia de sua coroação tinha chegado. Ele finalmente estaria no comando do Primeiro Império da Humanidade e poderia começar de onde seu pai parou, indo além das Nove Províncias. Se seu pai tinha sido o Unificador, então ele seria o Desbravador, indo muito além do que eles consideravam as zonas seguras.
- Crauli, quais de meus Irmãos e Irmãs estão presentes na cidade?
- O Terceiro e Sexto Príncipe, meu Senhor, assim como a Sétima Princesa – um homem pequeno de pele bem avermelhada e olhos pequenos, usando roupas leves alaranjadas, respondeu respeitosamente.
- Onde está minha Segunda Irmã?
- A Segunda Princesa está liderando nossas forças contra uma Tribo de Canibais ao sul.
Um sorriso se formou brevemente no rosto do Príncipe Herdeiro. De todos os seus irmãos e irmãs, era sua Segunda Irmã quem mais lhe preocupava. Apesar de muitos deles terem se juntado em algum momento da vida ao exército, era ela quem continuava em um posto elevado, liderando muito dos soldados. Uma ameaça a seu lugar como Imperador que precisaria ser devidamente lidada.
- Esmah, reúna minha guarda, irei até o castelo para me despedir de meu pai. – Ele fez uma pausa, respirando fundo para colocar os pensamentos no lugar. – Crauli, reúno meus apoiadores e se preparem para o que está por vim. É hora de tomar as rédeas desse Império das mãos do Conselho que assumiu durante a enfermidade de meu pai.
Os homens e mulheres no salão se curvaram respeitosamente, enquanto um homem magro, Esmah, saía correndo para convocar a guarda do Príncipe. Minutos depois, dez homens armados estavam esperando pelo futuro Imperador no portão da Mansão. Eles trajavam armaduras de couro, com blindagem nos peitos, costas, punhos e pernas feitas com exoesqueleto de Scabaram, os gigantescos escorpiões das Terras Vermelhas. Todos portavam lanças feitas de ossos de Tiranos, de lâminas devidamente tratadas e afiadas. Presos em seus cintos estavam sabres pesados, feitos do mesmo material.
O Príncipe Herdeiro se despediu de seus seguidores e seguiu flanqueado pelos dez guardas. Cinco de cada lado dele. Ainda era cedo, o sol ainda estava começando a brilhar no céu e a vida ainda não tinha começado na cidade. Pelo menos não ali onde a realeza e a nobreza viviam.
Conforme atravessava as ruas, o Príncipe Herdeiro conseguia ver o castelo no horizonte, a gigantesca e majestosa residência do Imperador. Ele mal podia esperar para se mudar devidamente para lá e fazer as mudanças que tinha em mente. Talvez fosse sentir falta de sua mansão, mas era um preço mínimo a se pagar pelo poder.
O som das cordas dos arcos estalando trouxe sua consciência de volta para a realidade conforme as flechas caíam sobre ele e seus guardas. Cinco deles foram derrubados enquanto o resto, feridos, cercava o Príncipe Herdeiro, que tinha sido atingido no ombro.
Homens e mulheres usando trajes negros, de rosto velado, saltaram sobre ele e seus guardas. Um combate feroz estourou enquanto as armas se chocavam, mais três guardas caíram sem vida, mas pelo menos dez dos atacantes estavam no chão agora. O Príncipe e seus últimos dois guardas estavam encurralados contra a parede, cinco atacantes armadas diante deles e pelo menos mais dez sobre os telhados das casas em volta.
Nenhuma palavra foi dita, nenhuma resposta para as exigências e ameaças do Príncipe. As flechas foram lançadas mais uma vez, encerrando a resistência dele e de seus guardas e os cinco velados armados se adiantaram para garantir que o trabalho tinha sido feito antes de desaparecer nas sombras, levando os corpos dos companheiros caídos.
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Contos das Terras Vermelhas
Historia CortaColetânea de Contos de um mundo destruído. Um mundo vermelho sangue, um mundo seco em constante evolução. Um mundo de pessoas perseverantes, um mundo de terrores, um mundo de violência, mas ainda assim um mundo de esperanças.