05 - Estranha

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Eu não percebi que o tempo passava, quando me dei conta, eu estava sozinha no meio do nada. Meu corpo ainda doía, o calor havia diminuído, já que eu criei um lago onde eu estava mais cedo.

Tentei usar minha habilidade pra que eu me teletransportasse diretamente até a casa de Sheila, para assim tentar introduzir ela em seu poder. Não funcionou. Então eu não podia estender o meu poder tanto assim. Seria melhor que eu seguisse para casa, mas ainda não tinha um meio de locomoção.

Imaginei um carro, e um carro surgiu, mas eu não sabia dirigir, tentei imaginar um avião, uma bicicleta, mas nenhum desses eu sabia controlar. Então, com meu poder eu tentei criar uma ave que eu pudesse controlar com o poder de minha mente. Veio voando no horizonte um pequeno pássaro, á medida que se aproximava ia ficando maior, seus olhos amarelos contrastavam com as penas perfeitamente negras, assustador.

Chegando a um metro de mim, aquela ave tinha o tamanho de um ônibus. Mas não tinha uma sela, nem nada que eu pudesse me segurar, pensei em imaginar uma, mas eu não teria como prender a sela nele. Ele era enorme. Eu subir me segurando em suas penas e me prendi ali. Desejei que ele me levasse até em casa, ele alçou vôo e partiu.

O vento que batia em meu rosto era muito frio, naquela altura eu poderia estar sendo congelada com a baixa temperatura dos altos montes de neve que ele cruzava, mas essa nova pele imortal me ajudava a tornar aquilo suportável. O corvo fazia questão de mergulhar dentro de um lago ou rio sempre que via um, eu tinha que me segurar com toda a minha força – que aparentemente não tinha aumentado nem um pouco.

Algum tempo depois, estávamos diante de minha casa. Os moradores do bairro olhavam em nossa direção, mas não comentavam e nem nos cumprimentavam. Eles nos olhavam como se o que estavam vendo fosse esquisito, mas normal, como se sempre estivesse ali. O corvo desceu batendo suas asas tão forte que derrubou parte de um cercado que eu tinha em frente á minha casa para impedir que cães entrassem em nosso quintal.

O corvo abaixou a cabeça formando um tipo de escada até o solo.

Desci, e quando meus pés tocaram o chão o corvo se transformou em um colar com o pingente negro e o cordão prateado.

***

Minha mãe estava em cara me esperando no sofá, ansiosa para saber o resultado do teste que eu tive mais cedo. Eu pequei o desenho de Kronus e coloquei em uma mesa que ficava ao lado direito da porta. A aparência de minha mãe estava normal, como sempre fora. Cabelos dourado cortado na altura dos ombros e olhos azuis. Sem marca no pescoço.

— Como foi o teste, quero saber de tudo.

O tom da voz dela estava muito diferente, ela falava como uma adolescente e pulava no sofá, abraçada ao travesseiro. Eu pensei que poderia mesmo contar tudo para ela. Eu sorri.

— Deu tudo certo mãe. Kronus é um jovem muito legal, lindo e divertido. Ele fez diversas perguntas e

Minha mãe me interrompeu.

— Você não está começando a se apaixonar por ele não, está, Charl? — perguntou ela.

— Sim, eu acho. Um pouco.

O clima de animação que eu estava diminuiu drasticamente diante daquela situação.

— Não faça isso filha. É para o seu próprio bem. Ele não é desse mundo.

— Eu já posso decidir o que faz bem para mim ou não. — falei em tom rebelde.

Os olhos de minha mãe encheram de lágrimas, eu fui até o sofá e sentei ao lado dela.

— Não quero falar disso mãe, me desculpa.

— Tudo bem, filha.

— Vamos falar de outra coisa. Como era o teste no seu tempo?

A Ordem Secreta - Histórias de Uma DeusaOnde histórias criam vida. Descubra agora